sábado, 27 de setembro de 2014

As palavras e o processo criativo

* Victor Nogueira

AS PALAVRAS 

Rede com dois gumes
letras do nosso pensamento
são
os olhos que nós temos
e os seus lábios os nossos lábios (1)

Está um domingo chuvoso, frio, cinzento! Mas as palavras não chegam a formar se na consciência, enovelam se, enevoam se, liquefazem se e a máquina [de escrever] imprime apenas nada que talvez seja muito. Ou tudo. (MLF - 1969.02.23)

Tinha uma carta já escrita, fluente na minha mente. Chegou a hora de escrevê la e ela ruiu, as palavras escorregaram por entre os dedos, em todas as direcções, e no papel nada fica senão uma pasta informe (...) Nunca liguei á poesia. Achava la inútil, algo inexistente para mim. Ouvi falar em rima (amor com fervor, queijo com vejo, morte com sorte), em métrica, etc. Das divisões silábicas apenas me lembro dos alexandrinos.... Bem, como a prosa é mais fácil, com mais canelada para a direita, menos cotovelada para a esquerda, resolvi escrever epístolas por gosto e exercícios de apuramento e chamadas escritas a contra gosto e relógio. Se alguém dissesse que eu acabaria um dia por escrever frases desiguais empilhadas umas em cima das outras a que a minha amiga chama poemas, eu rir me ia. Mas também nunca nos dias da minha vida sonhara viver em Évora e tirar um curso de sociologia. (NSM - 1969. Páscoa)

Passa da meia-noite. A hora é de silêncio e recolhimento. Contrastando com o meu estado de alma, o gira discos toca uma alegre e movimentada música espanhola. (...) A mão é muito mais lenta que o pensamento e tolhe o na sua fluidez. (NID - 1971.05.26)

Pronto. Lá arrefeceu tudo ao pegar na caneta para dizer do meu espírito, do que nele se passa. Esvai se me por entre os dedos e nas mãos apenas o resto do que não é. (NSM - 1971.12.01)

O discurso lógico trai a manifestação dos sentimentos; "as palavras são (redes) de dois gumes..." e o discurso lógico uma corrente que nos arrasta para onde não queremos. Um olhar, a mão que se levanta para acariciar um rosto, os dedos entrelaçados, o corpo que sentimos junto ao nosso, a simples presença, o saber se aqui nesta sala ou na outra, não entendes que tudo isto, na sua simplicidade, diz mais e responde e/ou acalma mais interrogações que todas as palavras? É preciso saber ler para além das palavras ou não recusar essa leitura. Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto-me e vou ali á estante busca-lo. Escolho o poema que trancreverei. Hesito na escolha. Será este!

XLV - Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Mas o que é um renque de árvores? Há árvores apenas.
Renques e o plural árvores não são coisas, são nomes.
                                    
Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso! (MCG - 1972.07.14)

Não era assim que esta carta estava escrita no meu pensamento. Aliás, no meu pensamento esta carta já teve várias formas. Mais fluidas. Variando conforme o estado de alma e o correr do tempo. Mas quando chegou a altura de fixar a fluidez do pensar, o que fica é esta pálida, imperfeita e distorcida imagem, feita de signos que se alinham em carreirinha uns a seguir aos outros. (FPG - 97.06.18)

"Natureza Morta" (2)  não me parece nem pessimista nem optimista; são apenas os olhos com que vejo Évora. (...) Os meus escritos permitem várias leituras, possibilitadas pela ambiguidade decorrente da disposição das palavras e frases, pela colocação da pontuação ou sua ausência. (MCG - 1972.10.20)

livros na minha vida


Literatura

AS PALAVRAS

Rede com dois gumes
letras do nosso pensamento
são
os olhos que nós temos
e os seus lábios os nossos lábios (1)

Está um domingo chuvoso, frio, cinzento! Mas as palavras não chegam a formar-se na consciência, enovelam-se, enevoam-se, liquefazem-se e a máquina [de escrever] imprime apenas nada que talvez seja muito. Ou tudo. (MLF - 1969.02.23)

Tinha uma carta já escrita, fluente na minha mente. Chegou a hora de escrevê-la e ela ruiu, as palavras escorregaram por entre os dedos, em todas as direcções, e no papel nada fica senão uma pasta informe (...) Nunca liguei á poesia. Achava-la inútil, algo inexistente para mim. Ouvi falar em rima (amor com fervor, queijo com vejo, morte com sorte), em métrica, etc. Das divisões silábicas apenas me lembro dos alexandrinos.... Bem, como a prosa é mais fácil, com mais canelada para a direita, menos cotovelada para a esquerda, resolvi escrever epístolas por gosto e exercícios de apuramento e chamadas escritas a contra gosto e relógio. Se alguém dissesse que eu acabaria um dia por escrever frases desiguais empilhadas umas em cima das outras a que a minha amiga chama poemas, eu rir-me-ia. Mas também nunca nos dias da minha vida sonhara viver em Évora e tirar um curso de sociologia. (NSM - 1969. Páscoa)

Passa da meia-noite. A hora é de silêncio e recolhimento. Contrastando com o meu estado de alma, o gira discos toca uma alegre e movimentada música espanhola. (...) A mão é muito mais lenta que o pensamento e tolhe-o na sua fluidez. (NID - 1971.05.26)

Pronto. Lá arrefeceu tudo ao pegar na caneta para dizer do meu espírito, do que nele se passa. Esvai-se-me por entre os dedos e nas mãos apenas o resto do que não é. (NSM - 1971.12.01)

O discurso lógico trai a manifestação dos sentimentos; "as palavras são (redes) de dois gumes..." e o discurso lógico uma corrente que nos arrasta para onde não queremos. Um olhar, a mão que se levanta para acariciar um rosto, os dedos entrelaçados, o corpo que sentimos junto ao nosso, a simples presença, o saber se aqui nesta sala ou na outra, não entendes que tudo isto, na sua simplicidade, diz mais e responde e/ou acalma mais interrogações que todas as palavras? É preciso saber ler para além das palavras ou não recusar essa leitura. Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto-me e vou ali á estante busca-lo. Escolho o poema que trancreverei. Hesito na escolha. Será este!

XLV - Um renque de árvores lá longe, lá para a encosta.
Mas o que é um renque de árvores? Há árvores apenas.
Renques e o plural árvores não são coisas, são nomes.
                                    
