domingo, 31 de agosto de 2014

Vila do Conde: o aqueduto e o convento de Santa Clara

* Victor Nogueira


No alto do monte onde existiram um castro e posteriormente o castelo de D. Afonso Sanches, filho bastardo do rei D. Dinis, foi por aquele erguido o Convento de Santa Clara, em emulação do que a Rainha Isabel fundara em Coimbra. Corria o ano de 1318 quando o referido senhor feudal e sua esposa lavraram o documento que instituiu aquela casa conventual, cujas freiras pertenciam à alta nobreza. Desse convento subsiste apenas a igreja gótica, pois a ruína em que se encontrava no século XVIII levou à edificação do imponente e actual edifício, barroco, cuja 1ª pedra foi lançada em 1778.

Na igreja do Convento e na capela da Conceição encontram-se os túmulos dos fundadores e de dois dos seus filhos, esculpidos em pedra de ançã, rica e profusamente decorados como os de Pedro e Inês no Mosteiro de Alcobaça. A nudez das paredes medievais do altar-mor é quebrada por luxuriante talha dourada. Na sacristia, antiga casa do capítulo, e nos Coros alto e baixo estão expostos objectos de culto, incluindo dois belos cadeirais, pálida parcela da enorme riqueza conventual dispersa após a extinção das ordens religiosas na sequência das revoluções liberais do século XIX.

Nas cercanias encontra-se o Convento da Encarnação, também da regra de S. Francisco, erguido em 1522, muito transformado no século XVIII, com um pórtico manuelino e rica talha dourada, tendo anexo o chamado Museu das Cinzas, com objectos de culto religioso.

No convento de Santa Clara terminava o Aqueduto que o servia, erguido no século XVIII, sendo o 2º de maior extensão em Portugal, com 999 arcos, muitos dos quais já derrubados ao longo do seu trajecto.

Um dos acessos a esta zona é feito pela Rua das Donas no cimo da qual um amplo e arborizado miradouro permite ver a povoação e o Rio Ave até à foz.

FOTOS EM http://kantophotomatico.blogspot.pt/2014/08/vila-do-conde-e-o-convento-de-santa.html

sábado, 30 de agosto de 2014

entre Azurara e Vila do Conde

* Victor Nogueira


Vou em busca do Convento de S. Donato, nos arredores de Azurara, mas não o encontro, apenas terrenos inóspitos ao fim de caminhos vicinais e uma praia com ar pouco acolhedor e muitos automóveis estacionados. Retorno para Vila do Conde e vou ter à margem esquerda do Rio Ave, arrelvada, com excelentews vistas sore a povoação fonteira, onde avulta a mole imensa do Convento de Santa Clara. O dia está cinzento e fresco e lá mais para o enterdecer, quando estiver a photoandarilhar nas cercanias deste, chuviscará. Na parte baixa do prédio de esquina da rua da Junqueira com a estrada porto/viana do castelo o anúncio dum "museu", o do canteiro Manuel da Maia: miniaturas escultóricas de emarcações, de figuras típicas, de personagens locais, de ofícios tradicionais, amontoados em duas salas, uma delas minúsculas. Dos ofícios tradicionais registo o carro de bombeiros, o engraxador, o barbeiro, o marceneiro, o amolador, o cavaleiro (morgado ?) ... Pelas paredes quadros naïf de  embarcações e de edifícios "históricos".

Atravesso a estrada nacional em busca do miradouro de  Sant'Anna, mas antes deparo com a saída  das /osoperárias/os duma fábrica e dum insólito engarramento na estreita Rua de Sant'Anna, provocado por uma ambulância que recolhe um idoso dum prédio. Ruma para a ermida, com miradouro sobranceiro ao rio donde se avista Vila do Conde, mas as vistas estão encobertas por edifícios que as  "privatizaram". A capela parece-me que foi românica e nas suas cercanias estão o cruzeiro, um hotel e quatro grafitti num muro.

fotos em http://kantophotomatico.blogspot.pt/2014/08/entre-azurara-e-vila-do-conde.html

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Azurara (Vila do Conde)

texto e fotos Victor Nogueira

Azurara

Esta povoação já foi sede de concelho, com pelourinho ainda existente. Num outeiro encontra‑se a Capela de Sant'Ana - muito venerada - defronte, o mosteiro de Santa Clara e o Aqueduto, separado pelo rio Ave, onde existem ainda vestígios de azenhas. A igreja de Santa Maria, matriz do século XV, tem um púlpito exterior na torre sineira, tendo alguma semelhança com a de Vila do Conde. O cruzeiro, tal como outros que encontrei por essas terras fora, como em Óbidos, ostenta nas duas faces as esculturas de Cristo na cruz e Santa Maria.

