16 de Setembro de 2013 às 23:51
* Victor Nogueira
Quando falamos de "ciúme", de que estamos a falar ? Quando falamos de ou defendemos as virtudes de muito, pouco ou um niquinho de ciúme, como o medimos ? Em microgramas ou em toneladas ? Em mililitros ou quilolitros ? Em wats ou em KW ? Em bytes ou em Gigabytes ? Quantos gramas ou toneladas por centímetro ou por quilómetro quadrado ? E quantas dimensões tem o ciúme para que possa ser medido em metros ou metros quadrados ou metros cúbicos ?
Verdadeiramente, quando falamos de "ciúme", numa relação adulta, de que estamos a falar ? Em alternativa à medição, poderemos perguntar que sentimentos, que acções, que atitudes são indícios (admissíveis ?) - de "ciúme" ? Vasculhar os bolsos ou a carteira ou os papéis pessoais do/a outro/a ? Controlar a vida, os pensamentos, os sentimentos. as chamadas telefónicas, o correio pessoal ... ? Exigir que não seja simpático/a ou afável ou atencioso/a para com os/as colegas de trabalho ? Os/as vizinhos/as ? Considerar como rivais os/as filhos/as de outros casamentos (pk será que as "madrastas" no imaginário e nos contos de fadas ou populares são mázinhas ? E porquê as "narrativas" entre noras e sogras e/ou vice-versa ?) Considerar - sem fundamento real - como rivais os/as colegas de trabalho de um/a ou de ambos? Exigir que o/a outro/a corte com todas as amizades que não as "aprovadas" ou aceites pelo/a outro/a ? Exigir que negue e/ou rasgue todos ou parte dos testemunhos de afectos anteriores (amizades, companheiras/os) - cartas, fotos recordações, memórias, poemas, escritos literários ... ? Fazê-lo se o/a outro/a o não fizer ? Se o/a outro/a o não fizer, considerar isso uma "prova" de/da "traição"/infidelidade ? Querer ser o/a único/a nos pensamentos e atenções do outro/a ? Não respeitar a reserva de intimidade e de privacidade do/a outro/a, variável em função do tipo de relação ? Desconfiar e amuar perante gestos de atenção, ternura ou afecto que não sejam para si próprio/a ? Que violências e agressões físicas e - sobretudo - psicológicas são permitidas/justificáveis pelo ciúme ? Quanto mais me bates mais gosto de ti ? O que é "bater" ? Quais são na imaginação ou pensamento as atitudes louváveis/admissíveis na busca das "provas" de "traição", de embuste, de mentira, de infidelidade aos compromissos e ao outro/a ?
Uma relação adulta - entre marido e mulher, entre pais/mães e filhos/as e vice-versa, entre familiares adultos, entre pessoas adultas - baseia-se em compromissos e na lealdade a esses compromissos ? E na fidelidade ? Na reciprococidade de direitos e deveres, em simultâneo e mutuamente ? E também no respeito-mútuo pela liberdade do/a outro/a? Uma relação adulta baseia-se na vida ou na morte ? Na liberdade ou na opressão ? Na auto-determinação ou na dependência/submissão ? Na igualdade ou na subserviência ? Em servidão ou na entre-ajuda e na solidariedade ? Na confiança ou no medo/receio ? Na confiança na lealdade do/a outro/a ou na desconfiança ? E se não há lealdade, nem respeito mútuo, que fazer ? Cenas de ciúmes ? Anular-se ? Ou partir para outra, se forem pessoas adultas na auto-determinação ? E se o não forem ? Que fazer ? E porquê fazê.lo, se ou quando não há respeito/solidariedade/confiança/lealdade de um/a pelo/a outro/a ou entre ambos ?
Quando falamos de "ciúme", de que estamos a falar ? Quando falemos de ou defendemos as virtudes de muito, pouco ou um niquinho de ciúme, como o medimos ? Que atitudes/comportamentos são ou não admissíveis ? O ciúme e as suas manifestações são ou não uma forma de violência/virulência doméstica ?
E havendo quem defenda que o ciúme é necessário para manter a chama do amor, de que amor estamos a falar ? Do que abafa e mata ? Ou do que liberta ? De igualdade ou de submissão/opressão ? Onde acaba a guerra dos sexos e dominação/submiissão e começa o amor? Em qualquer relação entre duas ou mais pessoas, para saber do que estamos a falar, que sentimentos, que acções, que atitudes são indícios ou características/atributos do "ciúme" ?
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)