Allfabetização
Escrevivendo e Photoandando
No verão de 1996 resolvi não ir de férias. Não tinha companhia nem dinheiro e não me apetecia ir para o Mindelo. "Fechado" em Setúbal, resolvi escrever um livro de viagens a partir dos meus postais ilustrados que reavera, escritos sobretudo para casa em Luanda ou para a mãe do Rui e da Susana. Finda esta tarefa, o tempo ainda disponível levou me a ler as cartas que reavera [à família] ou estavam em computador e rascunhos ou "abandonos" de outras para recolher mais material, quer para o livro de viagens, quer para outros, com diferente temática.
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Depois, qual trabalho de Sísifo ou pena de Prometeu, a tarefa foi-se desenvolvendo, pois havia terras onde estivera e que não figuravam na minha produção epistolar. Vai daí, passei a pente fino as minhas fotografias e vários recorte, folhetos e livros de "viagens", para relembrar e assim escrever novas notas. Deste modo o meu "livro" foi crescendo, página sobre página. Pelas minhas fotografias descobri terras onde estivera e juraria a pés juntos que não, mas doutras apenas o nome figura na minha memória; o nome e nada mais. Disso dou por vezes conta nas linhas seguintes.
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Mas não tendo sido os deuses do Olimpo a impor me este trabalho, é chegada a hora de lhe por termo. Doutras viagens darão conta edições refundidas ou novos livros, se para tal houver tempo e paciência.
VNsábado, 27 de setembro de 2014
As palavras e o processo criativo
livros na minha vida
Tive hoje exame de Geografia Económica com ... quinze valores. (...) Comecei a rever a Géographie Économique do Froment mas 560 páginas pareceram-me excessivas pelo que resolvi passar para as 200 intragáveis do Pierre George, que achei indigestas, e vai daí resolvi contentar-me com as resumidas e chatíssimas oitenta páginas do "book" do 6º ano [liceal].(NSF - 1969.10.07)
Lembro me dum poema do Alberto Caeiro, cuja humildade e simplicidade me atraem, humildade e simplicidade perante as pessoas e as coisas que talvez nunca sejam minhas. Levanto-me e vou ali á estante busca-lo. Escolho o poema que trancreverei. Hesito na escolha. Será este! (MCG - 1972.07.14)
Olho para a minha direita e vejo um enorme calhamaço: "Os Macondes de Moçambique", vol III - "Vida Social e Ritual". Terei de consultar este e os dois primeiros para redigir a monografia de Antropologia Cultural. (MCG - 1973.01.26)
À cautela passo pelo Nazareth para arranjar um exemplar do "Portugal e o Futuro”, de Spínola, que não circula em Angola [proibido pela censura] e que o meu irmão [Zé Luís] tem interesse em ler.(...) (MCG 1974.04.25)
1 - Escrito em Évora, em 1969.03.16 (Num repelão) O Cunha havia falecido em fins de 66, princípios de 67. O "Notícias" de Luanda dedicou-lhe umas linhas, lastimando a sua morte e o egoísmo dos homens. Teriam posto em leilão os livros da livraria e a Casa dos Frigoríficos anexou a lojeca, perto da Sé. Ficou deste modo privado do seu único meio de subsistência. O seu sonho era vender tudo e regressar a Portugal (à Metrópole, como então se dizia). Gostaria de ter vendido bons livros, de ter sido um bom alfarrabista. E dizia-me, quando vim para Lisboa: "Escreva-me, meu amigo, não se esqueça deste velhote. O senhor há-de ser alguém!" (NSF - 1968.08.20)
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sexta-feira, 26 de setembro de 2014
Luuanda - Escritores Angolanos lá em casa e não só
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O meu tio José João oferecia-me regularmente livros de divulgação científica, história e enciclopédicos - em francês ou inglês, que os não havia em português na altura - livros que me levaram a relativizar a epopeia dos "descobrimentos", pois neles esta ficava reduzida a uma ou duas linhas e aos nomes de Henrique, o Navegador, Vasco da Gama e Fernão de Magalhães, muito longe da lista enorme de "heróis" que o salazarismo nos obrigava a "encornar".