Tristes das almas humanas, que põem tudo em ordem,
Que traçam linhas de coisa a coisa,
Que põem letreiros com nomes nas árvores absolutamente reais,
E desenham paralelos de latitude e longitude
Sobre a própria terra inocente e mais verde e florida do que isso! (MCG - 1972.07.14)

Não era assim que esta carta estava escrita no meu pensamento. Aliás, no meu pensamento esta carta já teve várias formas. Mais fluidas. Variando conforme o estado de alma e o correr do tempo. Mas quando chegou a altura de fixar a fluidez do pensar, o que fica é esta pálida, imperfeita e distorcida imagem, feita de signos que se alinham em carreirinha uns a seguir aos outros. (FPG - 97.06.18)

A "Natureza Morta" (2)  não me parece nem pessimista nem optimista; são apenas os olhos com que vejo Évora. (...) Os meus escritos permitem várias leituras, possibilitadas pela ambiguidade decorrente da disposição das palavras e frases, pela colocação da pontuação ou sua ausência. (MCG - 1972.10.20)

Já li (em Pointe Noire) os seguintes romances célebres: A Cabana do Pai Tomás, de Harriet Beecher Stowe  (um livro que foi dos poucos que me fez verter lágrimas). É um romance a mostrar como os escravos negros eram tratados, separados dos filhos e das mulheres, obrigados a casar com outras (ou com outros), não importando se eram cristãos ou não), Fabiola, do Cardeal Wiseman (perseguições aos cristãos no tempo do começo do cristianismo), A Estranha História de Oliver Twist, de Charles Dickens, A Letra Escarlate, de Nathaniel Hawthorne, A Dama do Nevoeiro, O Pirata, Rob Roy, O Cavaleiro da Escócia, todos de Walter Scott, Quo Vadis, de Henry Lienkyewicz e Feira das Vaidades, de William Tackeray. (NSF - 1959.08.09)

Ultimamente tenho lido pouco: "Angola do Meu Coração", de João Falcato (um bom livro) e "Como Serpa Pinto Atravessou a Àfrica". Gostei de ambos, embora sejam de géneros diferentes. (ASV - 1962.09.24)

Comecei a ler "A Casa a Vapor" de Jules Verne. Os seus livros são bons, mas frequentemente metem longas explicações, que por vezes maçam. (1963.09.26/28 - Diário III)

Comprei o livro "West Side Story", baseado no filme homónimo. Contudo há algumas diferenças. A reunião entre os Jets e os Sharks no filme é na loja (café) do velho Poc e não num café. No filme nunca aparecem os pais de Bernardo e Maria. Neste, quando Tony é morto, os dois "gangs" encontram se frente a frente e juntos transportam o cadáver de Tony. Este sorria para Maria quando foi abatido. Também não se faz referência à mãe de Tony. Mas o esqueleto, por assim dizer, é o mesmo. (1963.10.17 - Diário III)

Comprei o livro "O Homem que Matou Liberty Valance. Não é nenhuma obra prima da literatura, mas lê-se. Gostaria de ver de novo o filme. Como sempre há diferenças entre um e outro, tanto mais que o livro serviu de inspiração ao filme. (1963.10.18/19 - Diário IV)

Acabei de ler "Índias Negras" e "Aventuras de 3 Russos e 3 Ingleses", de Jules Verne. Já me não lembrava do enredo do primeiro. Já li bastantes livros deste autor, pelo menos uns dezasseis romances. O outro autor que mais li é o Sir Walter Scott, com cerca de dez romances. Com menos obras li outros autores, principalmente das Colecções "Obras Escolhidas de Autores Escolhidos" e "Europa América". Entre outros posso citar Eça de Queiroz, Camilo, Herculano, Júlio Dinis, entre os portugueses. Entre os estrangeiros, além dos citados: Stevenson, Alexandre Dumas, Dostoiewski ("Crime e Castigo"), Ballantyne, Marryat, Mark Twain, Charles Dickens, Victor Hugo, John Steinbeck ("A Leste do Paraíso"), Erich Maria Remarque e muitos outros. Um livro que me agradou muito foi "A Cabana do Pai Tomás", de Beecher Stowe.

Isto não quer dizer que eu leia só bons autores; quando não tenho mais nada também leio "cowboyadas" e outros afins, embora não morra de amores por eles. ((1963.11.14 - Diário IV)

[Durante a viagem] lia "O Céu Não tem Favoritos", de E. Maria Remarque. É um pouco filosófico, mas não desgosto. (1963.11.24/26 - Diário IV)

Tive hoje exame de Geografia Económica com ... quinze valores. (...) Comecei a rever a Géographie Économique do Froment mas 560 páginas pareceram-me excessivas pelo que resolvi passar para as 200 intragáveis do Pierre George, que achei indigestas, e vai daí resolvi contentar-me com as resumidas e chatíssimas oitenta páginas do "book" do 6º ano [liceal].(NSF - 1969.10.07)  

O "teu" Eugénio de Andrade tem poemas belos mas o António Reis (Poemas Quotidianos), para mim, não lhe deve nada, embora seja um poeta algo desenganado: a vida que ele reflecte é um rosto sereno com rugas ao canto dos olhos sorridentes; às vezes duma bondade repousante, outras reflectindo um certo cansaço, um certo desengano. Existe amor - em certa medida tal como o entendes - na simplicidade dos seus "Poemas Quotidianos". Por isso gosto deles. (NSM - 1971.04.11)

Reli o "Diário de Anne Frank, cujos problemas eram os meus quando adolescente. Estava a relê lo e a lembrar me também das conversas da Maria Antónia [Ferreira de Almeida] comigo. Li também "A Velhice do Padre Eterno, de Junqueiro. Este teve melhor sorte que um outro exemplar, que o zelo católico da minha mãe houve por bem rasgar. Nada lhe acho de chocante. Parece me que será mais evangélico que muitas obras piedosas que se alinham em casa do meu avô Barroso. Fui forçado a mudar a minha opinião acerca de (alguns) livros da [Biblioteca] RTP. Gostei do Fernando Namora e, sobretudo, do Branquinho da Fonseca (excepcional a descrição feita no 3º e 4º parágrafos do conto "Um Pobre Homem"). A venda dos "Esteiros" de Soeiro Pereira Gomes foi proibida em Angola. Duvido que chegue também "O Valente Soldado Chveik". (NSM - 1971.09.03)

Toda a vida é uma enorme representação teatral, um palco mundano. (Lembras te, Shakespeare? Lembras te, Stau Monteiro da "Angústia para o Jantar? (NSM - 1971.12.03)

Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto-me e vou ali á estante busca-lo. Escolho o poema que trancreverei. Hesito na escolha. Será este!  (MCG - 1972.07.14)

Gosto do Eça de Queiroz,  da sua lucidez e da sua ironia. (...) Comprei um romance, "O Mandarim" e três livros de notas: "Cartas Familiares e Bilhetes de Paris", "Echos de Paris" e "Notas Contemporâneas" . (MCG - 1972.09.06)

Lembro me duma das passagens do "Diário" de Anne Frank, na qual esta se refere ou faz uma ode à sua querida caneta desaparecida. (MCG - 1972.11.08)

As "Crónicas" do Fernão Lopes  são um prazer de leitura e linguagem. (MCG - 1972.12.09)

[Comprei] uma antologia do "Deccameron, de Bocaccio, autor italiano medieval. Um primor! (MCG - 1973.01.06)

Comprei hoje um livro muito interessante - ou não fosse satírico - e que tem levantado uma grande celeuma, originando  um discurso do Casal Ribeiro, na Assembleia Nacional; este senhor é salazarista ferrenho e de boa memória, venerador e obrigado, e o livro é um gozo pegado sobre o Governo de Salazar. O livro "Dinossauro Excelentíssimo". O autor - José Cardoso Pires. Comprei também  "Novelas do Deccameron", selecção de novelas dum escritor italiano medieval - Boccacio - de quem já lera uma outra antologia - "Histórias Eróticas" (Editorial Inova). Do ponto de vista estilístico gostei mais do primeiro (como a das "Crónicas" do Fernão Lopes). Mas o último tem novelas não contidas no outro e simplesmente deliciosas! Pena terem adaptado a linguagem medieval à dos nossos dias. (MCG - 1973.01.22)

