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Uma história vou contar
Bem no meio da tradição
Do Carapeto a desenhar
Com raspadeira na mão.
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Se não há bem que sempre dure,
Nem há mal que se não acabe,
P'ra que a produção perdure
É preciso cantar: milagre!
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A Manuela bem aperta
Com uma ideia na razão
A ver se o Abel desperta
Mas não há bela sem senão.
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Devagarinho, com remanso
Aquela porta desenhada
Dia após dia, sem descanso
P'ro estirador não ser maçada!
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Há quem seja fã da águia
(E dos leões outros serão)
Então onde buscar a lábia
Para não ir na confusão!?
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Pois quem risca é desenhador,
Projectando, é projectista,
Por onde está o valor
De quem trabalha ser artista?
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Para tanto desenho riscado
Bem pequeno é o salário
De quem é mal estimulado
Seja ou não um bom operário!
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E vai-se andando devagar
Onde o timoneiro nos pôs,
O cantador com mau cantar
Pelo patrão que o descompôs.
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1996.06.06
Setúbal
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NOTA - O Carapeto é um desenhador projectista competente, estudioso, mas com um ritmo próprio de trabalho, enquanto a Manuela, arquitecta, responsável pelo projecto da biblioteca, queria que ele desenhasse mais depressa. Mas o projecto estava sempre a sofrer alterações por ordem superior e lá tinha o desenhador que «raspar» o vegetal e fazer novo «risco» (desenho). O cantor sou eu, que na altura tinha sido colocado na prateleira por razões que nada tinham a ver com o meu profissionalismo e sentido das responsabilidades.
Talvez por inépcia minha não conseguia comentar no Kant_O_XimPi. Vim aqui para escrever isso, descobri novo "post", voltei ao Kant_O_XimPi e parece que já conseguiria comentar, mas já estou com muito sono. Estou absolutamente esmagada com a tua capacidade de fazer "posts" (já dizia no birthdate, penso que era inteligência super ou sobre-humana :). Gostei muito do que li e vi nos teus quatros blogues.
ResponderEliminarUm beijinho e uma boa semana.
Olá Victor, bom dia!
ResponderEliminarCom isto tudo, vou aprendendo a conhecer a dimensão dos teus dotes...
A Mofa, tão ao jeito popular acho que se instalou desde sempre e o Povo (pelo menos o nosso) tanto quanto me parece, sempre teve engenho no "escárnio" (para dar e vender), mais suave ou menos suave, conforme a ciscunstância e os intervenientes.
Acho muita piada, nestes casos, ao assunto tratado e ao modo como se faz, evidentemente, desde que não seja demasiado contundente!
Bj
Maria Mamede
Pasmai, senhores, o Nogueira
ResponderEliminarÉ poeta dos pés à cabeça
Quer queira, quer não queira
Rima certo, não tropeça.
Ó Victor toma cuidado
Podes ser de novo tramado…
Bibliotecas aos milhares
Por este pobre Portugal
E escolheste pra malhares
A da Câmara Municipal.
Ó Victor toma maneiras
Cuidado com as prateleiras
Deixo aqui um comentário
Tão isento quanto quero
Sem ouvir o Comissário
Vou levar porrada, espero.
Porque a tua versalhada
Foi feita à ponta da espada!