CRONICA DA MUI BELA E NOBRE BIBLIOTECA MUNICIPAL,
EM VERSO HEROICAMENTE CELEBRADO COM INTERVENÇAO
DE ALGUMAS E ALGUNS ILUSTRES PERSONAGENS, COMO SE
VERÁ
* Victor Nogueira
Pois a Biblioteca Municipal
Tem um projecto muito controverso,
Alguma coisa lá corre bem mal
Merecendo uma cantiga em verso
Ela tinha uma bibliotecária
De seu nome Idília das Mercês:
Mandaram-na p’ra cima do telhal,
Ora adivinhem quem foi o maltês.
Vai daí o juiz do Tribunal
Mandou rectificar a prepotência,
Mas o pretenso dono do pombal
Não quis, fiquemo-nos pela evidência.
Emalaram os livros e os peixes
Ficou a biblioteca de emergência
E tem calma, oh! leitor, não te queixes
Se na procissão não houver urgência.
P’ra renovação do nobre edifício
Juntaram-se três Donas, arquitectas,
Cada uma com seu belo artifício,
Todas com bem encantadores aspectos.
A Noêlia, azeda e bem altinha,
A rapozinha, Lídia, rebiteza,
E, céus, a M. Tomé bonitinha,
Com seu ar calmo, calado, princesa.
O reboco já se foi retirando,
Surgindo o tabique e a estrutura,
Pois o operário lá vai trabalhando
Com o seu engenho e arte dura.
Um arquitecto sem bom ajudante
É como nascer o sol sem luar;
Tudo tem de ser feito de rompante
Pois o povo é chamado a votar.
Mas na Câmara é preciso calma:
Sempre novas ideias, p’ra mudar.
Nisto não há não quem nos leve a palma,
Não vale apertar ou chatear.
.
João Abel é bom desenhador
Estudioso, sabe do ofício.
Mas p’ra Manuela é gran dor
Seja tão calmo, é bem mau suplicio
Calada, com silencioso andar,
Na sala aparece a Manuela,
Séria ou risonha, com mau penar
Se o Carapeto deu escapadela.
Ora dizes tu, ora mando eu!
Melhor ou pior lá se vão mexendo
P’ra que o desenho não seja breu
Nem se gaste mal o tempo, perdendo.
Ele é tamanho riscado e viagem
Que por vezes há grande confusão
Para que não se fique em má tiragem
Com os apertões da vereação.
Ora, os desenhos são mais de mil,
P'ro Picoto lá se vai o sossego;
Emenda, raspedela, que baril,
É bem obra de muito grã carrego.
Há sempre uma coisa p’ra aumentar
Um pormenor, outro levantamento,
Bem sofrem, com arquitecto a puxar
E o desenhador em grande tormento..
Não se fala do Engenheiro Guerra?
Calcula p’ra não haver aguadar;
Com o Pinela, a sapata em terra,
Não vá a construção no chão ficar
Enfim, aqui fica breve resumo
Da novela da nossa BIBLIOTECA
Mas acreditem, sairá bom sumo,
Casa boa, ,imponente, sem marreca.
1989.09.14/15
SETUBAL
.
Nota sobre os personagens
.
O Carapeto e a Manuela já vos foram apresentados no rimance anterior. Neste surgem novos personagens, como as arquitectas Noélia e Lídia, bem como o Picoto.
EM VERSO HEROICAMENTE CELEBRADO COM INTERVENÇAO
DE ALGUMAS E ALGUNS ILUSTRES PERSONAGENS, COMO SE
VERÁ
* Victor Nogueira
Pois a Biblioteca Municipal
Tem um projecto muito controverso,
Alguma coisa lá corre bem mal
Merecendo uma cantiga em verso
Ela tinha uma bibliotecária
De seu nome Idília das Mercês:
Mandaram-na p’ra cima do telhal,
Ora adivinhem quem foi o maltês.
Vai daí o juiz do Tribunal
Mandou rectificar a prepotência,
Mas o pretenso dono do pombal
Não quis, fiquemo-nos pela evidência.
Emalaram os livros e os peixes
Ficou a biblioteca de emergência
E tem calma, oh! leitor, não te queixes
Se na procissão não houver urgência.
P’ra renovação do nobre edifício
Juntaram-se três Donas, arquitectas,
Cada uma com seu belo artifício,
Todas com bem encantadores aspectos.
A Noêlia, azeda e bem altinha,
A rapozinha, Lídia, rebiteza,
E, céus, a M. Tomé bonitinha,
Com seu ar calmo, calado, princesa.
O reboco já se foi retirando,
Surgindo o tabique e a estrutura,
Pois o operário lá vai trabalhando
Com o seu engenho e arte dura.
Um arquitecto sem bom ajudante
É como nascer o sol sem luar;
Tudo tem de ser feito de rompante
Pois o povo é chamado a votar.
Mas na Câmara é preciso calma:
Sempre novas ideias, p’ra mudar.
Nisto não há não quem nos leve a palma,
Não vale apertar ou chatear.
