quarta-feira, 30 de abril de 2025

NOS QUARENTA ANOS DO 25 DE abril - 20 - 1º de Maio de 1974 - a confluência dos rios e das lutas

 * Victor Nogueira

30 de abril de 2014

No tempo do fascismo o 1º de Maio era um dia normal de trabalho e as manifestações e concentrações  duramente reprimidas. Para 1974 estavam previstas manifestações, que a PIDE pretendia minimizar com numerosas prisões prévias. Face às "hesitações" de Spínola e da Junta de Salvação Nacional,  o PCP pretendia decretar uma greve geral para o 1º de Maio, que veio a ser declarado feriado em 27 de Abril, com gigantescas manifestações em Portugal de Norte a Sul.

Da minha correspondência na altura:

« O Partido Comunista Português pretendia declarar uma greve geral para o próximo 1º de Maio [1974]. (…)  Haverá greve ou não? Ou limitar-se-á a uma convocação gigantesca?   (...) O 1º de Maio - Dia do Trabalhador - é finalmente feriado. Prevê se uma manifestação, que de resto agora são livres 

(…) Viste o TV 7, ontem, domingo? É muito para um homem só ouvir finalmente, aquilo que alguns pensavam, muitos sentiam, mas não se podia dizer. E sobretudo o fim da guerra colonial, o direito à greve... Não, (...) não creio que se possa retroceder. A luta dos próximos tempos será de morte (não, não me refiro à guerra civil!); espero que o povo português não perca tudo o que pretenderão tirar-lhe: uma sociedade mais justa e humana. Mas de algo estou certo: "a longa noite do fascismo não voltará!".»  (MCG - 1974.04.27/28) 

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Ao 1º dia do mês de Maio de 1974, pelas 16,35h, estudantes do ISESE, reunidos em Assembleia na sede do MDE  [Movimento Democrático de Évora], (...)

As razões que levaram aqueles estudantes a tal procedimento  foram justificadas pelo apoio ao 1º de Maio – DIA DO TRABALHADOR – e a  sua celebração festiva.

Mais se acrescenta que para além do momento histórico porque passamos a vontade dos estudantes foi aceite pela mesa informalmente constituída. (...)

Évora, 1 de Maio de 1974

A Comissão Coordenadora das Actividades da Associação dos Estudantes.

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Carlos Rodrigues

Lembras aqui, Vitor e muito bem Maios anteriores, anteriores à Liberdade, nomeadamente o Maio de 1962, em pleno Fascismo, onde a Imprensa ao serviço deles usava um terminologia típica que devia ser estudada hoje nas Universidades e não resisto a citar: onde os termos usados para designar os que tinham a coragem de se opor ao Regime, eram os de " desordeiros, amotinados, díscolos, minoria de subversivos, que se opunham às pessoas ordeiras", no tempo em que " a despeito da Polícia ter feito DISPAROS PARA O AR, com a preocupação de não atingir a multidão, ALGUNS PROJÉTEIS DISPARADOS MAIS BAIXO atingiram seis dos manifestantes etc. " Dos desordeiros atingidos pelos disparos um deles teve morte imediata, pois um projétil atravessou-lhe o crânio...tudo isto porque foram disparados tiros para o ar ou de mera advertência...

11 a

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)