domingo, 14 de março de 2021

escritos em 2009


* Victor Nogueira

Não fossem os registos e a memória perder-se-ia ou seria "retocada". Mas manter os escritos em suporte digital é torná-los mais frágeis e contingentes do que se o fizéssemos em papel, papiro ou pergaminho. Mas os textos que foram registados em  programas de processamento de texto  "comerciais" deixam de ser abertos e "lidos" por versões anteriores. Para  além de exigirem um "suporte" intermédio que facilite a sua "visão" - seja computador, notepad, ipad ou o que se lhe seguir. Alguém se lembra do spectrum ? Ou das disquetes de 5" 3/4 que armazenavam fabulosos 160/320 KB e dos pc's com extravagantes 50 MB de capacidade de armazenamento ? Que computadores lêem hoje as disquetes ou  as zip-drives de armazenamento com capacidade de 100 ou 750 MB ? "Monos", ali numa gaveta, como os filmes e programas registados em betamax ou em vhs 

Durante uns quinze anos mantive a intensa correspondência com a família e amizades, de que recuperei apenas a que escrevi para casa, em Luanda,  ou  para o Porto e Lisboa, para além da que a Celeste me deixou - a minha para ela - após o divórcio.Outra de anos com uma amiga minha perdeu-se, pois há uns anos qd lhe perguntei se ainda a tinha e se ma emprestava tive como resposta que resolvera rasgar todos os papéis pessoais porque não queria que fossem lidos por outrem após a sua morte. E assim se perderam anos das minhas notas sobre évora, o instituto e a vida ! Mas disse-me que eu poderia publicar as que me escrevera, que guardei e considero, acima de tudo, textos duma enorme beleza literária. 

A única vantagem da digitalização da minhas biblioteca e dos meus escritos e dossiers seria ocuparem menos espaço: em vez de mais de duas centenas de metros que totalizam dezenas de prateleira cheias muitas em duas filas teria uma dúzia de DVD's.

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2009.12.19 - Sim, que escrever? Escrever porquê e para quem? Interessa escrever sem «feed-back»? Quem me lê, se eu já não tenho tempo para ler os blogs «amigos»? Na Contabilidade do deve-haver, o meu saldo é negativo e a moeda de troca é a mesma - nada! E como a caixa nunca pode ter saldo negativo, enchêmo-la de ... letras, melhor ou pior avalizadas

Escrver é «gastar» tempo e tempo é dinheiro, numa sociedade onde tudo é a contado para uns e a descontado para a maioria. Sem cobertura, contabilisticamente falando, a falência e o arresto são quase certos. Para que tal não suceda é preciso ter cobertura, sobretudo em paraísos fiscais e na hermética Suiça.

Sim, que isto da contabilidade tem que se diga: Por falta de preparação no Liceu, a malta em Economia tinha dois anos de Propedêutica Comercial e em Évora dois de Contabilidade Geral. Ao professor desta devia fazer-lhe espécie num curso superior estar a ensinar bê-à-bá da contabilidade de qualquer escola comercial, pelo que no 1º ano tínhamos de gramar em Contabilidade I a chatérrima teorização acerca da ... fiosofia da contabilidade ! Um pouco como o Direito Comercial, em que o 1º semestre era dado a discutir as várias interpretações do artº 2º, que definia o que era um acto comercial. Farto de tanta discussão e teoria, um dia perguntei ao Sertório, o professor, porque não revogava o Governo o tal artº 2º, escrevendo um outro de fácil interpretação. Santa ingenuidade a minha, que recebi como resposta que se assim não fosse de que viveriam os advogados e jurisconsultos?

Pelo que registo que ontem choveu e o dia esteve cinzento, enquanto hoje esteve cheio de sol com céu azul e brilhante.

Das minhas apreciações políticas darei contas no Mu(n)do Phonographo.

E «prontus», a escrita está em dia! Daqui a pouco será um novo dia, o dia do Senhor!.

E graças à Judite, termino com um ar de erudição:

Amicus certus in re incerta cernitur. Latim

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2009.12.16 - Para não variar começo falando do tempo: de 6ª a 2ª feiras estiveram dias de sol, luminosos. 6ª fui às compras com o Rui, ao Jumbo, que estava praticamente vazio, sem as enchentes de outros anos em época natalícia. Bem pode o Governo dizer que estamos em deflacção, com malabarismos estatísticos, que as bolsas dementem-no e a prenda para muitos é o desemprego.

