sábado, 27 de fevereiro de 2021

os textos em fevereiro 27

 * Victor Nogueira



Portas com "história" - Loulé - "Zé barbeiro"
.
Algumas portas dão notícia a quem passa e a partir dela(s) se pode desenvolver uma história, em função da arte, do engenho e da imaginação de quem as encontra. Em tempo de "pandemónios" com "fechaduras" de barbearias e "cabeleirarias", nada como uma "abertura" com navalha, a do "Zé barbeiro".



2020 02 27 Foto do artista, tipo passe. Lisboa c. 1968 - A camisola inicialmente tricotada pela minha tia Lili, a meu pedido foi desmanchada tricotando ela uma nova, com outro desenho: gola alta. Num dos anos em que fui a Luanda nas Férias Grandes, a D. Vitória em cuja casa de hóspedes eu vivia em évoraburgomedieval, foi mostrar, com elogios, o quarto do senhor Nogueira a duas das novas hóspedes, uma das quais, soube depois, ao ver esta foto que por lá estava, ficou de imediato encantada pelo retratado.

2016 02 17 Foto victor nogueira - A2 - Pôr-do-sol na área de serviço de Palmela, cujo restaurante se encontra encerrado desde 1 de janeiro do corrente ano. Porque será que nas zonas de restauração das áreas de serviço servem tão mal e caro ? E dizem que as "privadas" é que servem bem e com óptima gestão ! É sempre a aviar, minha gente.

Melhor só outrora em Casa Branca, no transbordo para o ramal ferroviário de Évora, enquanto  nos procurávamos aviar no bar da estação onde o afobado  "dono" não dava conta do recado perante a avalanche de clientes, empurrando-se uns aos outros tentando chamar a atenção para serem servidos, atentos ao apito do chefe da estação, não fosse a automotora partir deixando os menos precatados no cais e ao relento.

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não há
entre nós
palavras belas
nem versos
apenas reversos
pois não escutas
o que escrevo
escrevo
como se
entre o meu cérebro
que comanda
e as minhas mãos
que executam
dedilhando
eu não estivesse
mas sim a máquina
em que me transformo
e
tu
não entendes
o meu cansaço
é o da máquina
que não sou
e tu insistes
na minha desumanização

setúbal 2014.02.27

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pétala
a
pétala
silabando
e
rimando
é tecido
o poema
teorema
cálido
ou
ventoso

setúbal 2014.02.27

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à lareira
ponteias
na braseira
com areia
não ateias
a teia
nem incendeias
remedeias

setúbal 2014.02.27

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na pousada
da poesia
as palavras
são
os sonhos
encobertos
do leitor
e
do
autor
anelo
anel de papel
pesadelo
rimando
ou remando
com
flores
ardores
andores
e
dores
ou nada
rimando
e
remando
ou
naufragando

setúbal 2014.02.27

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nú recreio
enleada
mordes
e
remordes
a
imaginação
desenfreada
sem
o
freio
do
receio
a ventura
sem cobertura ?

setúbal 2014.02.27

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na janela aberta
encoberta
estás
coberta
de véus
sem a descoberta
tecida de receios
de medos
sem arremedos

setúbal 2014.02.27

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nú esteiro
esteio
sem receio
mordes
e
remordes
o seio
avulta
a vulva
encoberta

setúbal 2014.02.27

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trancas
as palavras
o olhar
sem
vaguear
nem
vadiar
brancas
ou
negras
as sílabas
o Syllabus

setúbal 2014.02.27

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trincas
as palavras
as tintas
retintas
e brincas
lavrando
e
lavando
as palavras

setúbal 2014.02.27

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o mistério do saltério
sentes
e
no ministério
mentes
psalmo a palmo
as palavras
em tiras
tiaras
das mentiras
ao rés do chão
sem pão nem a vinha
advinha
a
adivinha
em sentido
neste sentido
que sentido
o sentido
sem ti
sentado
pasmado

setúbal 2014.02.27

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)