29 de Março de 2014 às 1:56
* Victor Nogueira
Em Económicas, na Universidade de Lisboa, em 1966/68, os meus colegas alentejanos eram pessoas abertas, cordiais. Também por isso e pelo contraste, évoraburgomedieval foi para mim um balde de água fria, um sufoco. Ao contrário do que sucedia em Luanda, na casa dos meus pais, ou no Porto e no Minho, onde a porta estava sempre aberta e havia sempre lugar para mais um à mesa, a dona da pensão dizia ao estrangeiro que eu era que "primeiro a pessoa tinha de mostrar que merecia a amizade e só depois os alentejanos a concediam". Breve descobri um outro Alentejo, não o da cidade ou das vilas. Um outro Alentejo, onde se utilizava a palavra "amigo". O Alentejo, o das portas abertas, este, o das aldeias e dos campos, o dos assalariados rurais, que me acolheu e tratou como amigo e que me mostrou o valor e a força da solidariedade e do caminhar ombro a ombro, lado a lado. Antes e depois de Abril.em Maio. Sem esquecer, na minha vida, outras gentes, também especiais em solidariedade e franqueza, as de Trás-os-Montes e da Beira-Baixa.
Partilharam comigo este vídeo, apresentação dum tempo sofrido, que me comoveu. Espero que consigam vê-lo e ouvi-lo.
É verdade que apesar de ser uma terra sofrida, mais sofridas eram as mulheres, no campo, mas também nas vilas e na cidade. Como este convívio, na taberna, mostra, pela "ausência" delas.
Já a seguir, a força e a alma do cante alentejano. Para um homem nascido e criado à beira-mar, do horizonte sem barreiras, o ondear do coral alentejano, se se confunde com o ondular das searas do trigo em flor, espelha também as ondas do mar-oceano. Bom fim de semana !
foto Victor Nogueira - campos do Alentejo
foto Victor Nogueira - 1975 - évora manifestação da reforma agrária
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)