segunda-feira, 14 de julho de 2014

Agarro os restos de mim

* Victor Nogueira
.
Agarro os restos de mim
Preso por arames
Meto-me na mala
Ponho o pé na estrada
Malabarista do verbo
Bordejando as chamas
Tiro das palavras o sentido que lá não está
Hoje,
De novo á beira do caminho
Ergo novamente os diques
Tapo os interstícios da muralha que rompeste
Baixo lentamente a vizeira
Reponho a máscara
Numa pirueta
Até que o coração pare
ou a serenidade regresse
.
1987.08.07 - Setúbal


  • Sheila Gois e Nascimento Maria gostam disto.
  • Nascimento Maria Que lindo poema Victor Nogueira gostei
  • Sheila Gois É um poema forte como todos os seus o são. Nem ouso comentar, porque nunca tenho palavras para exprimir o quanto seus poemas representam. Por vezes, tudo o que precisamos é de sermos agarrados, ou termos nossos restos agarrados, para nos libertarmos daquilo que está preso em locais impróprios. Tudo para que o coração pare de sangrar ou doer, ou talvez, para recompor a serenidade há tempos perdida.
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    Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)