Olho para a minha direita e vejo um enorme calhamaço: "Os Macondes de Moçambique", vol III - "Vida Social e Ritual". Terei de consultar este e os dois primeiros para redigir a monografia de Antropologia Cultural. (MCG - 1973.01.26)

Ando a ler um "Livro Vermelho dos Cábulas e farto me de rir. (MCG - 1973.03.28)

O Arcada é um zum-zum de vozes e louça e máquinas e cadeiras atiradas. Na mesa ao lado o Camilo  delicia-se com o "Ricardo III" do Shakespeare. De vez em quando comunica-me um ou outro dos diálogos da peça. (MCG - 1973.06.08)

Entram pessoas de luto e há cumprimentos de mesa a mesa. Precisava duma câmara de filmar. Sobre a minha mesa, "O Século" (sabe) que dentro de dias será descerrada em Luanda uma estátua ao Marcelo [Caetano]. Para além d'O Século a lapiseira, um livro ("A Sociedade de Consumo") e o porta-moedas (agora é incómodo trazê-lo no bolso). (...) ( MCG - 1973.06.10)

(...) De tarde requisitei a sala de jantar, mais fresca, e lá fiz o estendal de livros e códigos e leis e decretos leis, para tentar fazer um esquema da matéria para ver se amanhã me conseguia safar [no exame de Direito do Trabalho] (MCG - 1973.06.28 B).

A fúria do Zé do Casarão -  Hoje à tarde o dono do Zé do Casarão estava furioso, telefonando quando por lá passei a comprar o "Comércio do Funchal" (agora gastando páginas numa inútil polémica com a "República"; uma guerra de alecrim e manjerona!). E o senhor desabafou comigo. Estava furioso com o chefe da PIDE. Que mandou lá buscar o último fascículo da "Enciclopédia do Vilhena", que foi devolvido meia hora depois, por um contínuo, que disse: "O senhor chefe diz que pode vender!" Ah! Ah! Ah! Porque, dizia o Zé, “Isto é um abuso. Se queria ler, pedia-mo emprestado. Porque ele não tem competência para decidir ou não da apreensão de revistas e livros, sem autorização do Ministro do Interior." Ah! Ah! Ah! E acrescento-lhe eu: "E de qualquer modo não podia levá-lo sem levantar um auto de apreensão" E lá deixei o Zé, furioso, telefonando não sei para quem." (1) (MCG - 1973.11.27)

Dizia a BBC ontem que prosseguia o chamado "julgamento" das 3 Marias” (Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa) autoras dum livro chamado "Novas Cartas Portuguesas” sobre problemas da mulher portuguesa, que a acusação pública considera pornográfico e ofensivo da moral e dos bons costumes. Mas uma das testemunhas de defesa, Maria Emília... , afirmou que ofensivo da moral e dos bons costumes era o facto duma mulher não poder andar na rua e transportes públicos em Lisboa (e em Évora ?) sem ouvir piropos indecorosos e ser apalpada. Referiu também as vantagens que os homens da classe alta tiram impunemente da sua posição sobre as jovens das classes inferiores.  (MCG - 1974.03.21)

Pois é, após uma semana muito agitada por parte das altas personalidades do regime o Marcelo fez um discurso exemplar nas suas contradições; para além disso, um tentar rebater as teses de Spínola, publicadas no seu livro “Portugal e o Futuro” – que ainda não chegou a Évo0ra, aqui a 137 km de Lisboa. Um discurso estafado, que não engana quem dos mecanismos políticos e económicos conheça alguma coisita. (MCG – 1974.04.05]

A despropósito – que tal a aprendizagem com o livro do Spínola ? Ao longo dele fala-se muito no povo e em plebiscito. Claro que haveria “uma preparação prévia”. Mas … e deixavam exprimir-se todas as correntes de pensamento e opinião? “ Restaurariam entretanto as chamadas “liberdades”, nomeadamente de associação, reunião e liberdade de expressão e difusão do pensamento? Não o creio. E submeter-se-iam aos resultados do referendo ? Ainda mesmo se ele fosse desfavorável?  Por isso desde 1928 não vão os governos portugueses em “cowboyadas” não venha por aí abaixo a revolução, que obrigue certa gente a cavar … e não propriamente batatas (Só me falta ler do livro o capítulo “Uma hipótese de estruturação política da nação” …  para que tudo – inteligentemente – continue como danes) (MCG 1974.04.10)

Apareceu-me hoje lá em casa [da D. Vitória] o Alexandre Vaz, que está de férias em Portugal. Termina a comissão militar em Angola daqui a 11 meses. Contrariamente ao que supunha por ele pouco soube da situação política em Angola (Apenas que o livro de Spínola está lá proibido, embora tivesse sido distribuído o [semanário] “Expresso” que trazia largos extractos de “Portugal e o Futuro”)  (MCG 1974.04.23)

É segunda-feira em Évora. O Arcada vozento e cheio. Circundo o olhar e não reconheço a maior parte das pessoas, que falam com grandes movimentos das mãos e do corpo - alguns - ou lêm o jornal: "A Bola" ou "O Século". Está um dia luminoso e soalheiro, este ano sem desfiles militares. Jovens esquerdistas cá do burgo pretendiam organizar um comício anti-colonialista mas parece-me que ficou tudo em águas de bacalhau (MCG - 1974.06.10)

Que dizes a esta poesia ("Impossível") cheirando a fins do séc.XIX? Parece me que o Cesário Verde , pelos outros poemas, consegue retratar fielmente o ambiente da burguesia do seu tempo - que Eça de Queiroz retratou também, admiravelmente, nos seus romances. Mas Eça era satírico, mantinha se alheado daquilo que escrevia. Enquanto que o Cesário parece viver aquilo, não só o ridículo, o mau gosto (a meus olhos) duma certa maneira de sentir e de agir. Para além disto, as pessoas miseráveis, a cidade, o povo, aparecem e perpassam pelos seus versos, muitas vezes contrapostos aos delíquios e aos sentimentos da pequena (e abominável, ridícula) pequena burguesia - que aspira a ser aquilo que não é, a uma grandeza que não tem e para que não foi talhada, porque apenas vivendo de exterioridades e aparências, sem uma vivência autêntica. (MCG - 1973.06.28 B)

Comprei hoje o "Elogio da Loucura, de Erasmo. Foi escrito no séc.XVI e tem partes muito interessantes (ou não apreciasse eu a ironia e o humor!) (MCG - 1973.07.24)

Quanto ao "Octavio Mouret do Zola faz me lembrar uma frase do "Manifesto Comunista" de Marx e Engels: "Os burgueses encornam se mutuamente".