Quatro livros "marcaram-me": O Diário de Anne Frank, Coração, de Edmundo de Amicis, Que faz Correr Sammy, de Bud Schulberg e A Cabana do Pai Tomás, de H.B.Stowe,
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Outros livros que me «marcaram» foram «Por Favor Não Matem a Cotovia», de Harper Lee e «Tom Brown na escola», de Thomas Hughes, tal como os do referido Charles Dickens,[sem esquecer Steinbeck e Hemingway]. Livros religiosos, esses não havia nas bibliotecas familiares em Luanda, salvo os grossos missais meu e da minha mãe, em papel bíblia. Que o meu pai era nessa altura ateu e agora agnóstico, mas nunca proibiu a educação católica dos filhos. Do lado paterno eram todos ateus, salvo a minha tia avó e católica Esperança, e do lado da minha mãe todos católicos - até tinham um familiar que fora missionário em Angola e mais tarde Bispo do Porto, D. António Barroso, exilado duas vezes pela 1ª República,
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uns dez mais entre milhares
- Maria Célia Correia Coelho, Madalena Mendes, Maria Márcia Marques e 12 outras pessoas gostam disto.
- Maria João de Sousa É o meu quarto ou quinto desafio, Victor Barroso Nogueira... vou buscar-te a minha lista e deixo-ta aqui mesmo! "A Maria José Cantarinha desafiou, eu aceitei o desafioe aqui vão os meus Top Ten da literatura, por ordem completamente aleatória: uns porque li, reli e “tresli”, outros porque foram leituras que, até hoje, não esqueci.
Os Bichos – Miguel Torga
Diário - “ “
O Apelo da Selva – Jack London
Spartacus – Howard FastO Caminho das Aves – José CasanovaEnsaio Sobre a Cegueira – José SaramagoPicasso, Vida e Obra – Antonina ValentimLust of Life – Irving StoneUm Socialista Insociável – Bernard ShawOs Subterrâneos da Liberdade – Jorge AmadoOntem às 13:31 · Não gosto · 2 - Maria Lisete Almeida Grata Amigo Victor Nogueira pela sua inclusão. Abraço e um óptimo fim de semana!
Ontem às 13:36 · Não gosto · 2 - Graca Maria Antunes " Coração" de Edmundo de Amicis! ..O meu pai ofereceu-mo quando fiz 11 anos.Gostei tanto! Em seguida, descobri numa estante em casa dos meus avós maternos," Nossa Senhora de Paris." Li-o todo .Não sei bem se percebi metade até porque era daqueles de capa castanha, c/ ortografia antiga. Mas hoje pasmo.O que a nossa geração lia! Ah, e desencantei o Eça escondido numa gaveta de roupa branca, não fossem os meninos da casa abrirem os olhos para o mundo dos adultos..."O primo Basílio"., claro. Obrigada,Victor Nogueira pela partilha e o que despoletou...
