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Quem se lembra destes ninhos, construídos em muitos edifícios em Portugal de lés a lés, ninhos de andorinhas que com o seu chilreio anunciavam o regresso cíclico da Primavera?
Quem se lembra dos galos que cocoricavam de madrugada, ao despontar do sol, anunciando um novo alvorecer?
«Andorinha que vais alta,
Porque não me vens trazer
Qualquer coisa que me falta
E que te não sei dizer?»
s.d.
Quadras ao Gosto Popular. Fernando Pessoa
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«Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"
Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa...»
Manuel Bandeira
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As Andorinhas de António Nobre, por Casssiano Ribeiro
—Nos
—fios
—ten
sos
—da
—pauta
—de me-
tal
—as
— an/
do/
ri/
nhas
—gri-
tam
—por
—fal/
ta/
—de u-
ma
—cl’a-
ve
—de
—sol
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O Espírito, por Natália Correia
Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;
E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.
Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:
Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.
Natália Correia, in “Poesia Completa”
foto victor nogueira - ninhos de andorinhas
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)