sábado, 28 de julho de 2007

Lisboa - Bordejando Alfama

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Casa dos Bicos e Sé
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Arco das Portas do Mar (foto Leonardo Negrão)
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Arco Escuro
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Fotografia de Armando Serôdio, 1968, Arquivo Municipal de Lisboa - AFML A63012

Beco do Arco Escuro é hoje um arco de volta abatida com dois metros e meio de largo, e abre-se a partir da rua dos Bacalhoeiros pelo lado norte. Passando um pequeno troço da rua das Canastras e a Travessa de Santo António chega-se ao largo da Sé. Para alguns autores este lugar seria o antigo postigo da rua das Canastras, aberto na muralha depois da reconquista, e que serviria mais para serventia do que para defesa. Outros autores dizem que neste lugar terá existido a Porta do Mar, pois por ali entrava o mar aquando da maré-cheia. Um facto é indesmentível, depois da reconquista e com o desenvolvimento da cidade as portas tornaram-se inúteis, mudaram-se em arcos. Passou-se da porta medieva para o arco, de fins guerreiros para fins pacíficos e urbanos.
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Sabemos pela carta do Cruzado Osberto de Bawdsey que o último assalto à cidade se fez a partir desta zona, e a cidade foi conquistada ao fim de 17 angustiosas semanas.
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in http://revelarlx.cm-lisboa.pt/
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Casa dos Bicos (antes da «reconstituição»)
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Casa dos Bicos
foto Peter Wilson (c) Dorling Kindersley
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Casa dos Bicos
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A chamada Casa dos Bicos é um dos nossos ex-libris. Mandada construir em 1523 por Brás de Albuquerque, presidente do Senado em Lisboa e protegido do rei D. Manuel, era destinada a habitação. Brás de Albuquerque era filho de Afonso de Albuquerque, (1º Vice-Rei da Índia conquistou Goa e Malaca ); a frontaria é uma adaptação de um estilo muito popular na Europa mediterrânica do século XVI. Serviu de armazém às riquezas que vinham do Oriente e que depois rumavam a Bruges, Antuérpia e outros mercados europeus.
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A sua decoração, os "bicos", demonstra uma clara influência italianizante, provavelmente do Palácio dos Diamantes em Ferrara, ou do Palácio Bevilacqua em Bolonha. Em 1981, foi restaurada segundo o desenho primitivo para albergar um dos núcleos da XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura. Acolheu a Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses até à sua extinção. Recentemente tem sido palco de exposições temporárias.
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Ao lado, a Casa das Varandas (Casa Amarela para alguns) – Séc. XVI As varandas no meio são diferentes em todos os pisos e diferentes das outras do mesmo piso. Não só pelo desenho da varanda (rectangular e não redonda), como pelo formato das portas. Foi restaurada no Séc. XVIII e ampliada com mais dois pisos no Séc. XIX (estes não respeitam o traço das janelas e varandas dos pisos inferiores).
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Chafariz d’el Rei
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Vamos para Alfama pela Rua S. João da Praça - que começou um pouco atrás junto à Sé de Lisboa - e viremos à direita para a Rua Cais de Santarém onde se encontra o Chafariz d’el Rei, assim chamado em memória de D. Diniz e que foi então o mais grandioso da cidade, com bicas que abasteciam separadamente mulheres brancas e escravas e homens de côr.
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Mesmo aqui no subsolo, borbulham ainda as «águas santas» debaixo de um alçapão. Seguindo pelo Largo do Terreiro do Trigo chega-se ao Largo do Chafariz de Dentro, assim chamado por se encontrar no interior da muralha fernandina e também conhecido por Chafariz dos Cavalos por as suas bicas terem cabeças de cavalo. Aí podemos descansar e entrar na Casa do Fado e da Guitarra Portuguesa que lembrará a história desta canção nacional com as suas complexas origens afro-brasileiras e que evoca nos seus textos carregados de sentimento tanto a alma popular como os grandes valores aristocráticos.
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)