terça-feira, 17 de dezembro de 2013

o domingo na poesia segundo vários escritores - 21 - textos de victor nogueira 03

 

17 de Dezembro de 2013 às 15:54
* Victor Nogueira

  •  Pointe Noire - 1958
  • em évoraburgomedieval – 1971 - 1973
  • Por Lisboa incluindo as cheias de 1967 - 1974
  • Em Carnide - 1997
  • Paço de Arcos – 1963 - 1972
  • Feiras nos arredores de Lisboa - 1997
  • Ericeira - 1973
  • Torres Vedras -1997
  • Foz do Arelho - 1997
  • Marinha Grande - 1997
  • Monte Real -1963



Pointe Noire

1958

Ponta Negra é bonita mas Luanda é mais. Tenho falado francês. Aqui  trabalha‑se todos os dias, até ao domingo. (MEB - 1958.08.12)

Ia todos os domingos à missa, excepto no último. E ia sempre à missa das 8 horas. Só umas duas ou três vezes é que a D. Alice foi comigo.

NOTA – Por duas vezes passei as Férias Grandes em Pointe Noire (África Equatorial Francesa), em casa de um casal amigo da família – os  Gaspar - e com uma loja de comércio onde se vendia um pouco de tudo.

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 em évoraburgomedieval

1971

Preparo a frequência de Sociologia II enquanto ouço a "Valsa" de Ravel. É uma tarde de domingo, dum inverno já não rigoroso, aprazível. Sentado numa cadeira, os pés noutra, rodeado de livros, papéis e apontamentos. Daqui a pouco vou até ao café lanchar e ler o jornal. A dona da casa ainda não veio arrumar o quarto. (NSF - 1971.01.24)

1973

No Giraldo Square erguem-se bancadas e toldos, que vedavam ao trânsito automóvel a rua da Selaria  (ou 5 de Outubro). O Giraldo é uma "bancadaria"  para [comemorações d]o 10 de Junho, que este ano deve ser comemorado em grande, para compensar os desastres que se vão averbando na Guiné e no Norte de Moçambique. (...) Domingo próximo, em Portugal de lés‑a‑lés, viver‑se‑ão jornadas de fervor patriótico! (MCG - 1973.06.07)

Os magalas ainda não embarcaram, continuando a encher ruas e cafés. Cheguei há instantes da tabacaria, onde confirmei um anti-slogan: "Não telefone, vá!" Uma hora, foi o tempo que levei para conseguir uma chamada para Lisboa. (...) A gasolina é quase como agulha em palheiro para encontrá‑la. Está praticamente esgotada em Évora ou Lisboa. P'rá semana há mais! Domingo passado, segundo o Carlos, às 4 da tarde já havia 3 ou 4 carros parados numa bomba aguardando pela meia noite para poderem seguir rumo a Lisboa. No regresso de Portalegre tiveram de juntar‑se‑lhes. (...)(MCG - 1973.11.27)

Hoje foi dia de arrumação no meu quarto. Arrumei a roupa de inverno e retirei a de verão, deitei fora a roupa velha e... para mais não tive paciência. Tenho além a papelada e jornalada para arrumar e deitar fora, desde que eu e o João Luís [Garcia] fizemos a grande arrumação no meu quarto..(...) Pois, tínhamos arrumado com tudo para dentro do malão ou, doutro modo, arrumámos com a desarrumação, de modo que tenho andado desarrumado por não saber onde param as "coisas". Enfim... ficará talvez para domingo de manhã. De resto o domingo é o dia das minhas arrumações! (MCG - 1973.04.27)


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Por Lisboa
                              
1967

 Sábado choveu bastante aqui em Lisboa; isso pouco me afectou se não considerar que cheguei a casa completamente encharcado: calças, sapatos, casaco, enfim, de manhã tomara banho de chuveiro, de tarde banho de chuva! De assinalar um relâmpago enorme que iluminou a noite, cerca das 19 horas, seguido dum enorme estrondo. Deduzo que foi o que caiu sobre o edifício da Rádio Renascença, Às 7 da manhã de domingo um estrondo enorme que me parece ter abalado a casa - soube depois que tinha explodido um paiol nos arredores de Lisboa. E pela leitura dos jornais tomei consciência da extensão e gravidade do temporal: avultados prejuízos materiais e - segundo os jornais, dezenas e dezenas de mortos. Felizmente e porque Campo de Ourique não teve grandes prejuízos, nada sofri. O tempo serenou e arrefeceu. (NSF - 1967.11.27) (...)

