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Esta povoação, terra de pescadores e de mortes, presta tributo à fúria do mar, tal como Caxinas em Vila do Conde, sendo também lugar de veraneio, é constituída por três outras, geograficamente separadas: Pederneira e o Sítio, cada uma em seu promontório, e a Praia, na enseada, entretanto parcialmente assoreada. Em zona turística, por todo o lado se vêm letreiros nas casas anunciando:
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...................Alugam-se: Quartos
Chambres
Rooms
Zimmer
Camaras
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Como Alfeizerão, a Pederneira foi outrora um importante estaleiro naval e porto de mar, onde vinha desaguar o rio Alcobaça.
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Registo alguns nomes das ruas, como a dos Fornos, da Fonte, do Santíssimo, da Misericórdia, da Belavista e das Oliveiras, para além das travessas das Laranjeiras, do Mirante, do Nascente ou do Postiguinho e dos largos da Fonte e do Alto Romão. As casas têm nas fachadas azulejos de santos protectores, como aliás também no Sítio. (Notas de Viagem, 1997.10.31)
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Praia (da Nazaré)
Quem entra na Nazaré vê a sua atenção desperta na Marginal por inúmeras lojas com estendais à porta e pelos passeios ostentando roupa e louça artesanais, estando do outro lado a praia comprida. A povoação, mais nova que o Sítio e a Pederneira, a partir do século XVIII, é uma malha ortogonal subindo suavemente pela encosta. As ruas são estreitas e as casas brancas, conversando as mulheres à soleira das portas, com um falar próprio, estilo algaraviada arrastada e cantada. Algumas delas, as que perderam alguém no mar, ainda ostentam o negro traje característico, embora muitas se fiquem pelo xaile e pelo lenço (cachené) na cabeça. Algumas pessoas idosas interpelam-nos nas ruas oferecendo quartos para dormirmos.
Há duas praças principais, onde ficam as esplanadas, e as ruas nesta parte velha ostentam nomes como Estreita, da Bonança, da Rosa, do Alecrim, da Regeneração, da Liberdade, da Pátria, da Graça, da Abegoaria, dos Lavradores, dos Calafates... ou como o Beco do Moinho ou a travessa dos Fornos. Na rua da Subvila há muito comércio e por toda a povoação as brancas casas apresentam um ar cuidado.
Entre a Pederneira e a vila desagua o rio Alcobaça. (Notas de Viagem, 1997.10.31)
Sítio
Esta povoação desenvolveu-se em torno da capela comemorativa do milagre que foi a salvação do alcaide-mor de Porto de Mós, D. Fuas Roupinho, por intercessão da Senhora da Nazaré impedido de precipitar se pela falésia abaixo quando perseguia um gamo em desenfreada caçada, gamo que não era senão a encarnação do Demónio. Senhora da Nazaré que está na origem do Santuário do mesmo nome, erguido no local por nele ter sido redescoberta por pastores uma imagem da Virgem proveniente da Nazaré, na Judeia. O santuário ergue-se num largo rodeado de edifícios, o Terreiro da Romaria, com um airoso coreto, sendo constituído por uma igreja com dois corpos laterais, fazendo lembrar, mais modestamente, o Convento de Mafra. Merecem realce a talha e a estatuária existentes no seu interior. Adjacentes um Hospital, o edifício do antigo Paço Real e o teatro Chaby Pinheiro (1907). O antigo Paço, muito alterado, conserva ainda a galilé alpendrada assente em colunatas clássicas.
Neste largo ou Terreiro da Romaria existem vários estabelecimentos comerciando louça e vestuário artesanais, para além de restaurantes e cafés, um relembrando o antigo casino do Sítio. Artesanato típico da Nazaré, para além do vestuário das mulheres e dos pescadores, são os objectos miniaturais que reproduzem instrumentos e objectos de trabalho ligados à faina piscatória e marítima. Visto das arcadas do santuário, o largo com as suas palmeiras têm um ar magrebino. Para além da Ermida da Memória, um cruzeiro dá conta da passagem de Vasco da Gama por este local, em peregrinação, antes e depois da sua viagem à Índia.
As lojas de artesanato vendem com gravação de "recordação da Nazaré" louça artesanal de... Barcelos, Caldas da Rainha, Alentejo, etc., talvez porque não existam objectos daqui, salvo as camisolas dos pescadores (nazarenas). Por toda a parte bonecas de sete saias, indumentária tradicional característica das mulheres da região.
Tal como sucedia na Pederneira, daqui se avista a Nazaré, espectáculo deslumbrante à noite, o amarelado das paredes do casario contrastando com o escuro dos telhados.
Para outro lado a Praça de Touros da Nazaré, edifício despretensioso. As casas são brancas como no Alentejo, talvez reminiscências da presença dos Árabes, de que noutro sítio destas notas se falou.
Para além do museu adjacente ao Santuário existe um outro, municipal, de Etnografia e Arqueologia Dr. Joaquim Manso, em casa cedida por Amadeu Gaudêncio, fechado na hora em que o procuramos (1). Parece um museu modesto e pelas vidraças entrevêm-se alguns dos objectos expostos.
As designações toponímicas revelam-se menos interessantes:travessas travessas do Forno, D. Fernando e do Antigo Elevador, são as únicas que registo. Esta última deve referir-se ao funicular que liga a vila ao cimo do promontório.
Daqui por uma estrada sinuosa se vai até uma fortaleza (de S. Miguel Arcanjo) que outrora protegia os habitantes da região das investidas dos piratas, hoje transformada em farol, dum lado se avistando a enseada da Nazaré e do outro a brancura das areias da praia e das ondas, cujo rugir cadenciado, lá em baixo, invade o silêncio deste local.
O Sítio, contrariamente a Pederneira, não estava sujeito à jurisdição do Mosteiro de Alcobaça mas sim à do Rei. (Notas de Viagem, 1997.10.31 e 1997.11. 01)
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1 - Aberto diariamente das 10:00/13:00 e das 14:30/18:00, excepto segundas feiras.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)