quinta-feira, 27 de julho de 2023

Poesia em 2014 07 27

 

* Victor Nogueira 

27 de julho de 2014

 
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Público
Os papéis amontoados, além,
as horas escorrendo, a somar,
a roupa, as malas, por arrumar,
e vontade que não vale um vintém.
De negro, sem corcel, sem dama, pajem
enredado em mui mau quebrantar.
sem arte, tela ou cinzel no ar,
embotado, como Matusalém.
Assim fenece o grã conde niño,
parado, apagado, sem as férias,
por as não querer passajar sem ninho.
Pois não há encanto nas suas lérias:
no quebrado campo, um estorninho,
sem asas, sem canto, sem memórias.
2014.07.27 setúbal

 
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Público
Sentado, dominando o horizonte,
sem cores nem dores, escorre a vida,
na cronologia dos tempos corrida,
buscando novos dias, novas fontes.
De rubro os robles sombram as pontes,
eterno vai-vém, d'entrada saída
neste redondel, em louca corrida,
com ancoragem que a tudo afronte.
E nos ribeiros em caleidoscópio
mil ares, mil águas, se levantam,
como um gigantesco cinescópio
Em rebate, só, ruidosos tocam,
envoltos na dormideira do ópio,
os sonhos, pesadelos, que não voam.
2014.07.27 setúbal

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)