NOTA ~A catástrofe destas inundações em 1967 foi silenciada pela censura, tal como o Governo de Salazar – com o argumento de não criar pânico - recusara lançar o alerta sugerido pelo Instituto de Meteorologia, que prevenisse as populações. Houve inúmeras mortes na zona da Grande Lisboa e muitas barracas destruídas, construídas clandestinamente em linhas de água. As Associações de Estudantes das Universidades de Lisboa mobilizaram e organizaram os estudantes, desenvolvendo uma intensa campanha de auxílio às vítimas e de denúncia junto das populações, apesar da repressão da PIDE.

1974

Ontem fui pela 1ª vez ao teatro de revista, ver "Pides na Grelha, ali num barracão ao Martim Moniz [Teatro Ádoque] (...)  Uma chuva miúdinha caia à saída e no percurso que fiz a pé até ao Cais do Sodré fui vendo "os homens da noite" ou seja, os coladores de cartazes. Bem... o primeiro "homem da noite" era uma velhota que colava cartazes manuscritos nas traseiras da Igreja de S. Domingos. Na Praça da Figueira, um grupo colava cartazes do PS enquanto que na Rua do Carmo os MRPP anunciavam o comício - que pretendem homenagem nacional - em memória de Ribeiro dos Santos, estudante [de Economia] assassinado pela PIDE  há dois ou três anos.(...) (MCG - 1974.10.11)

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Em Carnide

1997

Voltei a Carnide, terra onde outrora se cultivou trigo e vinha. Quintas, solares nobres e conventos caracterizam esta aldeia que pertenceu à Ordem de Cristo. No largo do Jogo da Bola situa‑se o Palácio dos Condes de Carnide e no largo do  Coreto, afinal rua Neves Costa, com ruas laterais com casas dos séculos XVII e XVIII, encontramos uma série de restaurantes e as pessoas sentam‑se a conversar, junto ao Clube de Carnide.

A maioria das casas encontra‑se degradada e algumas delas ostentam painéis de azulejos, do século XVIII, como um crucifixo, no minúsculo largo da Praça, adjacente ao largo dos Pregoeiros, de que também há uma travessa homónima. Um painel de azulejos recente, num café, relembra o tempo em que os eléctricos vinham até aqui. Apesar de ser domingo o trânsito é relativamente intenso, embora haja uma brisa "campestre" e se ouçam os pássaros no meio do latido dos cães no largo situado entre as ruas da Mestra e das Parreiras, ornado por duas palmeiras.

A rua do Norte parece importante e nela encontram‑se alguns palacetes e uma igreja e dela parte a azinhaga das Freiras. A travessa do Cascão, a rua do Machado, a travessa do  Jogo da Bola e a do   Norte são nomes que sobrevivem às transformações do tempo.

O comércio não é variado: cafés e restaurantes, já referidos, uma papelaria, uma vendedora ambulante de flores, uma drogaria e, insólito, uma alfaiataria, de fato sob medida no tempo do pronto a vestir.

Pelos arredores ainda se vêm campos e quintas, em vias de urbanização, ao abandono, ao longo de azinhagas, aqui bordejadas ainda por altos muros, além apenas "protegidas" por canaviais. Azinhagas estreitas e serpenteantes, como a  Carmelitas, das Freiras (com o teatro de Carnide), dos  Cerejais, da Luz... Quintas à espera doutro destino, algumas transformadas em lixeiras ou bairros de lata, como a das Barradas, das Pedreiras de Cima, do Pinheiro, do Serrado... A esta chega se pela azinhaga do Serrado, hoje beco: um pórtico arruinado para lá do qual se vêm as ruínas dum edifício. Debaixo do pórtico e duma parreira, um velhote está sentado numa poltrona, uma toalha sobre a cabeça como se fora um turbante árabe, placidamente fumando o seu cigarrinho, indiferente à chuva que caia em moinha e à água que escorria abundante duma torneira por dela se ter soltado a mangueira. (Notas de Viagem, 1997)


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 Paço de Arcos

1963

Os dias têm estado óptimos, quentes e cheios de sol.  Paço de Arcos é um sítio deveras sossegado. Domingo fui à missa das 11, na capelinha do Paço dos Condes de Alcáçovas [donde vem o nome da vila, pois tem três arcos no piso térreo, virado para o Rio Tejo]. Além desta há uma Igreja, que será substituída por uma outra. Em seguida fomos dar um passeio até ao jardim, onde ficam campos de jogos, parque infantil, bar, cinema e clube[Clube Desportivo e Recreativo de PA, num edifício que foi casino]. (1963.11.17/19 - Diário IV)

