sexta-feira, 14 de junho de 2013

Marchas Populares em Setúbal


de Victor Nogueira (Notas) - Sexta-feira, 14 de Junho de 2013 às 14:07

Em 1995 resolvi concorrer às marchas populares de Setúbal. Comprei uma ou duas cassetes com marchas de Lisboa, para apanhar a toada, organizei uma série de palavras-chave e pus-me à escrita. Não ganhei, embora me pareça que as minhas "letras" eram melhores do que as vencedoras.  Mas esta faceta encerrou-se porque agora as "letras" têm de ser acompanhas da música; na altura a Câmara entregava as vencedoras a um maestro para serem musicadas.

PS - Aqui fcam as minhas estrofes !


Setúbal, terra d'encanto        João do Grão 



Venham ver a nossa terra
É jardim à beira-mar
Do vale ao cume da serra
Um espelho d'encantar.

Póvoa doce, sem igual,
Pescado com moscatel
Trigo, pão, um laranjal,
Bem perfumado, com mel.



REFRÃO


Ai venham ver,
sem maldade!
Com balões, doce florir,
Gaiata, namoradeira,
Sempre jovem, a sorrir.
E bailando sem canseira
Ai venham ver,
sem maldade!
Ardem nossos corações
Em cravinho de papel,
Cantam Bocage, canções,
Em versinho d'água-mel.
Ai venham ver,
sem maldade!
Com este mar, rio á janela,
Em nós cant'a liberdade
De manjerico, singela.
E azul da mocidade.

  
Meu amor vem á janela,
São os Santos a bailar,
Vai-te embora, sentinela,
Fiquem todos a cantar.

Com  o povo a sorrir
E bondade no olhar,
Sem vontade de partir,
Numa noite de luar!



Setúbal, sempre varina    Manuel Vicente 



Setúbal sempre varina
Capital do pescador
Terra airosa e mui ladina
Póvoa com sal e calor.

Venham ver a nossa terra
Com arquinho e balões,
Num tempo de paz, sem guerra,
Em florindas tradições.



REFRÃO


Baila Setúbal a cantar,
Gaiata, namoradeira,
Com o Sado ao luar,
Corações numa fogueira!
Baila Setúbal sem parar,
Alegre, bela e vistosa,
Com a brisa a marulhar
Numa canção preciosa.
Baila Setúbal, um altar,
Com giesta e rosmaninho,
Os golfinhos a pular
Numa terra de carinho.



Valha-nos Sant'Antoninho,
Com mil cravos de papel,
Procurand'o sapatinho,
P'ró casamento sem fel.

Cada canção, um desejo
Em cantata de papel,
Manjerico no cortejo
Da nossa terra sem fel. 



Setúbal mar de prata                 Maria Papoila do Mar 

Setúbal nasceu,
Com um mar de prata,
Setúbal cresceu,
Generosa e farta.

O rio tem pescado,
No vale com giesta
Por todos bem amado,
Com o povo em festa.

Setúbal navega,
Na sua falua
Vistosa, boneca,
Com o pé na lua.

Cantem os andores,
No azul do céu,
Amam os amores,
Em doce pitéu!

REFRÃO

Venham ver Setúbal,
Airosa e ladina,
Dançando Asdrúbal
Com sua varina.
Venham, não se cansem,
No baile da terra,
A tristeza encerrem,
Com o mel na guelra.
Cantem salmonetes
Saiam da janela
Pulem os pivetes
Na rua singela.

Lá vem Setúbal,
Cheira a rosmaninho
Não é Tentúgal
Mas belo cantinho.

Tem bom moscatel
Doce São João,
Pedro no batel,
António na mão.

Com a boca um beijo,
No arco em foguete,
P'ra matar desejo
Sem qualquer ralhete.

Contem esta trova,
Ao Santo confessa,
Não há Casanova
Sem falsa promessa.


