Quantas oliveiras e outras árvores centenarias sem falar nos montados têm sido abatidas por esse Portugal fora, designadamente para permitir a concretização de projectos urbanísticos ou de obras públicas (uma das notícias refere mesmo o de Alqueva) sem que se levantem ondas de indignação e pseudo orgulho patriótico ou nacionalista ? A oliveira que se pretendia transplantar não seria para destruição mas sim preservada.
As obras da barragem do Alqueva abriram uma oportunidade única para que fossem abatidas centenas de árvores e testar um método de datação das oliveiras milenares.
CARLOS DIAS
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A. C. Magalhães
Só agora tive o gosto de completar a leitura do artigo.A inovação e a oportunidade de defender estas árvores, são um bom exemplo de uma oportunidade de negócio ambientalmente responsável.
Victor Nogueira
Se as oliveiras falassem, que histórias teriam para contar ?!
ALGUÉM ESCREVE: Quem dera doutores de hoje com a educação que conheci em analfabetos de ontem.
E EU REFLEXIONO: Ora, ora. De ontem, no antigamente de outrora, tb conheci muito doutor ou engenheiro, médico ou professor, do Liceu ou universitário, p. ex., arrogante e com falta de maneiras e de educação, sobretudo para quem fosse de condição social inferior à sua. E tb conheci agrários e latifundiários ou patrões, (quase) analfabetos, arrogantes e sem consideração por quem quer que fosse.
Lembrei.me agora que um dos meus primeiros poemas - mais precisamente o 3º - foi enviado à Lili em 1969, escrito em évoraburgomedieval
Victor
Para a Lili
Carta recebida/respondida
respondida/recebida
Assim, como bom menino
- que todos devemos ser -
Todo aperaltado:
o vinco das calças bem marcado,
bem "nodada" a velha e querida gravata,
o cabelo, sem brilhantina, bem penteadinho
- para a direita..
Um cheiro a Lavanda
... e a Pitralon.
Nas mãos
- lavadinhas –
um ramo de flores.
Tão amoroso!
o ramo ou o menino?
Braços que se abrem e se estreitam ...
Ffffchiúu! Ffffchiúúu
Feliz Aniversário, titi;
Que este dia se repita por muitos
Muitos, muitos e loooooongos anos!
Évora, 24.FEVEREIRO.1969
Gand'as negócios à conta do Papa e da Santa Madre Igreja Católica, Apostólica, Romana Ai. ai, S. Francisco de Assis ! Quanto pagaria Cristo se à Terra retornasse e que diria à Virgem sua mãe ? Para nascer não haveria para o Messias um buraco que fosse !
(Aveiro, 2 de Agosto de 1929 — Setúbal, 23 de Fevereiro de 1987)
memória de zeca afonso e do fascismo
* Victor Nogueira
1971
Como única companhia nesta tarde o José Afonso, melhor, a voz do Zeca Afonso, que sai dos alto falantes [do giradiscos] e enche o quarto, mas não a minha alma, demasiado grande para a minha alma tão pequena. (NSF - 1971.02.28 - em évoraburgomedieval)
1972
Em Setúbal reconheci o Zeca Afonso. Refreei o impulso de perguntar lhe "Você é que é o Zeca Afonso ?" e deixei o seguir para um café da Praça do Bocage. (MCG - 1972.12.29)
1987
Ali no gravador canta o Zeca Afonso, que tinha uma voz muito bonita. E ao mesmo tempo fico triste com elas (canções), porque me fazem lembrar o tempo do fascismo, quando havia esperança de lutar e conseguir um mundo melhor, sem guerra,. nem miséria, nem fome, mas onde houvesse alegria, liberdade e paz. (SNS - 1987.04.26)
2007
José Afonso - Um amigo - Para muitos de nós o Zeca foi uma referência e um amigo. Ao vivo, só o vi duas vezes; num dos últimos espectáculos, no Clube Naval Setubalense, quase sempre sentado por causa da doença que o mataria, e outra no meio da multidão num dia normal na Praça do Bocage. O Zeca tinha uma voz rica e era um homem solidário, que os senhores do dinheiro através dos seus tiranetes e marionetas, quiseram calar, maneira eufemística de dizer ASSASSINAR, que é o que decorre da proibição de trabalhar, do activo repúdio do comunismo e doutras formas subversivas que resultam do dia de trabalho à hora, à peça, ou do desemprego, seja ele resultante da informação de bufos e PIDES, seja pela prepotência do patronato, seja este analfabeto ou matarroano ou mal vestido, ou doutorado, bem vestido, bem penteado e escanhoado, para além de perfumado e bem falante.