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João Abel é bom desenhador
Estudioso, sabe do ofício.
Mas p’ra Manuela é gran dor
Seja tão calmo, é bem mau suplicio
Calada, com silencioso andar,
Na sala aparece a Manuela,
Séria ou risonha, com mau penar
Se o Carapeto deu escapadela.
Ora dizes tu, ora mando eu!
Melhor ou pior lá se vão mexendo
P’ra que o desenho não seja breu
Nem se gaste mal o tempo, perdendo.
Ele é tamanho riscado e viagem
Que por vezes há grande confusão
Para que não se fique em má tiragem
Com os apertões da vereação.
Ora, os desenhos são mais de mil,
P'ro Picoto lá se vai o sossego;
Emenda, raspedela, que baril,
É bem obra de muito grã carrego.
Há sempre uma coisa p’ra aumentar
Um pormenor, outro levantamento,
Bem sofrem, com arquitecto a puxar
E o desenhador em grande tormento..
Não se fala do Engenheiro Guerra?
Calcula p’ra não haver aguadar;
Com o Pinela, a sapata em terra,
Não vá a construção no chão ficar
Enfim, aqui fica breve resumo
Da novela da nossa BIBLIOTECA
Mas acreditem, sairá bom sumo,
Casa boa, ,imponente, sem marreca.
1989.09.14/15
SETUBAL
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Nota sobre os personagens
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O Carapeto e a Manuela já vos foram apresentados no rimance anterior. Neste surgem novos personagens, como as arquitectas Noélia e Lídia, bem como o Picoto.
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Este já era velhote e trabalhava na reprografia, tirando fotocópias ou cópias em ozalid, mas sempre nas calmarias, apesar do cheiro de amoníaco que empestava o ar. Quem apertasse com ele tramava-se, pois então «esse» serviço ficava mais para trás, com poucas excepções dos que lhe conseguiam «dar a volta», entre os quais eu. O Município dava-lhe um litro de leite diário para desintoxicar mas ele renegava bebê-lo, preferindo purificar-se com o tintol. Mas, fosse qual fosse o seu estado, nunca perdia o seu ar de menino travesso e o leve sorriso de quem já conhece as ronhas todas, e falava sempre com delicadeza e urbanidade. Devem imaginar como o consumiam as constantes alterações ao projecto e a caterva de cópias que tinha imperiosamente de tirar sem delongas. Anos depois o Picoto teve uma trombose, ficou todo apanhado e deixou o tintol. Mas como os viris colegas o convidavam para os copos, ele deixou de resistir e acabou por ter um novo ataque que o levou desta para melhor, deixando em alguns de nós um vazio pela sua ausência definitiva.
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Ah! a Idília das Mercês era a Bibliotecária, que foi posta pelo PS na prateleira como muitos outros que não eram da mesma cor logo que aquele ganhou as eleições. O Tribunal Administrativo a todos deu razão logo na 1ª instância, a Câmara recorreu para o Supremo, onde a emagadora maioria lhe viu a razão negada. A maioria do pessoal operário e auxiliar mudou de camisola e não poucos diziam-me ("Sabe, doutor, cá por dentro não mudei, mas temos de fazer pela vida !....") Tretas, desculpas esfarrapadas se quem se sentia mal ao vêr-me ou cruzar-se comigo. A Idília foi colocada no sótão, no Arquivo Morto, amargurada e sem ser promovida até se reformar muitos anos mais tarde. Soube depois que fora internada num lar, com a doença de Alzhemer. Um dia cruzei-me com ela num corredor do «meu» serviço, onde a tinham levado sem que reconhecesse quem quer que fosse. Para surpresa geral, quando me viu sorriu e chamou-me pelo nome. Fui sempre adiando a visita ao Lar, havia sempre algo que era mais prioritário. e os dias foram passando até que soube que morrera.
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O Guerra e o Pinela eram engenheiros civis e estavam encarregados dos cálculos de engenharia para o edifício em remodelação, donde tinham sido retirados, salvo erro, uma delegação da Guarda Fiscal e o Museu Oceanográfico, que passou para o forte no Portinho da Arrábida. Há quem diga que os peixinhos vivos foram lançados ao rio Sado, mas como eu não estava lá, é apenas uma historieta de «ouvir contar», pela qual não me responsabilizo.
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E para terminar um breve olhar sobre o edifício central da Biblioteca Muncipal, que tem polos em várias freguesias, um dos quais em Vila Nogueira de Azeitão, compartilhada com um pequeno museu dedicado a Sebastião da Gama. Se lá forem, nas proximidades encontram casas onde se vendem as deliciosas e célebres tortas de Azeitão, bem como outra doçaria regional. Para quem gostar de antiguidades e velharias, há pelo menos uma casa que as vende, frente à Fonte dos Pasmados, ou então a Feira das Velharias, mensal, no Largo da República onde se situa o antigo palácio dos Duques de Aveiro, que também foram proscritos pelo Marquês de Pombal e Conde de Oeiras.