Perto de Azurara, junto ao mar, na margem esquerda do rio Ave, fica a Capela de S. Donato (?), com uma torre ameada quadrangular de janelas góticas  - A torre estaria relacionada com a navegação costeira e a embocadura do Rio Ave. (Memórias de Viagem, 1997)


A povoação remonta à Idade Média, anterior à fundação de Portugal. Circundando a igreja matriz de estilo manuelino encontram-se o cruzeiro, o pelourinho e o que me parece ser uma das capelas dos passos da via-sacra, da crucificação de Cristo. As ruas circunvizinhas ainda conservam casas típicas e antigas de arquitectura urbana e nas janelas de dois dos prédios duas velhotas estão postadas às respectivas janelas, contemplando o raro movimento, interrogando-se talvez sobre o hominho que vai photoandando. Esta calmaria contrasta com o intenso e contínuo trânsito automóvel que passa a dois passos, na antiga estrada Porto/Viana, atravessando a ponte ribeirinha que nas horas de ponta atravanca no para/arranca, de saída e de entrada nos empregos.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ponte de Lima


foto victor nogueira . Ponte de Lima  
(Praça da República e estátua de D. Teresa, condessa de Portucale)

2014
Situada na margem do Rio Lima, a sua ponte de que restam troços romanos foi importante via de comunicação durante séculos, embora das fortificações medievais restem apenas alguns panos de muralha e torres. É uma vila aprazível mas nesta 2ª  feira os forasteiros eram imensos tal como os automóveis  estacionados por todo o lado, devido à movimentada feira quinzenal.  Encontrarlugap para estacionar é mais difícil do que encontrar uma agulha num palheiro.Desistimos de parar aqui para tomar o café e seguimos para Arcos de Valdevez, onde almoçaremos, deixando Ponte da Barca para trás. 

Saídos da Vila vamos em busca do Festival das Flores e deparamos com um jardim agradável á beira duma praia fluvial donde se avista Arcozelo – a povoação defronte de Ponte de Lima, na outra margem do rio, e uma torre ameada. Há banhistas estendidos pela relva, na maioria jovens, uma das quais desenha a paisagem envolvente num caderno. No rio evoluciona uma canoa e na esplanada não há “comes”, apenas “bebes”. O que me faz lembrar que há uns anos estivemos em Ponte de Lima para comer papas de serrabulho, um típico prato minhoto confeccionado com sangue de porco, carne de galinha, carne de porco, salpicão, presunto, chouriço, cominhos, limão e pão ou farinha de milho, entre outros ingredientes, constituindo normalmente uma sopa alentada ou acompanhamento dos rojões à moda do Minho, por exemplo. 

Mas esta referência deve-se ao facto de na altura a jovem e simpática empregada que nos servia afirmar, perante a minha incredulidade, que desconhecia onde ficavam Lisboa ou Setúbal.

1997
Situa‑se no caminho de Santiago de Compostela, destacando‑se uma ponte de pedra, medieval, com 27 arcos, que substitui as barcas que outrora ligavam as duas margens do Rio Lima  Largo com cafés com toldos e chafariz, numa margem (Praça Luís de Camões - Café Casa Havanesa), a Igreja de Santo António da Torre Velha, na outra, em Arcozelo. Ruas medievais com imponente Torre da Cadeia, um dos poucos vestígios que restam da fortificação medieval, derrubada no século XIX. A praça Luís de Camões, em aterro roubado ao rio, fica no início da Avenida dos Plátanos e possui um chafariz quinhentista com as armas da vila, o casario reflectindo-se nas águas ribeirinhas. A maciça Torre do Postigo tem marcas das cheias do Rio Lima, em 1809 e 1987. As paredes pintadas de branco ou azulejadas dumas casas contrastam com a pedra escura, granítica, justaposta, de outras. O Palácio dos Marqueses de Ponte de Lima é uma construção desgraciosa, ameada, flanqueada por duas pesadas torres, semelhante a muitas que existem pelas terras do Norte.

Do outro lado da ponte fica  o bairro de Além-da-Ponte, onde se destaca a ermida de Santo Ovídio e, e, pano de fundo, a serra de Arga.

Já mudou de nome a Rua de Dentro da Vila, mas persistem a Calçada dos Artistas e as ruas da Fonte da Vila, do Arrabalde, Formosa, para não falar do Largo da Feira.

Pelas terras em redor as casas solarengas lembram a riqueza e conforto dos senhores daqueles campos férteis. (Memórias de Viagem, 1997)

terça-feira, 19 de agosto de 2014

vila nova de cerveira


foto victor nogueira - rio minho, fronteira entre Portugal e Espanha (Galiza) em Vila Nova de Cerveira, uma pequena urbe bem cuidada de ruas empedradas e uma minúscula foritificação que protegia a povoação medieval, guarda-avançada às investidas de Castela, no interior da qual se conservam entre outros os edifícios da Igreja da Misericórdia (sec XIX), da antiga Casa da Câmara (com o respectivo pelourinho fronteiro, símbolo do poder municipal e ambos do século XVI) e a capela da Senhora da Agonia (também do século XVI),para além do enorme poço/cisterna, da torre de menagem e de várias portas e postigos, de que se destacam a omnipresente porta da traição (fuga de último recurso), a da Vila (bem defendida), a do Cais e alguns matacães. 

A fortificação situa-se numa pequena elevação e na esplanada a sul, revelim do século XVII,  tem-se umas deslumbrante vista sobre o argênteo rio Minho e vários botes, para além dum ferry boat que assegura a travessia para Espanha, agora também possível através duma recente ponte um pouco mais a montante da vila. O cervo ou o veado é o símbolo da vila. também conhecida pela sua bienal de artes