domingo, 18 de setembro de 2016

acerca dos sonhos

* Vctor Nogueira

Alguém escreve no ilnFaceLock:

"Este Facebook, amostra virtual da nossa realidade, está cheio de aziados e infelizes. Há gente que não se alegra com nada, não vibra, não se apaixona. Tudo lhes é penoso e aviltante. Qualquer vitória lhes é penosa e até afrontosa. Desculpam-se com argumentos intelectuais e sobretudo políticos. Alguns dos defensores de uma igualdade e justiça social são os primeiros a serem incapazes de estenderem a mão a um vizinho ou familiar. Tudo teoria e pouco mais, sob a capa taciturna de gente mal resolvida. Haja paciência !!!"

e ...

Victor Barroso Nogueira

E perguntavam as aves e as ribeiras sussurrantes, saltitando sinuosamente de pedrinha e pedrinha: "Quando verei, a cor do teus olhos e o encanto do teu sorroso ?" Jamais, pois de certos sonhos não vive a realidade - 17/7 às 15:59




 Pedra Filosofal (António Gedeão)


Eles não sabem que o sonho 
é uma constante da vida 
tão concreta e definida 
como outra coisa qualquer, 
como esta pedra cinzenta 
em que me sento e descanso, 
como este ribeiro manso 
em serenos sobressaltos, 
como estes pinheiros altos 
que em verde e oiro se agitam, 
como estas aves que gritam 
em bebedeiras de azul. 

Eles não sabem que o sonho 
é vinho, é espuma, é fermento, 
bichinho álacre e sedento, 
de focinho pontiagudo, 
que fossa através de tudo 
num perpétuo movimento. 

Eles não sabem que o sonho 
é tela, é cor, é pincel, 
base, fuste, capitel, 
arco em ogiva, vitral, 
pináculo de catedral, 
contraponto, sinfonia, 
máscara grega, magia, 
que é retorta de alquimista, 
mapa do mundo distante, 
rosa-dos-ventos, Infante, 
caravela quinhentista, 
que é Cabo da Boa Esperança, 
ouro, canela, marfim, 
florete de espadachim, 
bastidor, passo de dança, 
Colombina e Arlequim, 
passarola voadora, 
pára-raios, locomotiva, 
barco de proa festiva, 
alto-forno, geradora, 
cisão do átomo, radar, 
ultra-som, televisão, 
desembarque em foguetão 
na superfície lunar. 

Eles não sabem, nem sonham, 
que o sonho comanda a vida. 
Que sempre que um homem sonha 
o mundo pula e avança 
como bola colorida 
entre as mãos de uma criança. 

António Gedeão, in 'Movimento Perpétuo' 

Sem comentários:

Enviar um comentário

Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)