Já é noite de novo. Ando deprimido e sem vontade de sair ou de estar com as pessoas. Passei o fim de semana a dormir ou a ler, quer papel, quer no monitor. Ou a dormir, agora que desde 2ª feira veio uma onda de frio. tendo já chovido hoje.

Cada vez se utilizam mais palavras em inglês por causa da informática. Muitos programas têm nomes ridículos mas em português parecem sonantes:

software=programas de informática mouse=rato link=hiper-ligação drive=compartimento windows=janelas access=acesso works=palavras paint shop = loja de pintura paint brush= pincel de pintura file=ficheiro note pad = bloco de notas ou de apontamentos browser=navegador firewall = Barreira/muro de fogo spam = lixo electrónico e-mail = correio electrónico firefox = raposa de fogo etc

Ao jantar era para cozinhar entrecosto de porco estufado com massa, ervilhas e pimentos, mas como já tinha costeletas descongeladas estas substituíram aquelas no domingo, fritas e com ovos estrelados. Como não me apetecia cozinhar, na 2ª à noite trouxe do pronto-a-comer empadão de carne e carne de porco à portuguesa.  

De noite noite arrefece muito e tenho de na cama substituir a colcha por um edredão. Hoje o dia esteve frio e tempo de chuva, cinzento. As gaivotas esvoaçam para lá da janela. Há um ditado/provérbio português que diz "Gaivotas em terra, tempestade no mar».

Também ontem passei pela livraria Culsete, para comprar o livro do Medeiros, que o autografou, e nos intervalos cavaqueámos, ficando a saber onde ainda existem ninhos de andorinhas em Setúbal, donde praticamente desapareceram desde há anos com o seu chilrear na Primavera. O Medeiros é uma figura típica, sempre com o chapéu que nunca tira e o cachecol ao pescoço.

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 2009.12.21 Mais um Domingo, menos um dia na jornada! Mais um dia de inutilidade. Outrora teria saído, agora não. E bem sei que a justificação é apenas isso, uma justificação: o tempo cinzento, frio, chuvoso. Está nortada e sei porque a chuva bate nas vidraças deixando pequenas gotículas que mal escorrem. E porque na varanda da cozinha, onde não pus vidros duplos, o ar que entra pelos interstícios das janelas de correr é uma lâmina gelidamente cortante.

Às 16:00 a estação meteorológica caseira indicava 15º C dentro de casa. Lá fora, para lá da janela, as gaivotas esvoaçavam ou planavam graciosamente, mas não me apeteceu tentar fotografá-las. Quanto às nossas irmãs plantas, aquelas que necessitam de cuidados especiais, estão moribundas: o bonzai, a hera ... Bem, esta terá recobrado quando a coloquei na varanda do lado onde o sol não bate directamente e resguardada por um vaso maior. Quanto ao feto, rejuvenesceu, quando o tirei da sala e o coloquei na varanda, ao abrigo do vento! Quanto ao resto, são plantas xerófilas. Mas nada que chegue às dezenas de variedades de cactos e de malvas ou sardinheiras que tínhamos em Évora no amplo terraço como se fora um quintal num 2º andar adjacente à cozinha.

Gosto de jardinagem, de animais e de aquários. Mas os dois primeiros não dão para espairecer em minúscula varanda e quanto aos aquários, dão muito trabalho, embora seja repousante ver as evoluções dos peixes. E animais só em casa com quintal.

Continuo as minhas leituras - agora de António Brito «O céu não pode esperar» um romance histórico. Continuei na faina de alimentar os meus blogs e hoje dediquei-me a pesquisar por Manfred Gregor, descobrindo vídeos sobre o filme «A Ponte», realizado por Bernhard Wicki (1959) Também re-descobri Mário Castrim e Alice Vieira e pesquisei por outro Mário, o Crespo e suas crónicas

E com esta termino estas linhas.

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A ponte -o filme e o livro



http://www.youtube.com/watch?v=9BkK7qRvSTw

http://content.time.com/time/magazine/article/0,9171,939797,00.html#ixzz0aFhVRTtZ

sobre Alice Vieira

http://www.publico.pt/temas/jornal/so-gosto-da-minha-vida--a-partir-dos-20-e-tal-anos-18421991

 sobre Mário Castrim

http://daliedaqui.blogspot.pt/2009/12/mario-castrim-1920-2002.html


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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)