Acabei de ler o último livro da Unibolso - de Aldous Huxley, "Admirável Mundo Novo. Um pouco na linha de um outro que originou um filme: "Fahrneit 451 - Grau de Destruição. (MCG - 1973.11.08)

Estive hoje na Biblioteca do Instituto folheando um livro "A Portuguese Rural Society", um estudo feito por João Cutileiro numa povoação alentejana que não consigo localizar e que ele designa por Vila Nova e Vila Velha. Fiquei apaixonado e tenho de lá voltar para lê-lo, apesar do gelo do salão onde está a biblioteca. (MCG - 1973.11.21)

Acabei de ler um livro que apreciei imenso: "Cem Anos de Solidão", de Gabriel Garcia Marquez, que relata a vida duma família (os Buendía) que fundam uma aldeia (Macondo), i.e., desde que fundaram a aldeia até ao seu desaparecimento. Para além das análises psicológica e sociológica das personagens e da vida da aldeia (e a repercussão dos acontecimentos exteriores), interessou-me o "misterioso" que perpassa ao longo das páginas, cujo significado surge nas linhas finais. (MCG - 1973.09.14)

Comprei hoje um livro de que o Pedro (...) me falara em tempos: "Le Sexe au Confessionnal", que reproduz uma série (parte de 600 e tal) confissões sobre questões sexuais gravadas por um casal em variadas igrejas de Itália. Entrevistas muito interessantes, reveladoras dum certo tipo de mentalidades. (MCG - 1974.01.08)

Li o princípio e o fim da "Casa da Boneca", de Ibsen. Não tive paciência para ler o meio, pelo que fiquei sem saber como tinha ela (a Nora) arranjado as "massas". Se te lembras, diz me, OK? (MCG - 1974.01.16)

Comprei sábado passado um livro de Desmond Morris, - "O Casal a Nú", cuja leitura achei interessante. Pretende ser um estudo psicológico dos gestos das pessoas, "desde a amável pancadinha nas costas ... do formal aperto de mão á cópula mais apaixonada". Na sua obra o autor procura interpretar o significado dos gestos humanos, buscando o tal significado nos animais ou na história dos costumes humanos, vendo como a maioria deles, embora frequentemente estilizados, correspondem ou antes, pretendem transmitir uma mensagem, com o seu código de leitura. (MCG - 1974.02.17)

Aquela fotografia do "Cinéfilo" uma jovem sentada num banco, atrai o meu olhar que nele se detém: cara de menina ausente (embrenha em profundos pensamentos?) ambas as mãos segurando a chávena que leva á boca, a aliança na mão direita. No corpo, um roupão entreaberto, deixando ver o seio esquerdo, as calcinhas brancas, as pernas cruzadas ... Uma fotografia erótica, reproduzida talvez em milhares de revistas, vista por milhares de indivíduos, que á noite beijarão ou farão amor com a mulher que não têm ou não lhes agrada ou pretendem impôr áquela imagem e semelhança.

O livro de Desmond Morris, "O Casal a Nú" é também deste género de leitura mistificadora, que pretende cloroformizar as pessoas. (MCG - 1974.04.06)

Não sei se aprecias literatura humorística. Se assim for, o último livro Unibolso tem interesse: "Aventuras de Tom Sawyer", de Mark Twain. Aqui fica a recomendação. (MCG - 1974.04.10)

O "Diário de Lisboa", ao domingo, tem vindo a publicar as "Cartas de Soror Mariana"; não me despertou o interesse para ler a primeira, mas resolvi ler as seguintes e gostei. São muito expressivas e embora eu não conceba amores dramáticos áquele ponto, compreendem se os sentimentos daquela mulher. MCG - 1974.04.17)

À cautela passo pelo Nazareth para arranjar um exemplar do "Portugal e o Futuro”, de Spínola, que não circula em Angola [proibido pela censura]  e que o meu irmão [Zé Luís] tem interesse em ler.(...) (MCG 1974.04.25)

Olho pela montra da leitaria para localizá-la e ... é mesmo ao lado da Rua Venceslau de Morais, um dos meus escritores preferidos da juventude. Acho que foi oficial da Armada Portuguesa, tendo se fixado e morrido no Extremo Oriente, por cujos usos e costumes se apaixonou e serviram de motivo aos seus livros. (1974.11.08)

Acabei de ler pela 1ª vez um livro de Gorki - "O Espião", que conta a história dum informador da OKRAANA - será assim que se escreve o nome da "PIDE" da Rússia czarista? É um romance bem escrito, mas ... é um romance, que para além disso fala no povo e nos revolucionários, situando se a acção cerca de 1905, quando após uma série de sublevações populares, apesar e por causa dos massacres [efectuados] pelos cossacos (do czar), este último se vê forçado a conceder ao povo uma Duma, ou Assembleia Constituinte. (1974.11.28)

Ler um livro de contos de Oscar Wilde, que me encanta. (MMA - 1986.12.17)

Vou ainda ler dois álbuns de BD do Lucky Luke, um deles é A Noiva de Lucky Luke, em cujas histórias não aparecem normalmente mulheres, pois ele é um cowboy solitário, muito longe de casa. Houve três excepções: Calamity Jane (vaqueira, pistoleira e prostituta) e Sarah Bernardt (actriz), ambas com existência real. Mas neste A Noiva de Lucky Luke o autor é de um reacionarismo atroz, apresentando as mulheres como frívolas, sem cabeça, e uma "manada" conduzida pelo herói, atravessando os Estados Unidos à procura de marido, facto que é real. (...) (MMA - 1987.01.08)

Enviei-lhe alguns livros, que espero aprecie. Tenho procurado que sejam humoristícos, salvo o da Agatha Cristhie, que ela aprecia, por conter no fim uma relação das suas obras publicadas em português. Dos seus detectives apenas gosto da  Miss Marple, embora também tenha apreciado o da série televisiva dedicada ao  Poirot, por causa do actor-intérprete, tal como o imagino, embora não aprecie muito os romances escritos em que ele é personagem. O Sherlock Holmes foi outro detective que me pareceu muito conseguido na versão televisiva. Creio que presentemente estão a passar num dos canais outra série baseada em romances da Agatha, uma cuja heroína, se não me engano,  é a Tupence.

Quanto ao Rantanplan é um cão muito inteligente, tanto ou mais quanto o mais alto dos irmãos Dalton. No entanto costumo comprar ali na tabacaria uma revista cujo herói é um guerreiro chamado Groo, que a páginas tantas arranjou um cão, o Ruperto, não ficando qualquer deles atrás do Rantanplan em termos de perspicácia. Nada que se compare à Milou, fiel acompanhante do Tintin. (MMA - 1993.08.03)

Trouxe quatro álbuns do Calvin bem como uma colectânea de anedotas, muitas das quais me divertem imenso. E também uma colectânea de anedotas.xe "anedotas (colectânea de)"§ A primeira vez que folheei este livro numa livraria dei por mim a rir às gargalhadas, pelo que resolvi arrumá-lo de novo e rapidamente no mostruário, não fossem pensar que tinha enlouquecido e me ria a bandeiras despregadas só por folhear um simples mas volumoso livro de capa azul. Depois comprei-o numa Feira do Livro e durante algumas noites o meu vizinho velhote do andar de baixo deve ter pensado que eu me passara da mioleira, pois até altas horas da madrugada me deve ter ouvido rir, numa altura em que eu já vivia sozinho. (MMA - 1993.08.20)

Disse-te um dia destes que relera com emoção um poeta que é o Eugénio de Andrade, de quem talvez tenha noutro tempo transcrito para ti alguns poemas. Dou comigo a relê-lo com uma certa tristeza. Porque afinal muitos dos poemas do Eugénio de Andrade expressam não a plenitude da alegria do amor alcançado mas a nostalgia do que se perdeu ou não alcançou. (MMA - 1993.09.25)

