segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Pingos do Mindelo em 2022 dezembro 18 / 19

 * Victor Nogueira

2022 12 19- Parecem pequenos os dias,  noite cerrada cerca das 17h 30m, até que dentro em pouco, a partir do solstício de Inverno,  comecem lentamente a crescer. Por isso parece estranho que já noite escura, avançada, se ouça o ruído do trânsito de aviões que se movimenta em torno do aeroporto das Pedras Rubras. 

O dia esteve cinzentonho mas, apesar das previsões meteorológicas, não choveu, embora rajadas de vento forte fizessem bailar furiosamente as ramadas das árvores no quintalejo. Tão inesperadas e fortes sopravam que por duas vezes quase me iam atirando ao chão, desequilibrado. Embora dentro de casa o frio seja suportável, lá fora o ar é gélido, cortante e desagradável.


Hoje colheu.se e prepararam-se os alhos franceses do nini-horto, agora a escorrerem antes de serem guardados  no congelador, para sopa ou acompanhamento. Pedi á vizinha Amélia que mos colhesse, que depois eu os arranjaria, mas ela resolveu tomar tudo de empreitada, poupando-me o trabalho. As  nabiças, essas não medraram. Os limões  estão na maioria já maduros, tal como as tangerinas. Sem azeitonas continua uma vez mais a oliveira


Para amanhã está previsto haver continuação de mau-tempo, com mensagens da Protecção Civil no meu telemóvel, para lá das parangonas, títulos garrafais e reportagens na imprensa on-line.  As “campanhas”, mais ou menos alarmistas ou alarmistas, sucedem-se como ondas ,de maior ou menor intensidade ou duração. Ao Covid 19 seguiu-se a Guerra na Ucrânia e a esta as inundações, sobretudo em Lisboa e,  á falta de incêndios, para lá doutros temas mais fugazes, não faltas as notícias envolvendo quer o Governo, quer o Presidente da República. Que novas novas, mesmo que envilecidas, virão após o final do Mundial de Futebol no Qatar, para  além da apimentada saga ou novela em torno de Cristiano Ronaldo? A crer nos comentários e nos artigos, na imprensa on line e nas redes sociais, o maior Português de todos os tempos, pelo menos desde os afonsinos, o homem a quem Portugal devotamente muito deve e que  indubitavelmente terá dado a conhecer ao Mundo este “jardim” á beira-mar prantado!

 

2022 12 18 – De manhã choveu. Embora as previsões meteorológicas sejam naturalmente, falíveis, á  tarde, com temperatura amena, resolvi sair para caminhadas fotográficas em Vila do Conde e Póvoa de Varzim.  

Passei primeiro pela Igreja de S. João Baptista, para revisitar o seu interior, mas as portas  da “Casa do Povo de Deus” (termo do Concílio Vaticano II) estavam cerradas, talvez como resultado da falta de confiança hodierna dos párocos no rebanho dos fiéis e nos infiéis. Assim a 1ª paragem foi um pouco mais adiante, no parque de estacionamento do Mercado Municipal Engº Duarte Pacheco, Ministro das Obras Públicas num dos Governos de Salazar. Os plátanos estão despidos de folhas , agora secas, que já não atapetam o piso com o seu castanho-dourado. No centro, histórico de Vila do Conde a maioria das ruas estão revestidas de paralelepípedos cúbicos, o que facilita a drenagem das águas pluviais. Mas no parque de estacionamento adjacente ao Mercado,  onde às 6ªs feiras se realiza a feira semanal, os blocos são irregulares, estilo matacões, o que torna incómodo e cansativo trânsito dos peões.

A fotografia acima,na Avenid 5 de Outubro, que bordeja o mercado,  não havia ficado muito nítida, mas desta feita consigo decifrar a legenda: Tens coragem de viver?.

Contrariamente ao habitual, neste domingo o parque de estacionamento está praticamente repleto de veículos automóveis, com peões cirandando, uns indo, outros vindo. Apercebo-me então que no recinto do mercado diário se estava realizando a Feira mensal, dominical, de Antiguidades e Velharias. Que não percorri demoradamente, pois, caso raríssimo, deixara em casa o telemóvel e a máquina fotográfica.  Entretanto  escurecia a passos largos, pelo que decidi regressar a penates, sem ver as iluminações natalícias, ainda apagadas àquela hora, nem a Exposição/Venda de Presépios na  “Casa  do Submosteiro  / Auditório Municipal”, a dois passos dali, na Praça da República.

A Exposição “Presépios de Portugal” 2022 apresenta cerca de 3.000 trabalhos executados por uma centena de artesãos, oriundos de todo o país,  utilizando diversificadas técnicas artesanais.

No regresso a casa passo pelo Minimercado do Cruzeiro, aqui a dois passos, onde vou com relativa frequência, para adquirir alguns géneros alimentícios. Os proprietários são um casal idoso, prestável e simpático, como a generalidade dos comerciantes do Mindelo e de Vila do Conde. Peço que me avie meia dúzia de papos-secos e a conversa deriva para aa diversidades linguísticas em Portugal: o pão, as profissões, as bebidas  

O meu interlocutor pergunta-me se sou do Alentejo, digo-lhe que não, que vivo em Setúbal, mas que sou de muito mais longe, para lá do Equador, de Luanda, em Angola. Ele diz-me que trabalhou durante muitos anos na Farmácia Dantas Valadas, em Luanda, ao pé da [Cervejaria] Portugal. Respondo-lhe que me lembro dessa Farmácia, paredes meias também com a [Livraria] Lello e o Polo Norte. 


Farmácia Dantas Valadas, em Luanda. Presentemente o edifício já não existe, por ter sido demolido.  Ao fundo o edifício do "Polo Norte" (geladaria) e do "Frimatic, o Rei dos Frigoríficos", o

Toda a vida, desde os 14 / 15 anos trabalhou ao balcão e percorreu muitas terras em Portugal. Nunca esteve em Setúbal, mas Beja, Évora  e Arraiolos estão entre as localidades que me enuncia como aquelas em que trabalhou e lhe deram consciência da diversidade de Portugal. Agora fixou-se no Mindelo. Entretanto diz-me que mesmo nas freguesias de Vila do Conde  há diferença entre as que ficam junto ao mar e aquelas mais para o interior. Despedimo-nos, desta feita com um aperto de mão, dizendo-me que volte, para conversarmos.

Fotos em 2022 12 

VER  

 Em Vila do Conde a 16ª Exposição / Venda de Presépios de Portugal

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)