há 21 horas · Não gosto · 2 - Victor Barroso Nogueira Graca Maria Antunes Ah! Na minha meninice e adolescência o livro "escondido" era a Velhice do Padre Eterno, do Guerra Junqueiro, mas cujo esconderijo descobri. Mas poderia citar colecções que devorava,desde a "Vampiro" e a "Xis" até à Condessa de Segur e a Biblioteca dos Rapazes passando pelo Salgari, Júlio Verne, Paul Féval e Alexandre Dumas ou as Obras Escolhidas de Autores Escolhidos (Dickens, Walter Scott), da Romano Torres, ou a Colecção Dois Mundos, da Livros do Brasil, com o Steinbeck à cabeça, sem esquecer o Caldwell e a Colecção Século XX e os Livros de Bolso da Europa América ou as obras de Mark Twain ou Não Matem a Cotovia, de Harper Lee ou a Banda Desenhada (Senhor Doutor, Mosquito, Mundo de Aventuras, Cavaleiro Andante e os suplementos dominicais infantis Pim Pam Pum (dum jornal do Porto enviado pelo meu avô Luís) e Bambi (Provincia de Angola) e a Joaninha (da revista Eva) ou uma revista de fotonovelas brasileira (O Grande Hotel) Bjoshá 20 horas · Editado · Gosto · 1
- Isabel Reis É isso !na minha lista mencionei Adeus Quinze Anos não pk o livro seja bom ou mau só sei que o li na minha adolescência e ficou para sempre marcado o meu fascínio pelos Países Nórdicos.há 20 horas · Não gosto · 1
- Graca Maria Antunes Beijo, Victor Nogueira, por tudo e todos que me vieram à memória ao ler a tua lista de livros. Além desses de que falas, nós meninas, líamos a Berthe Bernage Com ela . vivemos as alegrias e tristezas da Brigitte solteira, casada, mãmã..Com ela viajámos pela Île de France, os Campos Elíseos, conhecemos a Normandia .. .
há 18 horas · Editado · Não gosto · 1 - Carlos Rodrigues Bom, eu não sei se é o mesmo "Inquérito Escolar", ao qual já respondi e passei há uma semana atrás , onde o pedido era o mesmo, começado pelo nosso Amigo Francisco Cunha. Volto a responder, mas tentarei não me repetir. A Des(ordem ) é arbitrária: 1º - Dom Quixote de la Mancha - Miguel de Cervantes; 2º Os Capitães da Areia - Jorge Amado, 3º Fanga - Alves Redol ; 4º O Crime do Padre Amaro ; 5º Por quem os sinos dobram - Ernest Hemingway ; 6º Human Bondage - Sommerset Maugham;7º O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa 8º La critique de la Raison Pure - Emmanuel Kant ; 9º O Livro do Desassossego - Fernando Pessoa 10º; A Caverna - José de Saramago.há 18 horas · Não gosto · 2
- Carlos Rodrigues Está aí o Livro do Desassossego duas vezes, substituir por O Rei Leão de Shakespeare.
- Margarida Piloto Garcia Fui convidada para isto por várias pessoas. Tal como tu também não gosto de cadeias mas ao contrário de ti tive de pedir desculpa porque não a consegui fazer mesmo. Impossível escolher apenas uma lista de 10.há 18 horas · Não gosto · 2
- Victor Barroso Nogueira Pois, Margarida Piloto Garcia seria mais fácil referir autores em vez de obras E a minha lista ultrapassa os dez, pois nos comentário cito ... autores. o que implica muito mais obrashá 17 horas · Editado · Gosto · 1
- Victor Barroso Nogueira Oh Carlos Rodrigues Isto é como as cerejas. Temos muitas leituras comuns. Para além do Processo Histórico, do Zamora, um livro que me mostrou que homens e mulheres serão sempre "incompreensíveis" entre si foi de Simone de Beauvoir "Le Deuxieme Sex". Foram tb determinantes as obras dum osiquiatra marxista, Erich Fromm, ou os livros de Martha Harnecker, entre outros marxistas.
há 17 horas · Editado · Gosto · 2 - Carlos Rodrigues Seria muito dificil Vitor, não termos livros em comum, mas a maior dificuldade é o "Inquérito Escolar " não referir temas ou categorias, pois há livros que de lêem como um entretimento ou por curiosidade intelectual, outros para aprendizagem ou experiências da vida ou ainda porque já lá estavam em casa quando nós nascemos, Claro que, por exemplo, um que lemos de certeza e nem tu nem eu mencionamos foi o " Das Capital ", não é ?
há 4 horas · Não gosto · 1 - Victor Barroso Nogueira Ah Carlos Rodriges. O humor é tb uma secção especial: Mark Twain, Eça, Ricardo Araújo Pereira, Giovannino Guareschi (D. Camilo e Pepone), Artur Portela Filho,Gervásio Lobato, José Cardoso Pires (e o seu "Dinossauro Exclentíssimo), Jorge Amado entre muitos outros, para além duma revista que havia, chamada "Cara Alegre", sem esquecer uma parte do Miguel Esteves Cardoso, qd ele era mais jovem. Mas humor, humor, há na Banda Desenhada e isso daria um tratado.