1972

O dia está desagradável no jardim: ventoso e fresco. Ontem o tempo estava estival, dizem as minhas notas. Os carros passam velozmente ali na Marginal e o Tejo é azul. As crianças correm e brincam pelas áleas e vêm-se muitos triciclos e bicicletazinhas. A esplanada  está cheia de gente que conversa. Além à esquerda vejo o barracão feio do cinema da vila [o Chaplin]: apenas três sessões semanais no verão - terças, sábados e domingos. ([1]) (MCG - 1972.08.10)

Encontro‑me no jardim, rodeado de pessoas, digo, de crianças brincando e do trânsito automóvel. O chão está coberto de folhas secas e amarelecidas, que o vento transporta. Esse vento fresco que me fará ir embora mais cedo porque se torna desagradável. Ultimam‑se os preparativos para a Festa do Senhor Jesus dos Navegante, que se realizará nos últimos dias deste mês de Agosto, pelos vistos mês das feiras e festarolas. ([2]) (MCG - 1972.08.23)


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Feiras nos arredores de Lisboa

1997

Duas feiras têm renome. Uma é a Feira de S. Pedro de Sintra (2º e 4º domingo de cada mês), com mais de dois séculos de idade, instituída para satisfazer semestralmente as necessidades das populações da região, muito afastadas de Lisboa e sem facilidade de transportes. Trata‑se duma feira eclética, onde se vende um pouco de tudo, desde vestuário a produtos hortícolas e fruta até ao pão saloio, passando pelos alfarrabistas, antiquários e coleccionismo. Outra é a Feira das trouxas, na Malveira, quase diária, onde se vendem roupas bem como artigos domésticos e alimentares. (Notas de Viagem, 1997)

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Ericeira

1973

Domingo fomos até à Ericeira. A povoação não tem já a beleza e o pitoresco que nela se via. Prédios incaracterísticos ("É o progresso", comentava‑me a Irene [Pacheco]), ocupados pelos veraneantes, destroem a beleza e harmonia de que ainda vão sobrevivendo testemunhos. Café, cinema, praia, passeios, são o entretenimento dos "estrangeiros", cujo falar parecia mesmo uma chilreada no pequeno largo, cujos bancos e espaço enchiam com a sua presença. A estrada até à povoação é muito estreita e atravessa algumas povoações, todas elas vitimas do "progresso", como se o progresso fosse a construção de casas de mau-gosto atroz; havia muitos moinhosa maioria branquinhos e funcionando, contrariamente ao que sucede no Alentejo. (1973.09.19)

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Torres Vedras

1997

É dia de S. Gonçalo e o museu, neste domingo, está excepcionalmente aberto aos visitantes, atendendo‑nos os funcionários simpaticamente e convidando-nos para confraternizar e compartilhar com eles o jantar, transportado do exterior em grandes panelões, pois viemos de tão longe - Setúbal - e deste modo querem obsequiar‑nos. Mas declinamos o convite e prosseguimos o passeio, agora novamente nocturno, pelas ruas da povoação.

Doçaria típica desta região são, vejam lá, os pasteis de feijão!

O aqueduto com dois km. que transportava a água para a povoação, nalguns troços apresenta arcos duplos, como o de Estremoz, embora menos imponente.  

Na parte nova existem muitos edifícios Centro Comercial e o trânsito é intenso. A Câmara funciona no antigo edifício da Escola Industrial.

O museu dá conta das povoações pré‑históricas existentes na região, de que é exemplo oCastro do Zambujal,  num dos contrafortes da serra de Varatojo, com o rio Lisandro correndo lá no fundo da ribanceira., a 3 km de Torres Vedras. que não visitei desta feita.(Notas de Viagem, 1997.10.27)

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         Foz do Arelho

            1997

            Para ocidente e a norte da Lagoa de Óbidos situa-se a Foz do Arelho, vasta desembocadura do rio do mesmo nome. A estrada que para lá conduz é arborizada, com as folhas refulgindo em tons de verde nos dias de sol, aqui e além formando autênticos tuneis de folhagem. É uma das praias dos caldenses, vasto e deserto areal no dia em que lá fui, um vasto terreiro para os automóveis perto dumas casas "burguesas". Mais para o interior situa‑se a parte pobre, com casas térreas e ruas tortuosas. Logo à entrada, um amplo largo arborizado, o Largo do Arraial, com o inevitável coreto e uma casa apalaçada com capela privativa armoreada, a Quinta da Foz, já na Rua dos   Cantos. Na parte velha as ruas ainda conservam nomes " significativos": ruas das Hortas, da Fonte (que não vislumbro) ([3]), das Arroteias, dos do Cruzeiro, Central, da  Igreja, Funda, para além do Beco do Rio Seco. A igreja é nova, com a casa do padre anexa; numa parede alguém escreveu " Queremos a missa ao domingo", testemunho dum qualquer conflito entre o pároco e paroquianos.

