* Victor Nogueira
.eu bem sei que talvez já tenham lido, mas .... os dois primeiros correspondem à expressão dum sentir e a uma escrita como que espontânea. O 3º (Um rio enche a casa com o murmúrio de mil candeias) e o da 02 (gota a gota) são fruto duma intelectualização, dum pensar a frio com a busca das metáforas, um trabalho de artesão mas não de artista. O 3º da presente nota é uma reelaboração dum outro texto, declaração de amor e sobre a ausência, que eu transformara "alargara" num hino à "Liberdade" mas que quem lê considera um texto de amor e não um texto político. Considero tentativas falhadas quer o "gota a gota", quer "um rio ..." - crítico desapiedado de mim mesmo que sou.
Escritas e dispersas ao vento, as palavras deixam de
pertencer ao autor e passam a ser vistas e lidas com os olhos e lábios e o
pensar de quem as decifra e tenta descodificar.
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SEDUÇÃO
O desejo é uma nave
..............penetrando na imensidão destes dias.
Gomo a gomo
desfolhamos o cetim
do nosso corpo.
O ar está pleno
.......deste cheiro agridoce
................almiscarado.
Procuramos a sombra
................fulva e ardente
................fresca
do sol
num murmúrio crescente e
........................ondulante
em vagas sucessivas
no chão arenoso
a macieza da boca
................no seio do ventre
os lábios traçando
..............o mapa do desejo
o sabor da cisterna
.............da viagem dos sentidos
.............ao fim do mundo
nos corredores
a ....ventura
por nós talhada
Descoberta inventada
sem sombras nem limites
.....................(des) enredada
No fragor da tempestade
a serenidade da calmaria
nesta cidadela
......................."sem muros
........................nem ameias"
1989.Março.09 - Setúbal
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Sedento nas tuas
mãos esguias e belas
Sedento nas tuas mãos esguias e belas
aqui
na estrada da vida
à beira do caminho
de pé nesta tarde de verão
louco pássaro
.....................de asas partidas
busco a carícia do sorriso
..........o quente murmúrio da voz
..........o frémito das nossas mãos
..........o suave perfume do corpo apetecido
..........turbilhão incandescente sufocante
..........rio mar profundo
sigo ...com os dedos e os lábios o teu contorno
..........aqui os olhos ....a boca ....o lóbulo das orelhas
..........o andar decidido
..........os seios pequenos e firmes
além a ondulante seara
........a curva suave
........o moreno vale
fresco límpido agridoce refrigério
1985.Julho.28 - Setúbal
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Um rio enche
a casa com o murmúrio de mil candeias
Um rio enche a casa com o murmúrio de mil candeias
enquanto
............ondulados
............compassados
............rítmicos
ouço
sinto
e reconheço
............os teus passos
Em silêncio junto as palavras
.................percorro o teu corpo
.................flexível e moreno
Rio, choro e bailo contigo
quando assomas à porta e
..........busco o veludo dos teus lábios e do teu rosto.
bebendo o vinho da esperança
Tudo tem agora outra qualidade
..........................a qualidade do trigo em flor
...........................................da brisa
incandescente
...........................................da sombra
refrescante
...........................................do sol sem ardor
e no ar
o fragor e e a calma silente da tempestade liberta e
amainada
Setúbal 1989 / 2000
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Esta é a versão inicial (1989) do último escrito, que
prefiro sem dúvida alguma
1989.06.07
Setúbal
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)