segunda-feira, 1 de junho de 2009

ANAsoRISO DOS OLHOS GRANDES

* Victor Nogueira
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A bondosa Ana Maria Caldeira

É rapariga de sorriso aberto;

É bem dela esta sua maneira

Quando o ar é doce, não encoberto.

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Veio de longe, lá d'Amareleja,

Agora em Cetóbriga parou,

Mas há quem a procure e a não veja

Quando vai cirandar no gira-vou.

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Ambos luzentes, olhos grandes tem.

São como no céu o sol a brilhar,

Um sorriso de menina mantem,

Quando o mal dela sabe afastar.

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Cara redonda, um rosto castiço,

Com farto cabelo:, liso e castanho,

Brancamorena, de corpo roliço,

O ser ou viver não quer de antanho,

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Caminha pelo mundo na procura

D'encontrar alguma felicidade;

Por vezes fica a noite bem escura,

Não sabe que fazer da liberdade,

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Dela bem graciosas são as filhas,

Duas, Aida e Catia de seu nome,

Contudo não pode viver em ilhas

Se delas quiser apartar a fome.

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Tem o seu coração nas duas mãos,

Mas por vezes é mui desconfiada;

Quando tal sucede é chateação

E vai todo o pessoal de abalada.

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Mundo e pessoas a entusiasmam:

Então anda tudo na reinação

No entanto, ao chegarem miasmas

Não sabe manter boa actuação.

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É muito amiga em seu ofertar

A quem no goto dela bem cair;

Nem sempre alcança resguardar

E o seu pecúlio vê partir.

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Se por todo o lado encontra amigos,

Muitos raramente Ihe são fiéis;

Deve pois cuidar do anda comigo

A ver se há boa troca de papeis.

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Mas com este meu pequenino escrito

E andando muito breve, de abalada,

P'ro futuro fica neste registo

A nossa boa amiga retratada.

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Setúbal 1987.07

Victor Nogueira


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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)