Foto Victor Nogueira

  • Joaquim Carmo Parabéns, amigo, por esta bem interessante nota! Abraço e bom fim-de-semana!
  • Judite Faquinha Belo trabalho amigo Victor!Boa poesia popular!!! Bom fim de semana, que seja feliz!!! beijocas.
  • Isa Alçada Feliz tarde amigo, como sempre lindo texto.... 
  • Belaminda Silva Bonito trabalho e linda poesia! Obrigada camarada e amigo Victor pela partilha e carinho! Te desejo um bom final de semana. Beijinho meu amigo 
  • Carlos Rodrigues Tem piada, Vitor, que os dois primeiros Autores aí repetem o verso " Ai, venham ver ", que é muito usado ou o Concurso obrigava a mote ?
  • Victor Nogueira Carlos Rodrigues Os nomes são os pseudónimos do concorrente sendo o autor este escriba;era obrigatório concorrer com pseudónimo. Não havia mote, mas calhou "repetir-me" Abraço 
  • Carlos Rodrigues O.K. Victor, julguei que esses versos eram os dos concorrentes premiados, mas são os teus, então merecias mesmo prémio porque estão muito bons e no estilo popular que interessa às Marchas. Modernamente o trabalhar em conjunto com o Autor da Música acho uma boa ideia, não dificulta, facilita o trabalho de ambos. Um abraço, obrigado.
  • Maria Lisete Almeida Parabéns Amigo Victor! E por que não recomeçar para o ano. Penso que valia a pena. Bem haja. Abraço.
  • Clara Roque Esteves Adorava saber as músicas que escolheste para cada. Para a 1ª eu já tenho uma. Beijinhos.
  • Carlos Rodrigues Clarinha / Victor: Até podia ser a das " Carvoeiras " que não era muito bem vista pelo antigo regime, porque achava que aquilo era coisa da " Carbonária ", um disparate: " Ai venham ver as carvoeiras / Venham ver os olhos delas /Que maneiras têm de olhar / Ai venham ver / Dois carvões numa braseira /Que puseram à janela / Para o vento os atear.
  • Victor Nogueira Oh Carlos Rodrigues ! Olha que as carvoeiras eram subversivas para a época a que estamos a retornar rapidamente. Lembro-me doutra quadra: ! "São tão bonitas as carvoeiras / são tão catitas e feiticeiras / oh que belo rancho, da mocidade / cantai raparigas, Viva a Liberdade " ou esta outra "Liberdade, Liberdade, quem a tem chama-lhe sua / Eu não tenho liberdade nem de pôr o pé na rua ! LOL Olha que a "letra" tinha várias leituras 



    As Carvoeiras e o Fado da Contradição eram duas das canções que a miha mãe cantava lá em Luanda com a sua bonita voz a que o meu pai contrapunha, recitando, em despique, o camoneano soneto "Alma minha gentil"
    15/6 às 13:10 · Editado · Gosto · 1
  • Margarida Piloto Garcia Bem, cá para mim, saíste-te muito bem. Outra coisa também não era de esperar 
  • Judite Faquinha Ó camarada Victor, essa quadra, é bem explicita da prefundidade que contem... bem bonita gostei.beijos!!! Victor eu pertendi partilhar o hino da Intarnacional Socialismo, e a minha net, parou deixou de responder e eu perdi o poema, e agora procuro e não consigo encontralo,se o tiveres aplica no meu mural, fazes-me esse carinho para mim eu agradêço jinhos.
  • Maria Célia Correia Coelho Mtº bem, bonita poesia popular!! 
  • Carlos Rodrigues Pois tinha várias leituras, nas entrelinhas, Victor, não quer dizer que fosse da Carbonária. O Alberto Ribeiro cantou-a, várias Tunas Académicas também, lembro-me de uma do Porto e até o Vitorino a cantou, se não estou em erro, não sei é se o original já incluía o " Viva a Liberdade " ou se foi cortado e só modernamente voltou a aparecer ( agora está a desaparecer outra vez...). Um abraço, Victor.

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