sexta-feira, 24 de novembro de 2017

As cheias de 1967 na Grande Lisboa




* Victor Nogueira

Em 1967, as Associações de Estudantes estiveram lá, dinamizando a cadeia de solidariedade e ajuda às vítimas, informando os estudantes e as populações, apesar da censura e da repressão da PIDE. Como director da Secção de Propaganda da AEISCEF integrei a "Comissão Local de Apoio às Vítimas das Cheias"

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Sábado choveu bastante aqui em Lisboa; isso pouco me afectou se não considerar que cheguei a casa completamente encharcado: calças, sapatos, casaco, enfim, de manhã tomara banho de chuveiro, de tarde banho de chuva! De assinalar um relâmpago enorme que iluminou a noite, cerca das 19 horas, seguido dum enorme estrondo. Deduzo que foi o que caiu sobre o edifício da Rádio Renascença, Às 7 da manhã de domingo um estrondo enorme que me parece ter abalado a casa - soube depois que tinha explodido um paiol nos arredores de Lisboa (1). E pela leitura dos jornais  tomei consciência da extensão e gravidade do temporal: avultados prejuízos materiais e - segundo os jornais, dezenas e dezenas de mortos. Felizmente e porque Campo de Ourique não teve grandes prejuízos, nada sofri. O tempo serenou e arrefeceu. (NSF - 1967.11.27) (...)

(1) Tratava-se do Paiol do Carrascal, em Linda-a-Velha, onde estava guardado armamento destinado à guerra colonial (cf. https://www.publico.pt/2017/11/26/sociedade/noticia/fujam-fujam-todos-o-paiol-vai-rebentar-1793754?page=/&pos=9&b=feature_d)

As Associações de Estudantes de Lisboa [e a JUC - Juventude Universitária Católica] resolveram solidarizar-se com as populações sinistradas, prestando os estudantes o auxílio que puderem, [desobstrução de casas e caminhos, distribuição de alimentos e vestuário, vacinações, etc.] formando-se em cada Escola três subcomissões com actividades específicas: Mobilização, Donativos e Propaganda (JCF - 1967.11.28)











NewsPresss - Publicado a 16/06/2009


ODIVELAS SLIDESHOW - Publicado a 29/03/2015


Histórias de Vida - Publicado a 08/05/2016

Uma história da vida de Elisabete Aguardela, escrita e realizada pela Ana Santos.
Em Novembro de 1967, na noite de 25 para 26, Algés e a região de Lisboa em geral sofreram chuvas intensas. Os dados oficiais apontaram para 250 vítimas mortais, mas provavelmente o número foi ainda mais elevado. Fica aqui uma história.


Lisbon Floods Disaster (1967)
British Pathé - Publicado a 13/04/2014

http://cdn.impresa.pt/973/b8d/11558867


Alda Baptista Eu tinha 8 anos e lembro o terror que goram esses dias

Responder21 h


Manuela Mané Ajuda Nunes E a polícia, em vez de ajudar a remover gente e corpos e tarecos do meio da lama e dos escombros, andava a ver quem tirava fotos e a arrebanhar-nos as máquinas fotográficas ! Nunca se saberá, ao certo, quantas Pessoas morreram. E querem saber? a maior força da chuva bateu no Estoril, onde, como é óbvio, ninguém se magoou. Morreram os mais pobres, os que viviam em casebres encarrapitados nas encostas, mas o grande pulha do salazar não queria que se soubesse a cruel miséria em que vivia tanto Povo. Lembro-me bem, E nunca esquecerei.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)