1 - Poema escrito em Évora - 1971.Novembro
2 - Poema escrito em 1972.10.17, em Évora, sobre esta cidade,
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(...) Lembras-te do Cunha? Em Luanda era um alfarrabista de corpo dolorido e disforme a quem os miúdos roubavam e provocavam. Cria em mim, esperava ainda ver o meu canudo de senhor doutor, dizia ser eu um jovem diferente dos outros e nunca o consegui convencer do seu erro; falávamos de ópera e ele trauteava as árias, falávamos do Camilo e do Zola e da enorme fortuna que ele teria se o os livros em stock fossem libras. O homem que não conseguiu ser ele mesmo, condenado a vender a abominável literatura de cordel. "Escreva-me, não se esqueça deste pobre velho!" "Havemos de ver-nos nas Ferias Grandes! " O meu postal ficou sem resposta. O Cunha morreu, só, abandonado, como um cão! (Eu, que era seu amigo, nunca o convidara para a minha mesa). E nas tardes quentes e plúmbeas mais uma voz silenciou-se: os frigoríficos do Pólo Norte - Frimatic, o Rei dos Frigoríficos - substituem os livros que nunca foram libras! (1)

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1 - Escrito em Évora, em 1969.03.16 (Num repelão) O Cunha havia falecido em fins de 66, princípios de 67. O "Notícias" de Luanda dedicou-lhe umas linhas, lastimando a sua morte e o egoísmo dos homens. Teriam posto em leilão os livros da livraria e a Casa dos Frigoríficos anexou a lojeca, perto da Sé. Ficou deste modo privado do seu único meio de subsistência. O seu sonho era vender tudo e regressar a Portugal (à Metrópole, como então se dizia). Gostaria de ter vendido bons livros, de ter sido um bom alfarrabista. E dizia-me, quando vim para Lisboa: "Escreva-me, meu amigo, não se esqueça deste velhote. O senhor há-de ser alguém!" (NSF - 1968.08.20)


Houve um caso similar dum tal Sousa Lara contra José Saramago a propósito do romance “Evangelho segundo Jesus Cristo”, impedido de concorrer ao Prémio Literário Europeu. Sousa Lara foi Subsecretário de Estado da Cultura dum Governo PSD e justificou a sua atitude porque o romance não representaria Portugal e porque segundo Lara “atacou princípios que têm a ver com o património religioso dos portugueses. Longe de os unir, dividiu-os.” E acrescentava em declarações ao “”Público” que essa sua “atitude nada tem a ver com estratégias de venda, nem sequer com opções literárias. E muito menos com as escolhas políticas de Saramago. Não entrou em linha de conta o facto de ele ser comunista ou pertencer à Frente Nacional para a Defesa da Cultura”

Por essa altura um senhor Duarte Pio, da Casa de Bragança cuja Fundação tb foi atingida hoje por “Paços” de Coelho alinhou no coro contra o “Evangelho” de Saramago, não pk o tivesse lido mas pk lho haviam dito, entoando loas a Eça de Queirós, de que nunca terá lido “A Relíquia” ou “A Velhice do Padre Eterno” de Junqueiro ou o Menino Jesus de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro,

Mas a verdade é que Saramago ganhou o Prémio Nobel da Literatura e a sua obra não está esquecida, como não estão as de Eça, Pessoa, Guerra Junqueiro ou Fernando Pessoa. Tal como Teresa Horta conjuntamente com Maria Velho da Costa e Isabel Barreno ficarão na história pelas “Novas Cartas Portuguesas”, proibidas por Marcelo Caetano e levadas a tribunal … “por ofensa à moral e bons costumes” apesar da onda de protestos internacional ccntra o Governo de Marcelo.

Assim e quanto ao Dom da Casa de Mateus ou a Sousa Lara tal como ao senhor Duarte Pio ou ao Marquês de Bolama que proibiu as “Conferências do Casino” por defenderem dissolventes ideias republicanas e socialistas serão referidos em notas de roda-pé não pelos seus méritos mas pela sua incultura e ultra-montanismo. [A propósito da Casa de Mateus, do Prémio D. Dinis atribuído a Maria Teresa Horta pelo seu romance "As Luzes de Leonor" e de Passos Coelho, primeiro-ministro dum Governo PSD]

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sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Luuanda - Escritores Angolanos lá em casa e não só

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Luuanda
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* Victor Nogueira
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Sempre foi de família haver bibliotecas mais ou menos extensas: a dos meus pais era essencialmente constituída por livros científico/filosóficos, técnicos, de engenharia, civil, física ou química e hobbies estilo Popular Mechanics, embora houvesse outros pequenos nichos, onde cabiam os livrinhos da Colecção Imbondeiro, do Lubango (então Sá da Bandeira), recebidos por assinatura, para além de poesia inédita da minha mãe e do meu tio Joaquim, para não falar de Guerra Junqueiro que li às escondidas da minha mãe, descoberto o esconderijo (A Velhice do Padre Eterno), de Soares de Passos, de Alda Lara e Geraldo Bessa Victor ou da «Antologia de Poetas Angolanos», mimeografada, publicada em Lisboa pela Casa dos Estudantes do Império, em 1962. É claro que não posso deixar de referir os livros etnográficos de Óscar Ribas e também os dum defensor da gesta imperial lusitana que era Reis Ventura, previamente publicados em folhetim [no mattino A Provincia de Angola], para além de Cochat Osório.
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Lembro-me então da enorme celeuma que foi a atribuição a Luandino Vieira do Grande Prémio de Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1965, que levou à sua extinção pela «provocação» de premiar um livro de três contos intitulado Luuanda, baseados na oralidade dos musseques e no entrosamento do português com o quimbundo. Li nessa altura o livro, do qual gostei, apesar do ineditismo da linguagem escrita a que não estava habituado, embora na altura se desencadeasse uma grande ofensiva contra a obra, logo proibida pela PIDE, afirmando-se alto e em bom som que o autor nem português sabia escrever.
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Outra fonte de leituras em Luanda era a biblioteca do meu tio José João, arquitecto, onde predominavam a prosa, incluindo a neo-realista, bem como livros de arte e arquitectura, em português ou inglês. A minha biblioteca pessoal de então baseava-se em literatura (prosa), história e divulgação científica, para além da BD (O Senhor Doutor, O Mosquito, Mundo de Aventuras, Titã, Cavaleiro Andante ou Zorro, o Gibi e outras revistas de BD brasileiras, como a Histórias em Quadrinhos ou a Ciência em Quadrinhos ou uma colecção em BD de granes obras da literatura universal, para além duma revista da MP (Mocidade Portuguesa - chamada salvo erro «Camarada»). O meu gosto pela poesia e pelo teatro surgiram muito depois, já em Lisboa e Évora. E porque não referir uma colecção de divulgação científica de  Rómulo de Carvalho, o poeta António Gedeão [oferecida dma assentada pelo  me pai] ?
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O meu tio José João oferecia-me regularmente livros de divulgação científica, história e enciclopédicos - em francês ou inglês, que os não havia em português na altura - livros que me levaram a relativizar a epopeia dos "descobrimentos", pois neles esta ficava reduzida a uma ou duas linhas e aos nomes de Henrique, o Navegador, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães, muito longe da lista enorme de "heróis" que o salazarismo nos obrigava a "encornar".
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Já as dos meus avós, em Portugal, eram mais pequenas: a do meu avô Luís por livros de química - pois ele era químico analista - livros do Victor Hugo e uma colecção completa dos livros do Júlio Verne, do século XIX, ilustrada e encadernada a pele, herdada do meu bisavô, e a do meu avô Barroso - guarda-livros no BNU - era mais religiosa, enquanto na do meu tio materno, ex-seminarista, predominavam os dos inúmeros cursos superiores que ele começava mas não terminava, desde a medicina à literatura e filosofia [ou direito], Livros em francês, inglês, alemão ou espanhol [idiomas. Quanto a jornais, o meu avô paterno lia o 1º de Janeiro e o Jornal de Notícias, e o meu avô materno o Comércio do Porto e o jornal da Diocese do Porto, cujo nome me não ocorre, um pouco progressista para a época!
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Claro que em Luanda também havia a leitura regular de jornais como a Província de Angola, o ABC, por vezes O Comércio de Luanda, cujo director era amigo da faamília, para além dos suplementos infantis do Jornal de Notícias (PimPamPum, enviados regularmente de Portugal pelo meu avô paterno, tal como o Cavaleiro Andante), da Província de Angola (O Bambi) e creio que da Eva (a Joaninha). Para além das revistas como a Revista de Angola, O Notícias de Angola, O Cruzeiro e o Grande Hotel, (fotonovelas) estes do Brasil, ou o Paris-Match e o Le Courrier de l'UNESCO. Sem esquecer a[s] revista[s] Time [e Life], assinada[s] pelo meu tio José João. 
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Enquanto criança e adolescente eu lia tudo, da Colecção Céu Azul (da Minerva) até a uma colecção infantil da Romano Torres passando por uns livros em pano, ilustrados, desde a Condessa de Ségur à Biblioteca dos Rapazes (versões adaptadas), que incluía o Mark Twain passando pelo Ballantyne e outros, como o Robinson Crusoe ou o Swift, do Guliver no País das Maravilhas ou o D. Quixote, de Cervantes, a Colecção Livros para Rapazes, da Civilização Editora (biografias e divulgação Científica), uma colecção brasileira juvenil de divulgação científica ou a Colecção TerraMar (aventuras - da Minerva) ou westerns, capa e espada, do Paul Féval ao Alexandre Dumas, e livros para «adultos», do Hans Helmut Kirst ao Sven Hassel [e Erich Maria-Remarque], do Walter Scott ao Chaeles Dickens e do Jorge Amado ao Júlio Dinis, Trindade Coelho e Eça de Queirós, do Júlio Verne ao Emílio Salgari (e Sandokan, o Tigre da Malásia), da Colecção Século XXI (Europa-América) aos Livros do Brasil (colecção Dois Mundos), passando pelas Obras Escolhidas de Autores Escolhidos (Ed. Romano Torres) ou pela Colecção Miniatura (tb da Livros do Brasil) até aos policiais das Colecções Xis e Vampiro. para além das obras de Charles Dickens e Walter Scott.