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A Feira de Velharias de Azeitão realiza-se no segundo Domingo do mês. A Feira de Velharias de Setúbal realiza-se no primeiro e terceiro Sábados de cada mês, na placa central da Avenida Luísa Todi, entre a Praça do Bocage e o Hotel Esperança. Um pouco mais para oriente, depois do Forum Luísa Todi e perto do Antigo Quartel do 11, há uma pastelaria onde encontram doçaria regional não aldrabada. Ao lado da Biblioteca fica o Museu Etnográfico e mais para oriente, pero da Porta de S.Sebastião ou entrando na cerca velha pela Porta do Sol e subindo até à Porta de S. Sebastião, encontram o Museu do Trabalho Michel Giacometti, instalado no casco de interior remodelado do que foi a antiga fábrica Periennes de conserva de peixe. Aqui há uns largos anos ainda visitei as quatro únicas que funcionavam, mas hoje estão todas encerradas e em acelerado processo de ruína. Em descendo para o Quebedo, no primeiro andar da antiga Casa do Espírito Santo e junto à Igreja de Santa Maria (Sé Catedral), encontram o Museu do Barroco. Ainda existe o Museu da Cidade/Convento de Jesus, uma jóia do manuelino inicial, que se encontra ancerrado para obras de recuperação que se vão arraastando desde o século passado. Mas é visitável a bela Galeria dos Primitivos, num barracão (antiga enfermaria) que subsiste do tempo em que o Convento era hospital. A Igreja de Jesus, onde já não se celebra o culto, também está aberta e visitável.
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SOBRE A BIBLIOTECA MUNICIPAL de SETÚBAL
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Localizada na Av. Luísa Todi, é um local ao qual vale a pena visitar pelo seu espólio de documentos escritos gerais e locais, audio-visuais e até mesmo pelas várias actividades que aí decorrem regularmente no Sala Polivalente e que merecem ser assistidas.
Localizada na Av. Luísa Todi, é um local ao qual vale a pena visitar pelo seu espólio de documentos escritos gerais e locais, audio-visuais e até mesmo pelas várias actividades que aí decorrem regularmente no Sala Polivalente e que merecem ser assistidas.
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As instalações que a Biblioteca Municipal de Setúbal actualmente ocupa, remontam ao século XVIII. É pois um palacete cuja parede frontal aproveitou a muralha da cerca medieval. O edifício albergou durante largos anos serviços alfandegários numa rua lateral: Rua da Velha Alfândega - e, ainda hoje mesmo depois da sua reconstrução se pode lêr a seguinte inscrição, num quadro de madeira, localizado no "hall" da entrada:
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"Reinando em Portugal D. Maria II, sendo Ministro da Fazenda o Conde do Tojal, director da Alfândega, João Ignácio da Cruz Forte, se reedificou esta caza fiscal no anno de 1845"
"Reinando em Portugal D. Maria II, sendo Ministro da Fazenda o Conde do Tojal, director da Alfândega, João Ignácio da Cruz Forte, se reedificou esta caza fiscal no anno de 1845"
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Nesta Biblioteca funcionam seis sectores: Sector da Entrada (posto de referência e catálogo); Sector Infanto Juvenil (empréstimo e consulta local bem como sala de conto); Sector de Animação (sala polivalente); Sector Adulto (empréstimo, referência e consulta local, publicação de periódicos, serviço de informática); Sector Audio Visual (950 documentos audio-visuais e 10 lugares sentados); Sector de Serviços Internos (hemeroteca, unidade de serviços técnicos; apoio administrativo; gestão e reuniões).
Nesta Biblioteca funcionam seis sectores: Sector da Entrada (posto de referência e catálogo); Sector Infanto Juvenil (empréstimo e consulta local bem como sala de conto); Sector de Animação (sala polivalente); Sector Adulto (empréstimo, referência e consulta local, publicação de periódicos, serviço de informática); Sector Audio Visual (950 documentos audio-visuais e 10 lugares sentados); Sector de Serviços Internos (hemeroteca, unidade de serviços técnicos; apoio administrativo; gestão e reuniões).
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Av. Luísa Todi, 1882904-519 Setúbal Telef: 265 537 240 Fax: 265 234 793
Av. Luísa Todi, 1882904-519 Setúbal Telef: 265 537 240 Fax: 265 234 793
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Se quiserem saber um pouco mais de Setúbal visitem este site de aspecto arrumadinho, atractivo e agradável:
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A mesma toada, a mesma mofa, o mesmo sarcasmo e lá vamos continuando a saber estórias!
ResponderEliminarBj Victor e bom dia
Maria Mamede
Passei por aqui, para ler coisas interessantes e deixar um beijinho.
ResponderEliminarOlá Victor, boa noite!
ResponderEliminarGostei muito e saber destas coisas que não conheço, bem como destes locais; quem sabe um dia os possa visitar!
E como sou curiosa, sabem-me bem as estórias !
Obrigada.
Bj
Maria Mamede