por Victor Nogueira a quinta-feira, 15 de Setembro de 2011 às 14:51
Bocage, Liberdade
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Liberdade, onde estás? Quem te demora?
Quem faz que o teu influxo em nós não caia?
Porque (triste de mim!) porque não raia
Já na esfera de Lísia a tua aurora?
Da santa redenção é vinda a hora
A esta parte do mundo, que desmaia:
Oh! Venha... Oh, Venha, e trémulo descaia
Despotismo feroz, que nos devora!
Eia! Acode ao moral, que frio e mudo
Oculta o pátrio amor, torce a vontade,
E em fingir, por temor, empenha estudo;
Movam nossos grilhões tua piedade;
Nosso númen tu és e glória e tudo,
Mãe do génio e prazer, ó Liberdade!
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* Victor Nogueira
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Liberdade!
a triste liberdade
de nada poder fazer
onde o emprego?
o salário?
a casa?
a família?
o futuro?
Ausente a solidariedade
sem amizade nem companhia
neste vazio
lentamente consumidos
1985.08.31
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Eles são democratas
Amigos de Plutocratas
Com cidadania
De enguia
bem esguia !
Escorre-lhes dos dedos, dos lábios e da caneta ou do «computador»
Arrogância
Jactância!
Vestem bem e cheiram melhor
Para esconder o pior
perfume da sarjeta
Muitos vivem da gorjeta
Esquecidos que em pó se transformarão ,
acumulado num saco de ossos
em fossos, na fossa
Por isso não são dos nossos.
São sim democratas
Plutocratas
Aristocratas
Autocratas
Convencidos que são reis!
Mesmo em terra de cegos o «imperador» vai nú
Numa palavra sem palavra
Na família das piranhas
São PIRATAS
Victor Nogueira posted by Victor Nogueira @ Sexta-feira, Junho 30, 2006
ELEGIA POR UMA CERTA JUVENTUDE
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Eram jovens
..........passeando como fantasmas
com fatos talhados à medida duma roda sem destino.
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Sorriam
e o sorriso era
.................uma vereda para lado nenhum
.................uma vida de sonhos amortalhados.
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Eram jovens
de gestos calculados
...............com mil olhos e
.......................dez mil bocas em cadeia
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E no entanto
para lá deste horizonte cinzento
debruado a cetim
as gaivotas (não) eram águias inatingíveis!
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Nós somos
argila barro calcário
argamassa que une
tijolo a tijolo
pedra a pedra
a ponte o muro a casa o celeiro
o ferro a caldeira o aço
a charrua o arado o tractor
a grua o guindaste o elevador
esta oficina esta fábrica
a corda a linha
o tecido
que amassa nosso alimento
que protege o nosso corpo
Nós somos o caminho
a distância e o acontecimento
no instante ultrapassados
Sem nós
outra seria a mudança
outra seria a qualidade
outro seria o mundo
outras seriam as sementes
Desde sempre pela paz e pela liberdade lutamos
Não pela liberdade dos senhores e dos senhoritos
Não pela paz dos cemitérios
deserto da Roma imperial
Mas pela vida
Enquanto houver voz e mãos
Enquanto houver inteligência e vontade
Enquanto houver
um homem uma mulher
duas crianças
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Victor Nogueira
(do Barreiro a Setúbal, em 17 Janeiro 1985,
reelaborado em 13 Outubro 1985 e 01 Março 1989)
1991.03.20
Setúbal
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)