segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Rio Tejo segundo Adriano, Manuel da Fonseca e Alberto Caeiro

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Carregado por  em 1 de Fev de 2009
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Tejo que levas as águas - Manuel da Fonseca / Adriano C. de Oliveira


Beijinhos, amigo e camarada :)))

www.cidadevirtual.pt/cdl Tejo que levas as águas - Manuel da Fonseca / Adriano C. de Oliveira

    • Victor Nogueira Gracias, Lia :.-)*
      Ontem às 23:19 · 

    • Victor Nogueira 
      De Alberto Caeiro - 

      O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

      Mas o tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
      Porque o tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,
      O Tejo tem grande navios

      E navega nele ainda,
      Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
      A memória das naus.
      O Tejo desce de Espanha
      E o Tejo entra no mar em Portugal.
      Toda a gente sabe isso.
      Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
      E para onde ele vai
      E donde ele vem.
      E por isso, porque pertence a menos gente,
      É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
      Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
      Para além do Tejo há a América
      E a fortuna daqueles que a encontram.
      Ninguém nunca pensou no que há para além
      Do rio da minha aldeia.
      O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
      Quem está ao pé dele está só ao pé dele

      há 22 horas
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Tejo que levas as águas



Manuel da Fonseca



Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar

Lava-a de crimes, espantos
De roubos, fomes, terrores,
Lava a cidade de quantos
Do ódio fingem amores

Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas

Lava bancos e empresas
Dos comedores de dinheiro
Que dos salários de tristeza
Arrecadam lucro inteiro

Lava palácios, vivendas,
Casebres, bairros da lata
Leva negócios e rendas
Que a uns farta e a outros mata

Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar

Lava avenidas de vícios
Vielas de amores venais
Lava albergues e hospícios
Cadeias e hospitais

Afoga empenhos, favores,
Vãs glórias, ocas palmas
Leva o poder dos senhores
Que compram corpos e almas

Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas

Das camas de amor comprado
Desata abraços de lodo
Rostos, corpos destroçados
Lava-os com sal e iodo.

Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar. 

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)