            O nome do sítio provém do rio Real ou do Arelho, que aqui desemboca, conjuntamente com o Arnóia.

Nos arredores, para sul, à beira da estrada surge uma formação calcária isolada, onde a erosão eólica abriu pequenas cavernas e um enorme arco. (Notas de Viagem, 1997.06.28, 1997.07.08 e 1997.09.03)



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Marinha Grande

1997


            Trata-se duma vila incaracterística, que me faz lembrar o Barreiro, desenvolvida inicialmente em torno do Pinhal de Leiria e posteriormente à sombra da indústria vidreira, sobretudo a partir da instalação do inglês Stephens, um protegido do Marquês de Pombal, no século XVIII. Tal como o industrial Alfredo da Silva no Barreiro, William Stephens está omnipresente nesta localidade: o teatro, o busto no largo homónimo onde está o edifício do município... A Marinha Grande tem um ar de abandono e sujidade. A praça principal é ladeada pelos edifícios da Câmara, do teatro, da Fábrica Stephens, para além dum com armas reais que parece ter sido um mercado. Na berma do passeio dois feios e arruinados quiosques, fechados por ser domingo, mostram objectos de vidro.


            Da praça Stephens, cuidada, partem ruas, algumas pedonais, com floreiras, uma delas lembrando o protector Marquês de Pombal. A fanfarra dos Bombeiros atroa os ares, ensaiando horas a fio no quartel, monotonamente, sempre na mesma toada, preparando talvez os dias de desfile pelas ruas com a garotada e os cães na peugada, como sucedia em Luanda (Notas de Viagem, 1997.11.01)

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         Monte Real

1963

As carruagens do comboio da Linha do Oeste são antiquadas e as do Caminho de Ferro de Benguela [em Angola] são um pouco melhores. Passámos em Francelos, onde há um sanatório para doenças dos ossos. Perto de Aveiro, os campos têm pinheiros e milho. Em Coimbra nada vi, pois a estação velha não fica na cidade. De Coimbra a Monte Real vim a conversar com um sacerdote franciscano, bastante falador. O Rio Mondego estava quase seco. Havia muito arroz e oliveiras. Chegámos a Monte Real cerca das 17:30. Na Pensão Cozinha Portuguesa fiquei instalado. Um quarto do sótão, pequeno, sem água corrente, com uma clarabóia. O quarto tem uma cama com um óptimo colchão, um guarda-fatos, uma mesa de cabeceira, além do lavatório e bidé. Como é meu costume tratei de visitar a terra, tendo dois hotéis e quase duas dezenas de pensões; a nossa fica num extremo.

Domingo fui à Igreja, mas não gosto muito da arquitectura.

A comida é boa. Habituado como estou à vida na cidade, não gosto muito do campo. Aqui não se tem nada que fazer. Só comer e dormir. (1963.08.26 - Diário III)

(...) Eu e a Armanda [Meles] alugámos duas bicicletas e fomos passear na estrada do aeroporto. (...) Na esplanada do cinema há uma máquina de discos ([4]) e tenho‑me entretido a tocá-los. Temos jogado às cartas [Vivre l'amour, Burro em pé,....] (...) 5ª fomos ver o pelourinho e as ruínas do Paço de Santa. Isabel. [Fartei‑me de andar para ver um padrão velho e quatro paredes]. (1963.08.27/31 - Diário III)


Notas

[1] - Este cinema, entretanto transformado em pardeeiro, foi demolido em 1998.

[2] - Aqui se realiza mensalmente uma Feira de Velharias, que noutros dois domingos tem lugar em Oeiras e em Algés. (1998)

[3] - Virei a encontrá-la posteriormente (98.02.09), ao parar junto a uma casa que na fachada ostentava um painel de azulejos representando a Fonte dos Namorados. Vendo uma mulher que por um caminho carregava um alguidar com roupa, olhando mais para diante, lá estava a fonte, perto dum telheiro que é o lavadouro público.

[4] - Juke Box


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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)