sábado, 21 de dezembro de 2024

O chatGPT efabula na minha poesia (03)

 * Victor Nogueira

ECCE HOMO

Era o dia 26 de Fevereiro

O Pituca morreu!

Encerrado em si

hirto no seu pijama azul

as mãos bonitas e o rosto frio

um vergão em torno do pescoço

o rosto violáceo

o ar sereno.

Longe vai o tempo da minha alegria

das nossas brigas

da nossa amizade

…………………silenciosa

…………………tímida

…………………desajeitada.

Fica-me no pensamento

a lembrança de ti

nas coisas que me deste

……………….…,os livros os posters

……………..…...os bibelots as estatuetas

 ………………… africanas as tuas pinturas

…………………  a Marilyn e o Pato Donald

…………………  os discos e as cassetes.

Memória da infância perdida

nas palavras silenciadas

Meu irmão!

Setúbal 1987.12

"ECCE HOMO" é um poema profundamente emocional que capta o luto e a nostalgia por um ente querido, identificando a dor da perda e as memórias que permanecem. A data "26 de Fevereiro" serve como um marco significativo, enfatizando a irreversibilidade da morte e incutindo um tom de tristeza e reflexão.

O retrato de "Pituca", descrito de forma vívida e quase fotográfica, evoca a fragilidade da vida em contraste com os momentos de alegria e amizade compartilhados. O uso das palavras "hirto", "frio" e "violáceo" transmite a imagem de um corpo sem vida, enquanto a menção ao "ar sereno" sugere uma certa paz no descanso final, criando um contraste entre a agitação da vida e a quietude da morte.

As recordações que se seguem são uma celebração da relação entre o narrador e seu irmão, repletas de uma inocência e intimidade que só podem ser apreciadas à luz da perda. Os objetos mencionados—livros, posters, estatuetas—são não apenas merecedores de lembrança, mas também testemunhos tangíveis da conexão emocional entre os irmãos. Eles representam a simplicidade das interações infantis e as alegrias compartilhadas que agora se tornaram reminiscências de um tempo passado.

A repetição de "…………………silenciosa", "…………………tímida" e "…………………desajeitada" ressalta a natureza da relação, possivelmente marcada por um amor contido e nuances de comunicação que podem ter ficado não ditas. A expressão final "Meu irmão!" é um chamado íntimo e doloroso, que encapsula a perda e o amor que perdura, mesmo na separação.

Este poema evoca sentimentos universais de saudade e reflexão sobre laços familiares, sugerindo que, mesmo na dor da perda, as memórias continuam a viver, moldando quem somos. Se você quiser discutir mais sobre o significado do poema, a relação entre os irmãos, ou seus temas centrais, fico à disposição!

É TEMPO DE CHORAR

É tempo de chorar

silenciosamente

os nossos mortos

irmãos encerrados

…………….encurralados

É tempo de chorar

enquanto

para lá desta hora

a vida se renova

por entre

……………. os bosques e

……………. os regatos

…………….……………. ….sussurantes

…………….  do imaginar o son (h) o estilhaçado

É tempo de chorar o tempo que voa!

(IN MEMORIAM do meu irmão Zé Luis, morto de morte matada

…………….……………. por ele próprio e por muitos outros no tempo

…………….……………. que para ele terminou naquela tarde de

…………….……………. 26 de Fevereiro de 1987 ............................. )

Setúbal, 1989.02.03

. (Zé Luís - Luanda, 1951 – Paço de Arcos 1987)

O poema "É TEMPO DE CHORAR" transmite um luto profundo e reflexivo, abordando a perda e a dor que ela provoca. A repetição da frase "É tempo de chorar" enfatiza não apenas a necessidade de expressar o lamento, mas também um convite à introspecção e à lembrança dos mortos, especialmente do irmão do autor, Zé Luis, cuja vida se encerrou trágica e prematuramente.


A forma como o autor menciona os mortos como "irmãos encerrados" e "encurralados" sugere uma sensação de aprisionamento, possivelmente refletindo as limitações impostas por circunstâncias da vida ou pelo peso das escolhas que levam à morte. Essa ideia é reforçada pelo ambiente descrito como um espaço de vida que se renova, "por entre os bosques e os regatos", contrastando com a dor do luto.

O uso de elementos naturais, como "bosques" e "regatos", sugere um ciclo de vida e renovação, o que cria uma tensão entre a vida que continua e a dor da perda. A imagem do "son (h) o estilhaçado" parece simbolizar os sonhos e esperanças que se quebraram com a morte de Zé Luis. Essa frustração e a sensação de perda de potencial é palpável e ressoa no leitor.

A referência direta à data "26 de Fevereiro de 1987" confere um sentido de realidade e urgência ao luto, ancorando a tragédia em um momento específico de tempo. O uso da expressão "morte matada" revela a complexidade da situação, sugerindo um suicídio que não só afeta o indivíduo, mas também deixa cicatrizes profundas naqueles que ficam.

A maneira como o poema é construído, com pausas significativas e espaços em branco, reflete o próprio ato de chorar—um processo que não é linear e pode ficar interrompido, permitindo que o leitor sinta a profundidade da dor e a necessidade de lembrar.

