De Victor Nogueira -
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1. - Um pouco de mim fica com as pessoas que conheci e nas pedras que pisei. E comigo fica também o peso das pessoas que conheci e desapareceram. Gostaria que não houvesse passado nem futuro, apenas um eterno presente. E no Facebook (inFaceLock), mais do que no mIRC, há muitas lantejoulas de pechisbeque, muitos egos carentes de afago mas sem apego, muitos entusiasmos e "amores" que na maior parte das vezes duram o efémero tempo da chama dum fósforo ou dum relâmpago de tempestade tropical breve na iluminação da negra noite.
2. - Havia um programa do Malato em que ele perguntou a uma concorrente qual o seu maior desejo, ao que ela respondeu - "Que a minha filha fosse sempre feliz". O Malato ficou silencioso por instantes e depois retorquiu dum modo que achei belo: "Que todos aqueles de quem gostei e já partiram (morreram) voltassem para ao pé de mim".
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3. - (…) Antigamente as pessoas escreviam muito e as cartas eram meio de transmitir notícias e muitas delas, com maior ou menor valor literário, tornaram-se testemunho dos factos, acontecimentos, ideias e sentimentos. Mas hoje, hoje as pessoas telefonam ou encontram-se, devido à facilidade e rapidez dos transportes e das comunicações, e o tempo é pouco, paradoxalmente, devido à sobrecarga do que se gasta em transportes, sentado frente à TV ou em tarefas domésticas. O mesmo sucede com o convívio e a conversação: por vários motivos os cafés e as tertúlias desaparecem, só se conhece o vizinho da frente ou do lado, quando se conhece, e as pessoas metem-se na sua concha, casulo, carapaça ou buraco. Muita gente junta, ao alcance da mão ou da voz, não significa que estejamos mais acompanhados e humanizados. (…) (Victor Nogueira à «Maria do Mar», 18.08.1993)
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)