sábado, 8 de maio de 2021

Memórias de papagaios

* Victor Nogueira

Foto Victor Nogueira – Papagaio à porta da Pastelaria de Santa Clara, no Mindelo, com saborosa doçaria e simpáticos donos, onde muitas vezes lancho, quando o não faço na vizinha Freguesia de Árvore ou em Vila do Conde.

Este é um papagaio silencioso, ao contrário do celebrizado n’A Ilha do Tesouro, um dos romances da minha juventude, escrito por Robert L. Srevenson; “Capitão Flint” é o seu nome, sempre ao ombro do pirata John Silver.

No gosto de papagaios, por mais bela que seja a sua plumagem. Flint pronuncia esganiçada e monotonamente palavões e uma única   frase "Peças de Oito"; Silver dizia que o seu papagaio fazia mais ruído do que toda a tripulação do seu navio, em conjunto.

Para além destas pouco atraentes características, a elas podemos acrescentar as dolorosas mordidelas, se nos apanham distraídos. e a sujidade que espalham em torno de si com os restos das sementes que são o seu alimento.

Em toda a minha vida creio que “lidei” apenas com dois papagaios; um no Restaurante “O Cantinho do Frade”, em Setúbal, já encerrado, onde comíamos frequentemente, e outro no quintal da tia Maria, no Porto, em 1963, no ano em que vivi em casa dos meus avós, Luís e António.

Para além do romance lido inicialmente n'A Biblioteca dos Rapazes, creio que editado pela Portugália Editora, há uma adaptação a banda desenhada de autoria de Fernando Bento, cujo traço, nesta e noutras aventuras, desde sempre apreciei.


Na minha meninice também havia uma cantiguinha com um papagaio loiro do bico dourado, Na minha meninice também havia uma cantiguinha com um papagaio loiro do bico dourado, uma das que entoávamos na escola primária de então.


Papagaio loiro
De bico doirado
Leva-me esta carta
Ao meu namorado

Ele não é frade
Nem homem casado
É rapaz solteiro
Lindo como um cravo

Papagaio loiro
De bico doirado
Leva-me esta carta
Para o outro lado


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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)