terça-feira, 28 de abril de 2015

Carta aberta a um camarada ou amigo, se é que eles ainda existem!


1. - Sent: Friday, January 28, 2005 1:59 AM
Subject: Carta aberta a um camarada ou amigo, se é que eles ainda existem!


Viva

É bom termos amigos, amigos em quem possamos descansar, amigos límpidos e cristalinos, que se não escondam por detrás do cinismo ou de óculos escuros e de múltiplas cautelas, espelhos e jogos. É bom
ter quem dê côr à nossa vida, especialmente quando ela está triste,fria e cinzenta ou qd tudo à nossa volta deixou de fazer sentido.

Mas nós teremos da amizade e da camaradagem conceitos diferentes,pertencemos alguns de nós a mundos diferentes e eu, eu já não tenho a generosidade e a prestimosidade de outrora. Tudo isso está enterrado pelo cinismo e pelo salve-se quem poder que me rodeiam. Mas tu não entenderás isso e talvez te fiques pela superfície, pelo silêncio, pela espuma das coisas porque haverá outros interesses mais altos para ti. O tempo da solidariedade, da camaradagem franca e sincera, do respeito pelo outro, passou e com ele o meu tempo.
A isto, tu talvez nada respondas.
O que dói, não são os ataques de quem sabemos nossos inimigos, dos que estão do lado da injustiça, a mentira, da opressão, do desprezo pelas pessoas e de quem trabalha. O que dói deveras é a traição dos que pensávamos que caminhavam ao nosso lado, do mesmo lado da barricada, mas que afinal já se passaram para o outro lado mesmo que finjam com palavras grandiloquentes e atitudes de fachada, lutarem e quererem outro mundo. Mas isso demonstra-se ou nega-se no dia a dia. E o que se vê no dia a dia que me rodeia é o calculismo, o medo, a subserviência
...

Até amanhã, camarada, amigo/a e companheiro/a ou não, se é que para amanhã ainda há a esperança dum outro dia e dum novo mundo a construir. Mas se já deixei de acreditar na bondade destes/as, como
acreditarei na dos/as outros/as?

--
Victor Nogueira
Portugal - Setúbal

MORAL da História - Felizes são os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus, enquanto outros na Terra vão fazendo pela vidinha!

2-. - Francamente!
Enfiaste o barrete? Os/as camaradas e amigos/as a quem enviei o texto são alguns dos que me merecem consideração. O escrito não foi destinado a criticar qualquer deles, tu incluído Se te picaste, o problema não é meu. Quanto ao meu trabalho e às palavras cara-a-cara, sem caralhices à mistura, não me parece que tenhas razões de queixa.Quanto à minha modesta frontalidade e à minha maneira de estar na vida, mesmo que temperadas com peso, conta e medida, têm-me saído caras e custado muitos «saneamentos» e «prateleiras» depois do 25 de Abril. A maioria por obra e graça do PS [...] No trabalho e fora dele.Sabes o que são 18 anos seguidos de prateleira na profissão?
Saudações e não te enerves. Victor Nogueira

terça-feira, 14 de abril de 2015

Está Penélope ausente

* Victor Nogueira

Está Penélope ausente
em roda viva
e a ruína não pressente

Abandonada a teia;
em areia se desfaz.
sem nós a voz

É o coração atroz.

De palavras vãs
se branqueiam as cãs.


2015.05.14 - setúbal