Esse poema não só exala tristeza, mas também conclama à reflexão sobre a vida, a morte e o que significa ser humano em meio ao sofrimento. Se tiver interesse em explorar mais sobre os temas, a relação entre o autor e seu irmão, ou a estrutura do poema, estou aqui para continuar a conversa!

IN MEMORIAM do meu irmão Zé Luís, Em 1987, a 26, ao fim do dia resolvi ir ao cinema e depois de chegar a casa à noite, o telefone tocou. Era o Jacinto, o guarda do edifício da Câmara onde eu trabalhava, no Planeamento Urbanístico, : "Doutor, Temos andado à sua procura. Sente-se, tenho uma notícia para lhe dar: O seu irmão morreu." Desta vez a tentativa de suicídio não falhara.. Vítima do stress da guerra os psiquiatras haviam dito que apenas eu o poderia salvar e não os pais, mas o meu poder era limitado. 

A narrativa que você compartilhou é profundamente impactante e evoca uma intensa carga emocional. A lembrança do momento em que você recebeu a notícia da morte de seu irmão Zé Luís é dolorosa e repleta de sentimentos de impotência e culpa. A forma como o chamado do guarda do edifício interrompe sua rotina revela a abrupta transição entre a normalidade e a tragédia, evidenciando a fragilidade da vida.

A menção à "tentativa de suicídio" que não falhou desta vez acentua o sofrimento que Zé Luís enfrentou e a luta interna que muitas pessoas lidam quando são vítimas de problemas de saúde mental, especialmente em contextos como o estresse de uma guerra. A referência aos psiquiatras que afirmaram que apenas você poderia "salvá-lo" traz um peso adicional, pois sugere uma responsabilidade insuportável e uma pressão que pode se tornar esmagadora. Esse sentimento de que algo poderia ter sido feito para evitar a tragédia é uma experiência comum em casos de perda, especialmente quando a morte resulta de complicações emocionais e psicológicas.

A escolha da palavra "poder" enfatiza a limitação da capacidade de influência que as pessoas têm em relação à saúde mental dos outros, especialmente quando essa saúde é afetada por fatores externos, como a guerra. Isso também gera uma reflexão sobre a importância da saúde mental e do apoio que as pessoas precisam, muitas vezes em situações críticas.

Essa experiência é, ao mesmo tempo, pessoal e universal, pois muitos lidam, direta ou indiretamente, com a dor da perda de um ente querido. A luta contra o estigma da saúde mental e a busca por compreensão e apoio são temas relevantes que se entrelaçam nessa narrativa.

Se você quiser discutir ainda mais sobre essa experiência, as implicações do luto, ou outros aspectos relacionados, estou à disposição para ajudar.


** 

PRECE, por Maria Emília NS

Ao meu filho José Luís

Meu filho querido, meu grande amor
Teu destino não era este mundo.
Partiste e me deixaste nesta dôr
Tão profunda, Imensa, sem ter fim.

Porquê meu filho, me abandonaste ?
Tão jovem, tão talentoso, tão bom !
Sem compreender porque te finaste
E que felicidade procuraste.

Teu coração outra vida sonhara,
Mas uma vida sem sombrias nuvens
Radiosa primavera desejara.

Tuas meigas mãos jamais sentirei
Afagar com carinho a minha face
Sentida prece por ti rezarei.


S/data

O poema "PRECE", escrito por Maria Emília, é uma tocante ode ao luto e à saudade de um filho perdido, José Luís. A intensidade e a dor da perda são palpáveis em cada linha, refletindo uma profunda tristeza e uma busca por compreensão diante da tragédia.

A abertura do poema, com as expressões "Meu filho querido, meu grande amor", já estabelece uma ligação íntima e emocional. O tom é pessoal e afetuoso, sugerindo que a relação entre mãe e filho era marcada por um amor profundo e incondicional. A frase "Teu destino não era este mundo" evoca uma sensação de que a morte do filho é uma injustiça, como se seu potencial e sua luz deveriam ter se manifestado de outras formas e em outros lugares.

A interrogação "Porquê meu filho, me abandonaste?" expressa um sentimento universal de dor e confusão que muitas mães enfrentam ao perder um filho. Essa pergunta é carregada de desamparo e a necessidade de encontrar respostas que muitas vezes nunca vêm. O uso da palavra "dôr" destaca a gravidade da perda, enquanto "imensa" e "sem ter fim" sugere que essa dor pode perdurar indefinidamente.

A lembrança do filho como "tão jovem, tão talentoso, tão bom" acentua a tragédia da perda de alguém que tinha tanto a oferecer ao mundo. O lamento por "uma vida sem sombrias nuvens" e o desejo por "radiosa primavera" expressam o anseio por um futuro mais leve, longe das angústias que o levaram à morte.

A última estrofe traz uma sensação de impotência e resignação: "Tuas meigas mãos jamais sentirei". Essa linha evoca a intimidade e o carinho que nunca mais poderão ser compartilhados. A "sentida prece" é uma forma de manter viva a memória do filho e uma maneira de a mãe expressar seu amor e sua dor mesmo após sua partida.

O poema é um testemunho emocional da capacidade do amor maternal de persistir, mesmo diante da perda, e da luta interna entre a dor e a saudade. Se desejar, podemos discutir mais sobre os temas abordados, a relação entre o luto e a memória ou qualquer outro aspecto que você ache interessante.

https://www.hotbot.com/chat/

Sem comentários:

Enviar um comentário

Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)