Durante o meu «exílio» em Évora, a música foi uma das minhas amizades e companhias. Entre outra, o canto de intervenção, de que destaco três «amigos» - o Zeca, o Adriano e o Joaquin Diaz. Para não falar, noutra onda, no Jacques Brell, no Charles Aznavour, no Gilbert Bécaud e na Edith Piaff. (2007.11.16)
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2014 / 2016
Em José Afonso - Um amigo falei das duas únicas vezes em que me lembro de ter visto o Zeca Afonso pessoalmente. Mas já o conhecia de Luanda, duma data, que situa nos anos 60 do milénio passado, quando em casa recebi um telefonema do meu colega do Liceu e amigo Virgílio que me disse um pouco em surdina: «Ouve este disco que acabou de me chegar às mãos». E assim, pelo telefone, ouvi pela 1ª vez o José Afonso, interpretando «Os Vampiros».
(...) E aqui voltamos ao gira-discos e ao Zeca. Para além de música clássica, havia livros e discos apreendidos pela PIDE e FORA do MERCADO, sendo crime tê-los em casa. E assim o que sobrava da mesada era para livros e discos, estes comprados por baixo do balcão e vendidos apenas a clientes de confiança. Deste modo, para além de pessoas, acompanhavam-me, para além da música clássica e de ópera, o Luís Góis, o Fernando Machado Soares, o Zeca Afonso, o Adriano, o então Pe. Fanhais, Cantos Revolucionários de Le Chant du Monde, Joaquin Diaz, Luís Cila, Jacques Brell, José Mário Branco, o Manuel Freire. Ary dos Santos e o seguimento quase religioso do Zip-Zip e, quanto a mim, d’ As Conversas em Família do Marcelo Caetano, num outro café mais popular, salvo erro o Alentejano, que comentavam em voz alta e entre si as suas discordâncias com a conversa fiada do Marcello.
(...) Aqueles cantores atrás referidos e outros eram os nossos amigos e companheiros, a Voz da Resistência e do Combate, e por isso ouvir hoje essas canções comove-me e simultaneamente melancoliza-me, pela não concretização do Sonho que o 25 de Abril criou, afinal breve esperança que não será concretizada na nossa geração..Mas o capitalismo já leva seiscentos anos de existência e só agora conseguiu criar condições para se estender pelo todo o mundo. Mas a Comuna de Paris durou escasso tempo, as Revoluções de 1848 e de 1918 foram esmagadas de forma cruel e sangrenta, a Revolução de Outubro aguentou-se mais tempo. E como dizia Lincoln ( se entretanto não houver um holocausto nuclear), «pode-se enganar todo o Povo durante algum tempo, pode enganar-se uma parte do Povo todo o tempo, mas não se pode enganar todo o Povo todo o tempo». (2014.02.23 / 2016.11.25)
2016
Não sei quando foi a 1ª vez que ouvi falar do Zeca Afonso (creio que havia discos dele na discoteca do meu pai, que apreciava fados de Coimbra, para além de ópera e música coral, incluindo a alentejana e a dos Coros do Exército Vermelho), mas lembro-me de em Luanda nos anos 60 ter recebido em casa um telefonema dum nosso colega no Salvador Correia - o Virgílio Barbosa . a dizer-me que tinha acabado de receber um certo disco, e foi assim que pelo telefone ele me deu a ouvir .... "Os Vampiros"
No meu "exílio" em évoraburgomedieval a música era uma das minhas "companhias", incluindo entre outros Zeca Afonso, Adriano e Manuel Alegre - o da "Praça da Canção" e de "O Canto e as Armas", (CB 2016.05.22)
Os dias vão aumentando, de céu límpido, azul e cintilante, com temperatura amena, um pouco fria a partir do entardecer.É tempo de ir aliviando o vestuário. No horizonte não há Penélope,My Fair Lady, Maria dos Mil-Sóis Rendilhados, Miquelina, Maria do Mar ou Joana Princesa que des(a)perte o meu sorriso. e faça em mim renascer a Primavera :-P
não basta(m) os 286.29 menos 25...
que ainda por cima vivo há meses!
- sem ninguém se importar -
com toda a minha vida
em suspenso. mas não de um jardim 3ºandar . fj
A. C. Magalhães
Victor Nogueira