Quatro livros "marcaram-me": O Diário de Anne Frank, Coração, de Edmundo de Amicis, Que faz Correr Sammy, de Bud Schulberg e A Cabana do Pai Tomás, de H.B.Stowe,
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E não esquecer a Colecção das 3 Abelhas, cujo editor não me ocorre de momento ou, dirigida por Simões Muller, a Colecção Gente Grande para Gente Pequena. Dum livro anti-comunista cujo autor esqueci até à Ascensão e Queda do III Reich. Numa semana «devorei» a Guerra e Paz de Tolstoi (um livro imenso em letra minúscula). O Exodus, de Leon Uris, foi lido num domingo. Para não falar numa Colecção de capa amarela, duma editora que não recordo, mas lembro-me do romance Corpos e Almas, de Maxence Van Der Meersch ou de Axel Munthe e Selma Lagerlöf. Aquela editora tinha também uma colecção de capa branca, que a minha tia Lili tem na sua pequena biblioteca. Da colecção Miniatura ficaram-me na memória de então as obras de Georges Simenon e de Pierre MacOrlan. 
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Outros livros que me «marcaram» foram «Por Favor Não Matem a Cotovia», de Harper Lee e «Tom Brown na escola», de  Thomas Hughes, tal como os do referido Charles Dickens,[sem esquecer Steinbeck e Hemingway]. Livros religiosos, esses não havia nas bibliotecas familiares em Luanda, salvo os grossos missais meu e da minha mãe, em papel bíblia. Que o meu pai era nessa altura ateu e agora agnóstico, mas nunca proibiu a educação católica dos filhos. Do lado paterno eram todos ateus, salvo a minha tia avó e católica Esperança, e do lado da minha mãe todos católicos - até tinham um familiar que fora missionário em Angola e mais tarde Bispo do Porto,  D. António Barroso, exilado duas vezes pela 1ª República, 
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A Celeste, mãe dos meus filhos também tinha em solteira uma pequena biblioteca, onde pontificava o Urbano Tavares Rodrigues, para além dos livros profissionais de pedagogia escolar ou infantil e dos livros enciclopédicos. Quanto ao Rui e à Susana seguiram as pegadas familiares e apanharam o vírus e já têm avantajadinhas e diversificadas bibliotecas, tal como filmotecas ou discotecas. A fotografia, essa ficou pelo meu pai e tio José João, para além de mim. O Rui ficou-se pela escrita e pela poesia, sobretudo em inglês. E pela composição musical, guitarrista e vocalista em duas bandas que abandonou, como tudo aquilo em que se mete, desperdiçando as suas qualidades, que também incluem o desenho, que não explora. Quanto à Susana, depois do divórcio dos pais, deixou a dança rítmica, a escrita e o canto. A Celeste tinha uma linda voz para cantar e era uma dançarina, qualidades que não tenho. Mas quer a mãe quer a filha sempre tiveram uma enorme timidez para cantarem em público, tal como a minha mãe que, para além disso e com o meu pai, formavam um par de dançarinos de respeito.
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E as filmagens não passaram do meu pai e do meu tio José João, que não se converteram às câmaras de vídeo.
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Depois havia o cinema: éramos todos frequentadores habituais das salas de cinema, de ópera quando lá aparecia de vez em quando no cine-teatro Restauração (hoje sede do Parlamento), e sócios do Cine-Clube de Luanda (de que tenho uma colecção quase completa dos programas), com passagem prévia minha e do meu irmão pelo Cine-Clube Infantil de Luanda. E não esquecer as matinées infantis, com documentários e desenhos animados, salvo erro às quintas-feiras no Cine Bar Dancing Tropical, onde não havia filas de poltronas mas mesas quadradas com cadeiras em volta. No gosto pelo bom cinema o Rui e a Susana seguiram também as pegadas dos pais. Mas já não da ópera ou do teatro.(1)
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O meu irmão Zé Luís teria também uma biblioteca, muito mais pequena, pois na altura era pouco dado a leituras e mais à escultura e à lito-gravura. Mas cá em Portugal a biblioteca engrandeceu-se, predominando os livros de Arte, de Usos e Costumes de todo o mundo, de Viagens, de Psicologia, de História ou Política, para além de Medicina cujo curso frequentava quando se suicidou em 26 de Fevereiro de 1987 ( Ecce Homo).

