quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Deambulando por Lisboa (13)

* Victor Nogueira
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Martim Moniz, Almirante Reis e Areeiro
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Nunca apreciei muito esta zona da Almirante Reis/Areeiro, embora para aqui viesse muitas vezes ao cinema Império e ao Estúdio, entretanto transformado em templo da Igreja do Reino de Deus, para além das sessões do Cine Clube Universitário, numa sala encerrada cujo nome me não ocorre. Nunca achei muita piada à nudez da Alameda, onde se comemoraram alguns 1º de Maio pela CGTP, nem à Fonte Luminosa, que raramente vi trabalhar, nem à minúscula Praça do Chile, com a sua minúscula estátua. Como em muitas outras zonas de Lisboa, por aqui já não se ouve o barulho dos amarelos da Carris, como eram conhecidos os carros eléctricos. Mais simpática era a avenida Guerra Junqueiro, que ligava a Alameda à Praça de Londres, onde se encontravam alguns cafés, alguns dos quais subsistem, como a Mexicana ou o Roma, este mais acima, já na avenida com o mesmo nome, para já não falar naquele que se situa na cave do antigo cinema Império.
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No Martim Moniz existiu um mercado de ferro, entretanto demolido, tendo sido os comerciantes alojados em barracas posteriormente transferidos para a Praça de Espanha, dum modo transitório que tende a transformar-se em definitivo, pelo menos à escala da existência humana. Objecto de muitos planos de reconversão, dele ficaram o emparedamento da pequena igreja que nele existe por um centro comercial. Para norte ficam a rua da Palma e a avenida Almirante Reis, conhecida do jogo do Monopólio, menos rica que as avenidas da República e da Liberdade. Contudo, ao contrário destas, ainda conserva a maioria dos prédios dos finais do século XIX, princípios do século XX. Para oriente estende-se a Mouraria, ao longo da encosta do Castelo. Para norte do Martim Moniz, situam-se zonas conhecidas como Anjos, Intendente e Socorro, não sabendo se o Intendente, há muito zona de prostituição, é o mesmo Pina Manique que no século XVIII a perseguia, bem como aos afrancesados. (Notas de Viagem, 1998.Maio)

2 comentários:

  1. Gosto de ouvir "contar" Lisboa, pelos que a conhecem e nos ajudam a "vê-la", seja em palavras, seja em fotografias...`
    Assim se "olha" melhor, se conhece melhor!


    Maria Mamede

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  2. Só hoje tive tempo para dar uma voltinha pelo teu blog.
    Gosto destes post's acerca da cidade de Lisboa. E deste gosto particularmente porque trabalho nessa zona de Lisboa. Posso dizer que a conheço bem geograficamente e menos bem historicamente. Também não acho muita piada à zona mas parece-me que é porque tenho que ir para lá todos os dias... trabalhar...
    Estou a lembrar-me que há um blog que costumo ler e que é possível que gostes:

    http://biclaranja.oldblogs.sapo.pt/

    P.S. poderias explicar-me o que quiseste dizer com o teu comentário aqui?:

    http://verdeagua2.blogspot.com/2007/10/autora-deste-blog-escreveu-o-seu-ltimo.html

    Obrigada
    :-)

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)