* Victor Nogueira
(convidas-me?)
1. - Esta sol, calor e céu límpido, azul. E eu? Eu estou sentado, sem covid mas com vida escorrendo sem que a morna brisa floresça. Um leve aceno da lanchoa para o Universo. Espero estejam bem, apesar do fragor do silêncio
2. - Anoitece. A brisa entra pela janela entremeada pelo dedilhar compassado no teclado, os signos como se de alvo marfim fossem em cintilante fundo negro, seguido pelo baque seco e regular na barra de espaços. Não sendo a velha Olivetti Letera 2000, a mudança no fim de cada linha é automática, sem o som do carreto accionado pela alavanca avançando um, dois, três espaços.
3. Levanto-me, carrego no interruptor, a luz ilumina a sala. O céu, lá fora, para lá da janela, esse agora está cinzentonho.
4. - Os segundos somaram minutos e estes tornando-se horas. A vidraça reflecte o que me cerca e para lá dela, o negrume da noite e o silêncio, quebrado pelo dedilhar das teclas enchendo a tela de carreirinhas de formigas, as letras.
5. - Neste caleidoscópio neste jogo de espelhos baços e toscos, sem laços, lasso ... Não ferve a verve; os tições não vivificam as ilusões. Nas horas que passam e nas várias encruzilhadas, delas está Penélope ausente. No plaino abandonado, o horizonte é uma linha indefinida, oscilante.
Foto Victor Nogueira, em Beja, no passado milénio
Setúbal 2020.05.18
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Versão segunda
(convidas-me?) 1. - Esta sol, calor e céu límpido, azul. E eu? Eu estou sentado, sem covid mas com vida escorrendo estéril por entre os meus dedos, como naufrago num mar oceano de arco íris que a morna brisa não aquece, estiolados os poemas de amoramizade, sem verve. Um leve aceno da lanchoa para o Universo. Espero estejam bem, apesar do fragor do silêncio 2. - Anoitece. A brisa entra pela janela entremeada pelo dedilhar compassado no teclado, os signos como se de alvo marfim fossem em fundo negro, seguido pelo baque seco e regular na barra de espaços. Não sendo a velha Olivetti Letera 2000, a mudança no fim de cada linha é automática, sem o som do carreto accionado pela alavanca avançando um, dois, três espaços. 3. Levanto-me, carrego no interruptor, a luz ilumina a sala. O céu, lá fora, para lá da janela, esse agora está cinzentonho.
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Versão segunda
(convidas-me?) 1. - Esta sol, calor e céu límpido, azul. E eu? Eu estou sentado, sem covid mas com vida escorrendo estéril por entre os meus dedos, como naufrago num mar oceano de arco íris que a morna brisa não aquece, estiolados os poemas de amoramizade, sem verve. Um leve aceno da lanchoa para o Universo. Espero estejam bem, apesar do fragor do silêncio 2. - Anoitece. A brisa entra pela janela entremeada pelo dedilhar compassado no teclado, os signos como se de alvo marfim fossem em fundo negro, seguido pelo baque seco e regular na barra de espaços. Não sendo a velha Olivetti Letera 2000, a mudança no fim de cada linha é automática, sem o som do carreto accionado pela alavanca avançando um, dois, três espaços. 3. Levanto-me, carrego no interruptor, a luz ilumina a sala. O céu, lá fora, para lá da janela, esse agora está cinzentonho.
Setúbal 2020.05.18
Foto Victor Nogueira, em Beja, no passado milénio
Como estou? Com a normalidade do costume.
Escrevi hoje um novo texto
Quando escrevia à mão ou emendava os textos dactilografados, as palavras riscadas, sobrepostas, intercaladas, permitiam seguir o processo criativo do escriba, do artesão do verbo ou das letras.
Hoje, com os computadores, salvo se se guardarem cópias (de algumas) das várias versões é que essa tarefa poderia ocorrer. Esta publicação dum texto que teve múltiplas versões, reteve apenas 3 delas. É apenas um exercício de habilidoso, sem calor, mero exercíciozito com as palavras.
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Versão primeira
Viva. Esta sol, calor e ceu limpido, azul. E eu? Eu estou sentado, com vida escorrendo esteril por entre os meus dedos., como naufrago num mar oceano de arco iris que a morna brisa nao aquece, estiolados os poemas de amoramizade, sem verve. Um leve aceno da lanchoa para o universo. Espero estejas bem.
POST-SCRIPTUM
Como estou? Com a normalidade do costume.
Escrevi hoje um novo texto
Quando escrevia à mão ou emendava os textos dactilografados, as palavras riscadas, sobrepostas, intercaladas, permitiam seguir o processo criativo do escriba, do artesão do verbo ou das letras.
Hoje, com os computadores, salvo se se guardarem cópias (de algumas) das várias versões é que essa tarefa poderia ocorrer. Esta publicação dum texto que teve múltiplas versões, reteve apenas 3 delas. É apenas um exercício de habilidoso, sem calor, mero exercíciozito com as palavras.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)