sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Victor Nogueira e João Baptista Cansado da Guerra


    • * Victor Nogueira

      Em seu pensar as letras (es)corriam: "Por vezes parece que as nossas conversas terminam em "conflitos", enredados nas palavras que caminham por atalhos que não são uma estrada larga e desassombrada, talvez porque elas não estão vestidas do sorriso reconfortante, da inflexão da voz coalhada de estrelas, da presença real e calmante do estreitar do abraço, da mão no ombro ... E em lugar da paz e da serenidade e do riso cristalino nascem em nós sombras intimidantes e noites sem luar, reflexo negativo do que nos outros busco e em ti procuro.
    • E assim apagam-se as luzes e cerram-se as janelas e as portas que avistara ao longe ou ao virar da esquina, na maldição da vida de eterno caminheiro que é a de João Baptista Cansado da Guerra !"

      ... ... ... ... ... ...



        • e sai ela da cena com ar altivo, ombro direito atirado para trás furando o espaço com o esquerdo, mão esquerda na anca, indómita, saia rodada, cabelos ao vento esvoaçando, altaneira  ...

          • ... deixando atrás de si um rasto de credos e um rosário de cruzes feitas de espinhos de ouriça caixeira.

        • Timidamente, pé ante pé, silencioso, o chapéu rolando nos dedos afilados, ele aproxima-se da inflamada Pasionara e murmura qual anémona do mar:

          "- Olá, sereia !

          - Já é um novo dia, bonito e cheio de sol, e passo por aqui, menina que não estás à janela, para deixar-te no meu aceno um sorriso", disse João Bimbelo.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)