Mas, voltando ao início, para quem quiser saber mais sobre a história da literatura angolana, designadamente a de expressão portuguesa, deixo alguns links


VN
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Re-escrito e aumentado para Ao Sabor do Olhar - Convívio do Tempo, Estação, Mudança e Memória ou Registo , em 2008.02.04 - dia do 47º aniversário do início pelo MPLA da luta armada para a independência de Angola
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Já em Portugal, enquanto estudante universitário, não perdia as peças de tearo em salas de que me não lembro - uma seria o Teatro Estúdio de Lisboa e outros, como o Garcia de Resende, em Évora   - para além das temporadas de ópera organizadas pela FNAT  no Teatro da Trindade., à boleia das assinaturas da minha tia-avó Esperança. Quanto ao teatro de revista, vi apenas uma peça, após  o 25 de Abril, no extinto Ádoque: Pidse na grelha!
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Os cinemas de Lisboa e Porto corri-os quase todos, fossem de estreia, fossem de reprise. E o cineclubismo continuou, com o Cine Clube Universitário de Lisboa e o Núcleo Juvenil de Cinema de Évora, extensão do Centro de Estudos e Animação Cinematográfica, da Figueira da Foz. Bem como o amor aos livros, em parte adquiridos nas livrarias, em parte nas cooperativas livreiras universitárias de que era sócio, como a Livrelco em Lisboa e a Unicepe, no Porto.
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Enquanto estudante o meu tempo repartia-se entre Évora, onde estudava, e Luanda, Lisboa e Porto, onde residiam a família.
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2 comentários:

A Luz A Sombra disse...

Obrigada pelos links.
Estou interessada a consultar, muitas dos nomes que aí constam eram conhecidos na minha casa.
Bj
A Luz a Sombra
Júlio Pêgo disse...

Curioso saber as influencias culturais de alguém que esteve na luta estudantil associativa e comparar com as minhas.Da mesma geração, li "os condenados da Terra" de F.Fanon, o "Processo Histórico" de Juan Clemente Zamora para além de literatura de cariz ideológico, desde F.Engels, K.Marx, H. Marcuse, J.P.Sartre,etc. Hoje parece-me que li pouco na juventude. Na luta estudantil fui mais operativo que especulativo... Devo no entanto, a minha formação política e culural aos amigos e companheiros associativos, fora dos curricula académicos.
Júlio Pêgo

uns dez mais entre milhares


Oh Isabel ! Escolher dez obras em largos milhares espalhadas por décadas de peregrinação é "obra".  Que critério definir ? O autor ? O tema ? Como esquecer ou deixar de referir Fernão Lopes ou Fernão Mendes Pinto e as "cantigas de amigo" ou os policiais de Simenon ? Ou a banda desenhada ? Ou Eugénio de Andrade e Alda Lara ou a lírica de Camões ?  É admissível esquecer Jorge Amado e o "Luuanda" de Luandino Vieira ?  O teatro e a história ou obras de sociologia e de psicologia ou de economia e politica ficam de lado ? E a antologia dos poetas das colónias editada pela Casa dos Estudantes do Império ?

Uma miscelânea quando muitas delas estão sepultas nas brumas do tempo  e da memória ? Olha, repesco/repenso estas desde os meus tempos de menino e moço, mas muitas outras listas e muitos outros autores e temas poderiam ser registados nesta nota. Ficam estes, todos eles me "marcaram" e são larguíssimas centenas o que nela deveriam figurar.

Eu não gosto de "cadeias", mas retribuo a gentileza da Isabel, cujas regras são "faz uma lista de 10 livros que, de uma maneira ou de outra a(o) marcaram a ti ou na tua vida. Enfim, não pensem de mais e não pensem em termos de o livro ser "bom" ou "mau". Depois escolhe 10 amigos (incluindo eu, que verei a tua lista) e passa-lhes o desafio". Onde está amigos deverá ler-se "amigos e amigas".

Aqui fica pois uma de muitas listas que englobariam inúmeros outros autores,e temas, o que daria um rol quase quilométrico LOL

Tolstoi  – Guerra e Paz
Anne Frank - Diário
Edmundo de Amicis -  Coração
Hans Helmut Kirst – 08-15
Eça de Queiroz – Cartas de Inglaterra
Shakespeare - Sonetos
Stoetzel – Psicologia Social
Manuel Alegre – Praça da Canção
Maxence Van Der Meersch – Corpos e Almas
Pepetela – O Quase Fim do Mundo

BÓNUS
Ariano Suassuna – Auto da Compadecida
Saramago – Levantados do Chão
 William L. Shirer - Ascensão e Queda do III Steve Reich
António Reis - Poemas Quotidianos
Raymond Chandler - Um Imenso Adeus
Leon Uris - Exodus
T.H. Lawrence - Os 7 Pilares da Sabedoria
Alexandre Dumas - Os 3 Mosqueteiros
Daniel Defoe - Robinson Crusoe
Álvaro de Campos - Poesia

Bye Bye

  • Isabel Reis Obrigado Victor,também gosto de um bom policial,bjs
  • Maria João de Sousa É o meu quarto ou quinto desafio, Victor Barroso Nogueira... vou buscar-te a minha lista e deixo-ta aqui mesmo!  "A Maria José Cantarinha desafiou, eu aceitei o desafioe aqui vão os meus Top Ten da literatura, por ordem completamente aleatória: uns porque li, reli e “tresli”, outros porque foram leituras que, até hoje, não esqueci.

    Os Bichos – Miguel Torga

    Diário - “ “

    O Apelo da Selva – Jack London

    Spartacus – Howard Fast
    O Caminho das Aves – José Casanova
    Ensaio Sobre a Cegueira – José Saramago
    Picasso, Vida e Obra – Antonina Valentim
    Lust of Life – Irving Stone
    Um Socialista Insociável – Bernard Shaw
    Os Subterrâneos da Liberdade – Jorge Amado
  • Maria Lisete Almeida Grata Amigo Victor Nogueira pela sua inclusão. Abraço e um óptimo fim de semana! 

  • Graca Maria Antunes " Coração" de Edmundo de Amicis! ..O meu pai ofereceu-mo quando fiz 11 anos.Gostei tanto!  Em seguida, descobri numa estante em casa dos meus avós maternos," Nossa Senhora de Paris." Li-o todo .Não sei bem se percebi metade até porque era daqueles de capa castanha, c/ ortografia antiga. Mas hoje pasmo.O que a nossa geração lia! Ah, e desencantei o Eça escondido numa gaveta de roupa branca, não fossem os meninos da casa abrirem os olhos para o mundo dos adultos..."O primo Basílio"., claro. Obrigada,Victor Nogueira pela partilha e o que despoletou...

  • Victor Barroso Nogueira Graca Maria Antunes Ah! Na minha meninice e adolescência o livro "escondido" era a Velhice do Padre Eterno, do Guerra Junqueiro, mas cujo esconderijo descobri. Mas poderia citar colecções que devorava,desde a "Vampiro" e a "Xis" até à Condessa de Segur e a Biblioteca dos Rapazes passando pelo Salgari, Júlio Verne, Paul Féval e Alexandre Dumas ou as Obras Escolhidas de Autores Escolhidos (Dickens, Walter Scott), da Romano Torres, ou a Colecção Dois Mundos, da Livros do Brasil, com o Steinbeck à cabeça, sem esquecer o Caldwell e a Colecção Século XX e os Livros de Bolso da Europa América ou as obras de Mark Twain ou Não Matem a Cotovia, de Harper Lee ou a Banda Desenhada (Senhor Doutor, Mosquito, Mundo de Aventuras, Cavaleiro Andante e os suplementos dominicais infantis Pim Pam Pum (dum jornal do Porto enviado pelo meu avô Luís) e Bambi (Provincia de Angola) e a Joaninha (da revista Eva) ou uma revista de fotonovelas brasileira (O Grande Hotel)  Bjos
    há 20 horas · Editado · Gosto · 1
  • Isabel Reis É isso !na minha lista mencionei Adeus Quinze Anos não pk o livro seja bom ou mau só sei que o li na minha adolescência e ficou para sempre marcado o meu fascínio pelos Países Nórdicos.
  • Graca Maria Antunes Beijo, Victor Nogueira, por tudo e todos que me vieram à memória ao ler a tua lista de livros.   Além desses de que falas, nós meninas, líamos a Berthe Bernage Com ela . vivemos as alegrias e tristezas da Brigitte solteira, casada, mãmã..Com ela viajámos pela Île de France, os Campos Elíseos, conhecemos a Normandia .. . 

