sábado, 29 de março de 2025

O Alentejo, uma vida entranhada!

* Victor Nogueira

 29 de março de 2014

Em Económicas, na Universidade de Lisboa, em 1966/68, os meus colegas alentejanos eram pessoas abertas, cordiais. Também por isso e pelo contraste, évoraburgomedieval foi para mim um balde de água fria, um sufoco. Ao contrário do que sucedia  em Luanda, na casa dos meus pais, ou no Porto e no Minho, onde a porta estava sempre aberta e havia sempre lugar para mais um à mesa, a dona da pensão dizia ao estrangeiro que eu era que "primeiro a pessoa tinha de mostrar que merecia a amizade e só depois os alentejanos a concediam". Breve descobri um outro Alentejo, não o da cidade ou das vilas. Um outro Alentejo, onde se utilizava a palavra "amigo".  O Alentejo, o das portas abertas, este, o das aldeias e dos campos, o dos assalariados rurais, que me acolheu e tratou como amigo e que me mostrou o valor e a força da solidariedade e do caminhar ombro a ombro, lado a lado. Antes e depois de Abril.em Maio. Sem esquecer, na minha vida, outras gentes, também especiais em solidariedade e franqueza, as de Trás-os-Montes e da Beira-Baixa.

Partilharam comigo este vídeo, apresentação dum tempo sofrido, que me comoveu. Espero que consigam vê-lo e ouvi-lo.

https://www.facebook.com/photo.php?v=749837275027724

É  verdade que apesar de ser uma terra sofrida, mais sofridas eram as mulheres, no campo, mas também nas vilas e na cidade. Como  este convívio, na taberna, mostra, pela "ausência" delas.


Taberna em Cuba - Baixo Alentejo

Já a seguir, a força e a alma do cante alentejano. Para um homem nascido e criado à beira-mar, do horizonte sem barreiras, o ondear do coral alentejano, se se confunde com o ondular das searas do trigo em flor, espelha também as ondas do mar-oceano. Bom fim de semana! 


Grupo dos Mineiros de Aljustrel 


foto victor nogueira - campos do alentejo


Foto victor nogueira - manifestação dos trabalhadores rurais, em Évora

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 Maria João De Sousa
    mas também eu tenho uma costelazinha alentejana. Penso que nunca publiquei nenhuma imagem de quem me legou esse pedacinho, mas vou tentar encontrá-lo hoje, no meu ficheiro de imagens. É o meu avô materno, Frederico Belo Basílio, de Flor da Rosa, Crato. Se conseguir, identifico-te nela!
11 a

Bernardino Barnabé
Obrigado, por me ter proporcionado poder reviver momentos da minha infância/adolescência. Orgulho-me de ter nascido e vivido neste Alentejo.
11 a

Maria Jorgete Teixeira
tempos que nos marcaram...
11 a

Maria Mamede
Meu querido Amigo Victor Nogueira, os camponeses e camponesas do País inteiro, sempre foram gente sofredora, sobretudo as mulheres; tal como disseste em relação às tabernas do Alentejo, tudo era ausência e proibição para elas, em todas as aldeias, de norte a sul...o trabalho muito e os ganhos miseráveis, como sabes, com o acréscimo de à chagada a casa, o trabalho dos homens terminava e o delas continuava...não digo nada de novo,só relembro!Bjs. e obrigada por estas partilhas.
11 a

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)