quarta-feira, 22 de agosto de 2007

CANTIGA DE AMIGO COITA DE AMOR



 

  • Victor Nogueira

 

Que novas, Senhor, de nós me dais
Que tão apartado e desencontrado
de mim andais?
Ah! Em vós está meu pensar
Ay e hu é?
Quando descoloridos ao madrugar
meus lábios por vós chamam
meu amigo, meu amor!
Ay e hu é?
Onde morais, Senhor, e
que é de vosso nome?
Ay e hu é?
Moro onde me leva o vento, nas asas de uma cegonha.
Quem tal viu, Senhor, o vento numa cegonha?
E o vosso nome, quem o sabe, meu Senhor de mim?
É sem nome meu nome, inté que o achareis por fim!
Ay e hu é?
Que novas me dais, Senhor,
Que tão velho é nosso pen (s) ar?
Que novas me dais, Senhora?
Que novas Senhor?
QUE NOVAS?

QUE NOVAS?
Que novas?

Que novas?
Ay ual, flor de verde piño
_______________________
Ay e hu é? - ai, onde está?
Ay, ual - ai, valei-me
coita - mortificação, pena, mágoa

 

1986.05.12
Setúbal

2 comentários:

  1. Bela, muito bela esta cantiga de Amigo/Amor ...
    Feita por quem sabe disso obviamente, a todos os níveis, e não importando a época em que foi feita.
    Na repetição da pergunta, a ansiedade à procura da certeza e a preocupação de o não demonstrar abertamente...(no meu entender).

    Mesmo dizendo muito, quanta coisa se cala!...

    bj

    Maria Mamede

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  2. Olá Amigo,

    Adorei o poema.
    E, porque apesar de sedentária, contrariamente aqueles que, frequentemente, deambulam por vários países e/ou cidades, reconheço para mim uma frase especial:
    "(...) Moro onde me leva o vento, nas asas de uma cegonha".

    É o meu espírito livre a voar e o inconformismo a trabalhar...

    Beijo para ti.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)