domingo, 23 de agosto de 2015

Cinzentonho está o tempo


Cinzentonho está o tempo
pluvioso e ventoso
sem sonho
bisonho e tristonho

No milheiral verde baço
as hastes e as folhas
curvilíneas 
alinhadas em baraço
oscilam doidosamente
p'ra lá e p'ra cá p'ra cá e p'ra lá
como ondas alterosas encrrespadas pelo vendaval

Gélido e pegonhento´ é o frio
trespassante até aos ossos
frio e feio
nada estival
mas outonal.

Não há versos conversos
nem poesia que resistam.

Passo a mão pelo rosto
como se de lixa fosse a pele
e
por pirraça e para lá da vidraça
dançam folhas e hastes
ainda sem maçarocas
nem pipocas
no quintal em brando oscilar
abanando
curvadas e decaidas
as dálias juncam de pétalas
amarelo laranja
a geira acastanhada
e
adormecida



Mindelo 2015.08.23
foto victor nogueira
 - Vila do Conde invernal, em 2014.12 -  Casa do Submosteiro ou Solar dos Vasconcelos -

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)