terça-feira, 7 de agosto de 2007

A MINHA CIDADE


A minha Cidade não se chama Lisboa
não tem cheiro a sul
nem por ela passa o Tejo
mas como ela, tem Nascentes
leitosos e marmóreos...
na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar
e só ela tem a luz do entardecer
a enfeitar o granito,,,
na minha cidade, tal como em Lisboa
há gaivotas e maresia
mas não há cacilheiros no rio
há rabelos
transportando nectar e almas...
da minha cidade nasce o Norte
alcantilado, insubmisso
e o sol, quando chega, penetra-a
delicadamente, carinhosamente
depois de vencido o nevoeiro...
na minha cidade também há pregões
gatos, pombas, castanhas assadas e iscas
e fado pelas vielas, pendurado com molas,
como roupa a secar nos arames...
a minha cidade tem também tardes languescentes
coretos nas praças
velhos jogando cartas em mesas de jardim
e o revivalismo de viúvas e solteironas
passeando de eléctrico...
é bem verdade que na minha cidade
a luz, não é como a de Lisboa
mas a luz da minha cidade
é um frémito de amor do astro-rei
a beijá-la na fronte, cada manhã!...
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Maria Mamede
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Foto de Nuno Oliveira
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in http://www.brodyaga.com/pages/w_europe.php

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)