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Porto de Mós
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Fazemos um desvio para Porto de Mós, na serra dos Candeeiros, atravessada pelo rio Lena, numa noite escura e chuvosa, através duma estrada tortuosa. Da vila fica me na memória o castelo pentagonal, transformado em paço fortificado, no cimo do monte, hoje reconstruído, a que acedemos por uma estrada estreita que o circunda ascendentemente. A meia encosta um cemitério e depois o terreiro escuro, onde estacionam dois automóveis na escuridão. Apenas a fachada com varandas se encontra iluminada, avistando-se desde longe. O ermo e a escuridão do local não convidam a sair e a deambular, pelo que fazemos a viagem em sentido inverso, ficando na ideia as ruelas íngremes, estreitas, de casas incaracterísticas.(Notas de Viagem)
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Batalha
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.............De Fátima fomos à Batalha, ver o Mosteiro. Lembro me das Capelas Imperfeitas, de quando cá estive em 49/50. Gostei bastante de ver o Mosteiro, que é de calcário. Vi os claustros, a Sala do Capítulo, onde se encontra o Túmulo do Soldado Desconhecido. É proibido dar donativos naquela sala, mas os visitantes metiam nos no bolso do sentinela que lá estava perfilada. Vimos a sala de 14/18, mas à pressa. Eu gosto de ver as coisas calmamente.
A Igreja é estilo gótico, o mesmo da Sé do Porto (1). Vi a sala do fundador, com os túmulos de D. João I, D. Filipa, D. Henrique e outros. Vi também a campa do soldado que salvou a vida de D. João I na Batalha de Aljubarrota. Todo o mosteiro é bonito. (1963.09.02 - Diário III)
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...........Passo novamente na Batalha, numa noite escura e chuvosa. Estaciono o carro junto a uma das fachadas laterais do mosteiro, classificado como Património Mundial, aquela onde se situa uma estátua equestre que suponho seja de D. Nuno Álvares Pereira. A pedra calcária tem o seu amarelo realçado pela iluminação, que faz sobressair o seu rendilhado. O sossego e o êxtase são contudo quebrados pela forte iluminação circundante e pelo perpassar veloz dos carros na antiga Estrada Nacional nº 1, ali perto.
Nesta terra nasceu Mouzinho de Albuquerque, herói das guerras de ocupação em Moçambique e personagem principal dum filme português: Aqui d'El Rey.
Fátima
De Fátima recordava me do chão enlameado e da Capela das Aparições [1950]. A Basílica é bonita. Vi também os moinhos de vento, mas só de longe. (NSF - 1963.09.04)
...........Rezam os catrapácios e uma lenda local que o topónimo Fátima seria o nome duma jovem moura raptada por um cristão que, ao baptizar-se, teria adoptado o nome de Oriana, donde provém o nome de Ourém, sede do município. Aqui, nesta região desolada, sobre uma azinheira e por vários meses, em 1917, a Virgem Maria teria aparecido a três pastorinhos, o que deu origem ao enorme santuário e a peregrinações de gentes de todo o Portugal e mesmo do estrangeiro. Lugar de peregrinação cristã e católica, em polémica recente deram conta os jornais de pretensões para que viesse a ser também um local de peregrinação e devoção maometanas. (Notas de Viagem, 1997)
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)