Bem, o melhor é parar com o rosário, mencionando pela sua inventividade o Mia Couto.
Não li o Capital todo, apenas uma versão condensada editada por uma célebre editora brasileira, a Zahar, com outros livros por ela publicados que me serviram de apoio em muitas das cadeiras no "Colégio" da Sé, em évoraburgomedieval.Quanto aos livros de leitura comuns é natural que haja não poucos, quer na secção da política, quer na do neo-realismohá cerca de um minuto · Editado · Gosto · 1
- Carlos Rodrigues Fizeste bem, que o Pigrilli para além de sexualmente incerto, até chamava nomes à mãe, mas como era proibido, nos meus tempos, era uma sensação de vitória sobre o Sistema, consegui-lo por portas e travessas...
- Victor Barroso Nogueira Ah Carlos Rodriges. O humor é tb uma secção especial: Mark Twain, Eça, Ricardo Araújo Pereira, Giovannino Guareschi (D. Camilo e Pepone), Artur Portela Filho,Gervásio Lobato, José Cardoso Pires (e o seu "Dinossauro Exclentíssimo), Jorge Amado entre muitos outros, para além duma revista que havia, chamada "Cara Alegre", sem esquecer uma parte do Miguel Esteves Cardoso, qd ele era mais jovem. Mas humor, humor, há na Banda Desenhada e isso daria um tratado.Bem, o melhor é parar com o rosário, mencionando pela sua inventividade o Mia Couto.Não li o Capital todo, apenas uma versão condensada editada por uma célebre editora brasileira, a Zahar, com outros livros por ela publicados que me serviram de apoio em muitas das cadeiras no "Colégio" da Sé, em évoraburgomedieval.Quanto aos livros de leitura comuns é natural que haja não poucos, quer na secção da política, quer na do neo-realismo
- Vocês precisam mesmo de ler Pedro Páramo , de Juan Rulfo . Um editor norte - americano gozou à minha custa , mas quando lhe mandei a foto de uma edição em inglês , que ele conseguiu arranjar , não lhe chegaram as palavras para elogios . Eu fiquei grudada àquela história e àquela escrita , como não me acontecia já nem lembro quando .
- Carlos Rodrigues É evidente que poderíamos ficar por aqui dias a inumerar tanta coisa, até realmente no campo do humor ou na ironia ( sabes que o próprio Saramago foi desafiado a escrever um livro onde não fosse irónico ) e todos os que ai mencionas e muito bem o foram...Ver mais
- Carlos Rodrigues Florinha estás com tudo. Gabriel Garcia Marques e Luís Borges foram muito influenciados por Juan Rulfo. Depois de o lerem, nunca mais foram os mesmos. Juan Preciado encontra uma Cidade Fantasma, quando vai visitar a sua mãe. No primeiro ano vendeu apenas 2 000 exemplares, nos E.U. creio eu, 4 anos depois a Edição Inglesa fez desse livro um best-seller, estou certo ou estou errado ? Xiiis.
- Carlos Rodrigues Vitor, claro que é King Lear, por causa das bandas desenhadas e desenhos animados saíu-me Rei Leão, está reposta a verdade
- Victor Barroso Nogueira O Rei Leão e os Dinossauros são os grandes "amores" do meu neto Francisco Já vi o Rei Leão não sei quantas vezes, embora muitíssimo menos que ele Carlos Rodrigues LOL
2 comentários: