* Victor Nogueira
EM CIMA DO BANCO A BANCA orden(h)a
em cima do banco a banca ordenha
ordena a banca em cima do banco
e vai dando a contra-senha
acenando com o tamanco
é vivo o terno da usura
do lumpen-grã-capital
que lixa com lisura
e nos deixa sem bornal
é a troika do gamanço
bem estribada no poial
e assim no desenrascanço
vai destapando … o paiol
pois não há rima que resista
com ali bábá e seus ladrões
são mestres, sacrista,
em nos quererem .., anões.
Setúbal 2013.10.31
Bem, morcegos e morcegas, sem outro destino nem companhia, vou para Vale de Lençóis ler, que os braços de Morfeia e Joana Pestana por mim esperam no alto desta silenciosa madrugada, silêncio apenas quebrado pelo zumbido nos ouvidos e pela baque seco e regular da tecla de espaços
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A manhã está nevoenta e parece ter chovido. Ao alvorecer gaivotas em bandos esvoaçavam defronte à minha casa, em voo elegante, ora batendo as asas com elegância, ora planando graciosamente, demasiado rápidas para conseguir "fixar" o seu voo pela máquina fotográfica. A bola de fogo levantando-se no horizonte estava encoberta pelas nuvens alaranjadas e o estuário do Rio Sado parecia um rio prateado serpenteando languidamente pela planície. Pura ilusão pois o estuário é como se fosse um lago. A manhã está desconfortavelmente plena de humidade, que se infiltra desagradavelmente pelo meu corpo. Neste alto da torre no cimo duma encosta mal se distinguem os ruídos na avenida, lá em baixo, cheia de movimento do trânsito automóvel agora um autocarro depois uma motorizada ou um automóvel, com o ruído de fundo continuo do que parece ser um aparador de relva no Parque Verde. Parece mas não deve ser.
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A tarde esteve soalheira mas com núvens brancas, o estuário do sado refulgia como se um espelho levemente ondulado fosse e as gaivotas esvoaçavam em terra, sinal de que - segundo a popular sabedoria - haverá tempestade no mar. Mas ... para cada situação, há (quase) sempre um provérbio que afirma o seu contrário ou contraditório. Pescando na Proverbial, convém estar sempre de bem com Deus e com o Diabo, não vá este tecê-las.
Tempo de solidão e de incerteza. Tempo de medo e tempo de traição Tempo de injustiça e de vileza Tempo de negação. Tempo de covardia e tempo de ira Tempo de mascarada e de mentira Tempo de escravidão. Tempo dos coniventes sem cadastro Tempo de silêncio e de mordaça Tempo onde o sangue não tem rasto Tempo da ameaça. (Sophia de Mello Breyner)
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A tarde está soalheira, o céu com nuvens cinza claro e azul acinzentado e não chove. A constipação percorre-me o corpo ocupando todas as veias, artérias, poros e vasos capilares, querendo empurrar-me para debaixo dos cobertores. Mas resisto !
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)