* Victor Nogueira
Em destaque e visível da A1 situa-se em Alhandra a Igreja de São João Baptista, com a vila e o Rio Tejo a seus pés, este logo ali, a dois passos. A primitiva igreja matriz, fundada pelo cardeal D. Henrique em 1558, destaca-se na paisagem, por situar-se no alto dum colina, a cerca de 200 metros de altitude, no sítio conhecido como Alto do Castelo ou Miradouro do Castelo.
O actual edifício resulta da reconstrução levada a cabo até 1910, depois de um grande incêndio ter destruído o primitivo, em 1887. Apesar da sua arquitetura depurada e de linhas extremamente simples, alberga no seu interior um espólio de arte sacra dos séculos XVII e XVIII, de grande qualidade plástica, sendo alguns objectos da primitiva igreja e outros provenientes de igrejas de Lisboa, designadamente do antigo Convento do Grilo.
No Porto o edifício dos actuais Paços do Concelho encima a Avenida dos Aliados e a Praça da Liberdade, resultante da demolição dos prédios na zona anteriormente existentes.
Outrora os Paços do Concelho estiveram instalados no Paço Episcopal, nas cercanias da medieval Casa da Câmara ou Casa dos 24. Por seu turno o pelourinho situa-se no Terreiro da Sé Catedral, como pastiche dos anos '40 de século XX.
A Casa dos 24 remonta ao século XV e teria sido a primeira sede do poder municipal, resultando o nome do facto de nela se terem reunido 24 representantes dos vários ofícios da cidade. O edifício ficou destruído depois de um incêndio em 1875 e acabou por ser recuperado pelo arquitecto Fernando Távora em 2000., nele estando presentemente instalado o Museu da Cidade.
VER Pelourinhos 41 / Municípios 23 - Porto
No caminho para as Caldas da Rainha, deparamos com uma Igreja ortogonal, o Santuário do Senhor da Pedra, com um Museu de Arte Sacra que não visitei. (1) O Santuário do Senhor da Pedra parece uma nave espacial atarracada, com os foguetões laterais.
Neste local, junto a uma fonte, foi descoberta uma tosca imagem de pedra, representando Cristo. Circundando a enorme, incompleta e desajeitada Igreja, um conjunto de cafés e restaurantes fechados.
No largo fronteiro um fontanário joanino, com desenhos azuis, ao lado duma estalagem. Para ocidente, no horizonte e ao longo da cumeada, as muralhas da Vila de Óbidos, em contraluz ao pôr-do-sol. (Notas de Viagem, 1997.06.28)
(1) - Museu que acabei por visitar doutra feita, subindo uma estreita escadaria talhada no interior da grossa parede, percorrendo apertados corredores e atravessando salas que guardam os tesouros e peças, visitante solitário e talvez raro, tendo como cicerone a filha do guarda.
VER
## No que respeita aos homens, nem o riso, nem as lágrimas, nem a indignação, mas apenas o entendimento [i.e.saber o porquê] (Espinosa)
## Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado. A tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos. E justamente quando parecem empenhados em revolucionar-se a si e às coisas, em criar algo que jamais existiu, precisamente nesses períodos de crise revolucionária, os homens conjuram ansiosamente em seu auxilio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestado os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar e nessa linguagem emprestada. (...) De maneira idêntica, o principiante que aprende um novo idioma, traduz sempre as palavras deste idioma para sua língua natal; mas só quando puder manejá-lo sem apelar para o passado e esquecer sua própria língua no emprego da nova, terá assimilado o espírito desta última e poderá produzir livremente nela.( Karl Marx, in "O 18 de Brumário de Louis Bonaparte")
## Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo. (Karl Marx)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)