  • Carlos Rodrigues Bom, eu não sei se é o mesmo "Inquérito Escolar", ao qual já respondi e passei há uma semana atrás , onde o pedido era o mesmo, começado pelo nosso Amigo Francisco Cunha. Volto a responder, mas tentarei não me repetir. A Des(ordem ) é arbitrária: 1º - Dom Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes; 2º Os Capitães da Areia - Jorge Amado, 3º Fanga - Alves Redol ; 4º O Crime do Padre Amaro ; 5º Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway ; 6º Human Bondage - Sommerset Maugham;7º O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa 8º La critique de la Raison Pure - Emmanuel Kant ; 9º O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa 10º; A Caverna - José de Saramago.
  • Carlos Rodrigues Está aí o Livro do Desassossego duas vezes, substituir por O Rei Leão de Shakespeare.
  • Margarida Piloto Garcia Fui convidada para isto por várias pessoas. Tal como tu também não gosto de cadeias mas ao contrário de ti tive de pedir desculpa porque não a consegui fazer mesmo. Impossível escolher apenas uma lista de 10.
  • Victor Barroso Nogueira Pois, Margarida Piloto Garcia seria mais fácil referir autores em vez de obras  E a minha lista ultrapassa os dez, pois nos comentário cito ... autores. o que implica muito mais obras
    há 17 horas · Editado · Gosto · 1
  • Victor Barroso Nogueira Oh Carlos Rodrigues Isto é como as cerejas. Temos muitas leituras comuns. Para além do Processo Histórico, do Zamora, um livro que me mostrou que homens e mulheres serão sempre "incompreensíveis" entre si foi de Simone de Beauvoir "Le Deuxieme Sex". Foram tb determinantes as obras dum osiquiatra marxista, Erich Fromm, ou os livros de Martha Harnecker, entre outros marxistas. 

    há 17 horas · Editado · Gosto · 2
  • Carlos Rodrigues Seria muito dificil Vitor, não termos livros em comum, mas a maior dificuldade é o "Inquérito Escolar " não referir temas ou categorias, pois há livros que de lêem como um entretimento ou por curiosidade intelectual, outros para aprendizagem ou experiências da vida ou ainda porque já lá estavam em casa quando nós nascemos, Claro que, por exemplo, um que lemos de certeza e nem tu nem eu mencionamos foi o " Das Capital ", não é ? 

  • Carlos Rodrigues E os do Pitigrilli também não mencionei...

  • Victor Barroso Nogueira Ah Carlos Rodriges. O humor é tb uma secção especial: Mark Twain, Eça, Ricardo Araújo Pereira, Giovannino Guareschi (D. Camilo e Pepone), Artur Portela Filho,Gervásio Lobato, José Cardoso Pires (e o seu "Dinossauro Exclentíssimo), Jorge Amado entre muitos outros, para além duma revista que havia, chamada "Cara Alegre", sem esquecer uma parte do Miguel Esteves Cardoso, qd ele era mais jovem. Mas humor, humor, há na Banda Desenhada e isso daria um tratado. 



    Bem, o melhor é parar com o rosário, mencionando pela sua inventividade o Mia Couto. 



    Não li o Capital todo, apenas uma versão condensada editada por uma célebre editora brasileira, a Zahar, com outros livros por ela publicados que me serviram de apoio em muitas das cadeiras no "Colégio" da Sé, em évoraburgomedieval.

    Quanto aos livros de leitura comuns é natural que haja não poucos, quer na secção da política, quer na do neo-realismo 
  • Carlos Rodrigues Fizeste bem, que o Pigrilli para além de sexualmente incerto, até chamava nomes à mãe, mas como era proibido, nos meus tempos, era uma sensação de vitória sobre o Sistema, consegui-lo por portas e travessas...
    11 h · Não gosto · 2
  • Carlos Rodrigues A mensagem de cima é para o meu Amigo Vitor Nogueira.
    11 h · Não gosto · 1
  • Victor Barroso Nogueira Ah Carlos Rodriges. O humor é tb uma secção especial: Mark Twain, Eça, Ricardo Araújo Pereira, Giovannino Guareschi (D. Camilo e Pepone), Artur Portela Filho,Gervásio Lobato, José Cardoso Pires (e o seu "Dinossauro Exclentíssimo), Jorge Amado entre muitos outros, para além duma revista que havia, chamada "Cara Alegre", sem esquecer uma parte do Miguel Esteves Cardoso, qd ele era mais jovem. Mas humor, humor, há na Banda Desenhada e isso daria um tratado. 

    Bem, o melhor é parar com o rosário, mencionando pela sua inventividade o Mia Couto. 

    Não li o Capital todo, apenas uma versão condensada editada por uma célebre editora brasileira, a Zahar, com outros livros por ela publicados que me serviram de apoio em muitas das cadeiras no "Colégio" da Sé, em évoraburgomedieval.

    Quanto aos livros de leitura comuns é natural que haja não poucos, quer na secção da política, quer na do neo-realismo 
    10 h · Editado · Gosto · 3
  • Vocês precisam mesmo de ler Pedro Páramo , de Juan Rulfo . Um editor norte - americano gozou à minha custa , mas quando lhe mandei a foto de uma edição em inglês , que ele conseguiu arranjar , não lhe chegaram as palavras para elogios . Eu fiquei grudada àquela história e àquela escrita , como não me acontecia já nem lembro quando .
    7 h · Não gosto · 3
  • Carlos Rodrigues É evidente que poderíamos ficar por aqui dias a inumerar tanta coisa, até realmente no campo do humor ou na ironia ( sabes que o próprio Saramago foi desafiado a escrever um livro onde não fosse irónico ) e todos os que ai mencionas e muito bem o foram...Ver mais
    6 h · Não gosto · 2
  • Carlos Rodrigues Florinha estás com tudo. Gabriel Garcia Marques e Luís Borges foram muito influenciados por Juan Rulfo. Depois de o lerem, nunca mais foram os mesmos. Juan Preciado encontra uma Cidade Fantasma, quando vai visitar a sua mãe. No primeiro ano vendeu apenas 2 000 exemplares, nos E.U. creio eu, 4 anos depois a Edição Inglesa fez desse livro um best-seller, estou certo ou estou errado ? Xiiis.
    6 h · Não gosto · 2
  • Carlos Rodrigues Vitor, claro que é King Lear, por causa das bandas desenhadas e desenhos animados saíu-me Rei Leão, está reposta a verdade 
    3 h · Não gosto · 1
  • Victor Barroso Nogueira O Rei Leão e os Dinossauros são os grandes "amores" do meu neto Francisco Já vi o Rei Leão não sei quantas vezes, embora muitíssimo menos que ele Carlos Rodrigues LOL
    2 h · Editado · Gosto
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