Em 1995 resolvi concorrer às marchas populares de Setúbal. Comprei uma ou duas cassetes com marchas de Lisboa, para apanhar a toada, organizei uma série de palavras-chave e pus-me à escrita. Não ganhei, embora me pareça que as minhas "letras" eram melhores do que as vencedoras. Mas esta faceta encerrou-se porque agora as "letras" têm de ser acompanhas da música; na altura a Câmara entregava as vencedoras a um maestro para serem musicadas.
PS - Aqui fcam as minhas estrofes !
Setúbal, terra d'encanto João do Grão
Venham ver a nossa terra
É jardim à beira-mar
Do vale ao cume da serra
Um espelho d'encantar.
Póvoa doce, sem igual,
Pescado com moscatel
Trigo, pão, um laranjal,
Bem perfumado, com mel.
REFRÃO
Ai venham ver,
sem maldade!
Com balões, doce florir,
Gaiata, namoradeira,
Sempre jovem, a sorrir.
E bailando sem canseira
Ai venham ver,
sem maldade!
Ardem nossos corações
Em cravinho de papel,
Cantam Bocage, canções,
Em versinho d'água-mel.
Ai venham ver,
sem maldade!
Com este mar, rio á janela,
Em nós cant'a liberdade
De manjerico, singela.
E azul da mocidade.
Meu amor vem á janela,
São os Santos a bailar,
Vai-te embora, sentinela,
Fiquem todos a cantar.
Com o povo a sorrir
E bondade no olhar,
Sem vontade de partir,
Numa noite de luar!
Setúbal, sempre varina Manuel Vicente
Setúbal sempre varina
Capital do pescador
Terra airosa e mui ladina
Póvoa com sal e calor.
Venham ver a nossa terra
Com arquinho e balões,
Num tempo de paz, sem guerra,
Em florindas tradições.
REFRÃO
Baila Setúbal a cantar,
Gaiata, namoradeira,
Com o Sado ao luar,
Corações numa fogueira!
Baila Setúbal sem parar,
Alegre, bela e vistosa,
Com a brisa a marulhar
Numa canção preciosa.
Baila Setúbal, um altar,
Com giesta e rosmaninho,
Os golfinhos a pular
Numa terra de carinho.
Valha-nos Sant'Antoninho,
Com mil cravos de papel,
Procurand'o sapatinho,
P'ró casamento sem fel.
Cada canção, um desejo
Em cantata de papel,
Manjerico no cortejo
Da nossa terra sem fel.
Setúbal mar de prata Maria Papoila do Mar
Setúbal nasceu,
Com um mar de prata,
Setúbal cresceu,
Generosa e farta.
O rio tem pescado,
No vale com giesta
Por todos bem amado,
Com o povo em festa.
Setúbal navega,
Na sua falua
Vistosa, boneca,
Com o pé na lua.
Cantem os andores,
No azul do céu,
Amam os amores,
Em doce pitéu!
REFRÃO
Venham ver Setúbal,
Airosa e ladina,
Dançando Asdrúbal
Com sua varina.
Venham, não se cansem,
No baile da terra,
A tristeza encerrem,
Com o mel na guelra.
Cantem salmonetes
Saiam da janela
Pulem os pivetes
Na rua singela.
Lá vem Setúbal,
Cheira a rosmaninho
Não é Tentúgal
Mas belo cantinho.
Tem bom moscatel
Doce São João,
Pedro no batel,
António na mão.
Com a boca um beijo,
No arco em foguete,
P'ra matar desejo
Sem qualquer ralhete.
Contem esta trova,
Ao Santo confessa,
Não há Casanova
Sem falsa promessa.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)