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Porto - Sé Catedral, que foi ocupada por D. António Barroso, um primo do meu avô materno. O meu avô era filho de lavradores abastados de Barcelos e guarda livros no BNU e o bispo era dum ramo mais pobre, cuja madrinha lhe pagou os estudos no seminário, destino e «carreira» para quem sendo inteligente não tinha dinheiro.
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Nunca mais deste notícias e penso que não gostaste de ler as minhas memórias de adolescente sobre o Porto. Antigamente comparava o Porto a Lisboa e dizia que no Porto se respirava mais calor humano que em Lisboa, muito mais «fria» e menos solidária, mais individualista. Os meus pais são de Cedofeita e em Luanda era uma festa cada vez que o meu pai encontrava alguém do Porto. À mesa da casa dos meus pais havia sempre lugar para mais uma pessoa que aparecesse, fosse qual fosse a cor da pele ou a profissão.
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Mas agora tudo mudou. Lisboa e Porto são uma grande confusão, o trânsito no Porto é mais caótico que em Lisboa, com um código de estrada sui generis e habituei-me ao céu azul e à claridade do Sul. E no Porto já não sei «orientar-me» e já não conheço o trajecto dos transportes públicos.
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Com a morte dos meus avós perdi a ligação ao Porto, onde não conheço ninguém, salvo agora as amizades virtuais como a tua, que conheci no hi5.
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Mas o meu clube continua a ser o mesmo, desde menino – o FCP. Lembro-me que nos anos 50 do milénio passado o FCP ganhou um campeonato de futebol – facto raro na altura – e montes de gente veio para a rua, em Luanda, festejar.
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Rua dos Bragas e casa onde morava o meu avô materno, que está à janela e a minha mãe à porta. No princípio os meus pais namoravam uma no 1º andar e outro na rua. Depois já namoravam ao postigo, a porta fechada à chave. A porta grande era duma carvoaria e no prédio a seguir havia uma entrada para uma «ilha». A casa da Rua dos Bragas, na última vez que lá passei, estava em ruínas. Gostava muito dela e dela tenho gratas recordações. Na cozinha ainda havia um enorme fogão a lenha, já em desuso, que tinha um depósito incorporado para aquecer água. A banheira na casa de banho era de zinco e a sala de jantar só era aberta em dias de festa.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)