* Victor Nogueira
C arta de João Baptista Cansado da Guerra a Joana Princesa com Sabor a Cravo e Canela
Carta de João Baptista Cansado da Guerra a Joana Princesa com Sabor a Cravo e Canela
Águas que do monte vindes
Nova carta de Ulisses para Penélope, em Ítaca
Águas que do monte vindes
lá do alto nas nuvens
que novas trazeides ?
Águas que do monte vindes
em rumoroso turbilhão
que novas trazeides ?
Águas que do monte vindes
em esperançosa mansidão
que novas trazeides ?
Águas que do monte vindes
espraiando no areal
que novas trazeides ?
Águas que do monte vindes
em ondas se mudando
que novas trazeides ?
Águas que do monte vindes
no silêncio das (n)aves
que novas trazeides ?
Aiuê! Aiuê!
São de mágoas vossas águas
aquelas que trazeides e levaides ?
Aiuê! Aiuê!
Mindelo 2016.09.27
Ondas do mar que levais
Carta de Ulisses para Penélope, em Ítaca
Ondas do mar que levais
As novas do meu amigo
Neste insossego vogando !
Ondas do mar espelhando
O canto do meu amado
Neste insossego vogando !
Se ouviste meu amigo
Por quanto estou ansiando
Neste insossego vogando !
Se achaste meu amigo
Por que hey gran cuydado
Neste insossego vogando !
Setúbal 2013.11.02
SOSPIROS, CUYDADOS, PAYXOES DE QUERER,
SE TORNAM DOBRADOS, MEU BEM SEM VOS VER (Garcia de Resende)
Carta de João Baptista Cansado da Guerra a Joana Princesa com Sabor a Cravo e Canela
Sem feitio nem jeito
No mundo caminhando
Esta dor no meu peito
Levo, rindo e chorando!
.
Ah!Ah!Ah!Ah!Ai!Ui!
Á procura d'amor
Ao teu encontro fui
Depressa, sem calor!
.
É tam grande trysteza
Amar ssem sser amada
Que nam vejo beleza
Ssem ti, bem a meu lado
.
Belas, d'amigo são,
Cãtygas medievais
Chora meu coração
Ay, já nam posso mais!
.
Ruiz, Camões não sou
Mas muytos mil beijinhos
E abraços te dou
Nam fiquemos mal, sózinhos!
.
Oh! Ribeyras do mar
Que tendes mil mudanças
Minha dor e lembranças
Levai; trazei seu amar!
.
O Ssol bem escurece
Cai, a noite se vem
Minha alma nam falece
Se és comigo, meu bem.
.
.
Paço de Arcos 1989.08·30
CANTIGA DE AMIGO COITA DE AMOR
Que novas, Senhor, de nós me dais
Que tão apartado e desencontrado
de mim andais?
Ah! Em vós está meu pensar
Ay e hu é?
Quando descoloridos ao madrugar
meus lábios por vós chamam
meu amigo, meu amor!
Ay e hu é?
Onde morais, Senhor, e
que é de vosso nome?
Ay e hu é?
Moro onde me leva o vento, nas asas de uma cegonha.
Quem tal viu, Senhor, o vento numa cegonha?
E o vosso nome, quem o sabe, meu Senhor de mim?
É sem nome meu nome, inté que o achareis por fim!
Ay e hu é?
Que novas me dais, Senhor,
Que tão velho é nosso pen (s) ar?
Que novas me dais, Senhora?
Que novas Senhor?
QUE NOVAS?
QUE NOVAS?
Que novas?
Que novas?
Ay ual, flor de verde piño
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Ay e hu é? - ai, onde está?
Ay, ual - ai, valei-me
coita - mortificação, pena, mágoa
Setúbal - 1986.05.12
SÃO TRISTE MADRIGAL E MELANCOLIA
.
Pus a bordada toalha de renda
No candelabro acendi a vela,
Alindei a mesa com trigo e rosas
Preparei o vinho e a codorniz
Em surdina a música e a prenda
Feliz contigo, poema na tela:
Ternura e beleza mui preciosas
Mas faltaste ao amador-aprendiz;
O jantar lixou-se, não estou feliz!.
1989.09.11 SETUBAL
foto victor nogueira
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)