* Victor Nogueira (texto e foto)
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Olá. Passei apenas dizer Olá e só Olá, desmentindo-me pois é um Olá seguido de banais signos. Olá é apenas Olá, não tem criatividade, nem música ou poesia, nem sabor, nem é brisa ou aroma. Um Olá não é flor e pode surgir em qualquer (re)Kant_O.
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Que pobre pode ser um Olá, quando do pobre desviamos o olhar. Hoje na Baixa montes de pessoas olhavam um velho, cercado pela polícia. O velho sem abrigo está sempre noutro sítio , mais movimentado, sentado, calado, cabisbaixo. Hoje mudou de poiso e estava cercado pela polícia. um dos quais, com nojo ou caridade, lhe atirou para cima com o velho cobertor, que o não cobriu nem protegeu do frio do entardecer. Na rua pedonal as pessoas olhavam de longe, como se o velho fosse uma bomba. Eu segui e não reparei se por cima do velho, na montra, havia algum Olá! mas se houvesse seria um anacronismo, um Olá gelado do «Baleizão» (1) numa tarde outonal, sem Verão nem sorvo.
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(1) - Baleizão era o nome que se dava aos gelados e sorvetes em Luanda, derivado do nome do proprietário da cervejaria onde eram fabricados e depois vendidos em carrinhos de triciclo (bicicleta), pelas ruas da cidade, ora em cones, ora entre duas bolachas. Baleizão é também a a aldeia alentejana onde Catarina Eufémia foi assassinada por uma rajada de metralhadora à queima roupa feita pelo tenente Carrajola da GNR, quando à frente do rancho de mulheres reclamava pão e trabalho, no tempo do fascusmo em Portugal.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)