Na altura aquele friso hierático e castrense de caras "sérias" era deveras tétrico e assustador e ouvindo agora e de novo a proclamação lida por Spínola, vê-se que se pretendia uma "evolução na continuidade" da chamada “primavera” marcelista, já expressa na "ilegal" rendição e passagem de Poder de Marcelo ao arrepio da Constituição de 1933, já que segundo esta o Presidente do Conselho de Ministros dependia exclusivamente do Presidente da República, ausente em parte incerta, como simples peão nas mãos dos ultras como fora nas mãos de Salazar. A passagem de poderes entre “suas excelências” para que o “poder não caísse na rua” foi uma farsa, que a Proclamação lida confirma, até pela linguagem utilizada: Junta de Salvação Nacional para garantir a sobrevivência nacional na integridade no seu todo pluricontinental, associação cívicas em vez de partidos políticos, eleição duma “assembleia nacional constituinte”, abster-se de qualquer atitude política que subvertesse a "ordem” marcelista que o MFA pretendera derrubar, impedir que outras forças interviessem num processo que se pretendia eminentemente nacional, fazer respeitar a paz cívica, utilizando a repressão se necessário, etc, etc.
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