terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Rimanceiro do Conde Niño (3)

Trovas do Conde Niño


Na Fonte do Passarinho
Vive uma rara donzela,
Princesa do Conde Niño,
Cavaleiro de Castela.

Guardada pelo escudeiro,
Jovem belo, donairoso,
Era fiel mensageiro,
Confidente precioso.

Mora no cimo do monte,
Ninho d'águia, um castelo,
Sem linha no horizonte;
Um jardim sem paralelo.

Assim pensava o visconde,
Cavalgando no caminho
Em busca daquela Fonte,
De seu coração o ninho.

Cavalgava noite e dia,
Em busca do céu d'anil,
Não parava nem comia,
Mui garboso, mui gentil.

Era negro o seu corcel,
E d'espantar o seu canto,
Bem florido, um vergel,
Renascendo sem quebranto:

"Ai senhora da minha alma
Ninho do meu coração
Ai sois rosa doce e calma
Calmosa, sem aflição."

Calmoso, sem aflição,
Trovejava o conde Niño
Com tremido vozeirão,
Frágil, terno passarinho.

Frágil, terno passarinho,
Ai, quem diria, varão.
Caminhava p'lo caminho
Calmoso, com afeição!

Setúbal, 1993.07.20
Victor Nogueira

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)