segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Deambulando pelos arredores de Lisboa - Cascais, Sintra e Agualva-Cacém

* Victor Nogueira

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Cascais

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Situa-se numa baia amena. A Câmara, com frontaria de azulejos, situa se numa largo pedonal, calcetada, onde... passam carros.. A Cidadela é uma fortificação imponente, numa praça ajardinada e arborizada. Perto, o Museu Biblioteca dos Condes de Castro Guimarães, no Parque da Gandarinha, com aprazível jardim e praia privativa. Dá na vista a fachada azulejada do edifício onde estão instalados os Paços do Concelho e que foi residência do Conde da Guarda. Nos arredores, na Estrada do Guincho, praia de dunas donde se avista ao longe a serra de Sintra, situa se a Boca do Inferno, arriba rochosa e cavernosa onde o mar bate com violência, onde se realiza uma feira ao longo da estrada. (Notas de Viagem, 1997)

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NOTA - Voltei depois muitas vezes a Cascais, uma vila cujo centro histórico está completamente descaracterizado. Havia, não sei se ainda existe, numa rua pedonal, uma livraria de hoje no r/c e montes de alfarrábios na cave e em expositores no passeio. O dono, simpático, tinha um ar muito british e eu já quase que fazia parte da prata da casa devido às minhas aquisições bibliográficas, algumas delas autografadas por autores conhecidos e relativamente célebres. Só me lembro de duas très edições: Branquinho da Fonseca, Bernardo Santareno e Carlos Selvagem. Aos anos que não voltei a Cascais, onde também ia a uma feira do livro, pequena, no jardim à beira da Caixa Geral de Depósitos e onde paravam as carruagens puxadas a cavalo e o mini-combóio, para turista passear.
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É uma terra com muita actividade cultural, como provam os seus inúmeros museus e salas de exposições, uma delas no edifício recuperado dum antigo convento, onde uma vez salvo erro se realizou uma exposição com desenhos eróticos de Picasso, num aprazível jardim, onde também existe um dedicado salvo erro às campanhas oceanográficas do rei D. Carlos I.
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Nunca apreciei muito a Boca do Inferno nem a Praia do Guincho, esta muito ventosa e desabrigada. (2008.02.25)
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Sintra

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Uff! Que calor! .Até parece o Abril em Luanda! Hoje a temperatura baixou um pouco mais, em relação aos dias anteriores. Mas mesmo assim... O ar está seco e quente; sinto-me pegajoso, indisposto. Calor, só calor; nem uma leve brisa para refrescar; quando corre não é senão um bafo quente. As engrenagens cerebrais estão emperradas, o raciocínio faz-se ao retardador! A casa é um forno, a rua um inferno. Nem sequer tenho tido coragem de ir à praia, não obstante a sedução dum mergulho infindável nas águas do oceano, melhor, do Tejo. Ontem fui com o Manel até Sintra. A viagem de comboio, na ida e na volta, foi um suplício. Mas lá, meu Deus, que paraíso! Um parque aprazível, o rumorejar da brisa por entre as ramagens, a quietude, o sossego! Por lá ficamos largos momentos, eu com a "História da Música Europeia", O Manel com "O Pequeno Lorde" (NSF - 1968.07.24)

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Sintra estende se por além abaixo, casario emergindo do meio do arvoredo ou dos campos verdejantes e ensombrados pelo dia cinzento e chuvoso. Lá ao fundo as montanhas e na mão esquerda uma sandes de queijo e presunto. Daqui a pouco seguiremos até à Boca do Inferno, perto de Cascais. Aqui atrás de mim duas velhotas filosofam sobre as misérias dos católicos (parecem me beatas e quando entrámos [no café à beira da estrada] estava uma desabafando: "o que nós fomos e ao que chegámos! " (...) O comboio de Sintra desliza lentamente lá em baixo no vale. A sandes de presunto e queijo estava saborosa. (1974.01.02)

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Duas feiras têm renome. Uma é a Feira de S. Pedro de Sintra (2º e 4º domingo de cada mês), com mais de dois séculos de idade, instituída para satisfazer semestralmente as necessidades das populações da região, muito afastadas de Lisboa e sem facilidade de transportes. Trata se duma feira eclética, onde se vende um pouco de tudo, desde vestuário a produtos hortícolas e fruta até ao pão saloio, passando pelos alfarrabistas, antiquários e coleccionismo. Outra é a Feira das trouxas, na Malveira, quase diária, onde se vendem roupas bem como artigos domésticos e alimentares. (Notas de Viagem, 1997)

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NOTA - Tal como em Cascais também há carruagens puxadas a cavalo para turista andar. De Sintra apenas gostei de encontrar no Museu dos Brinquedos muitos daqueles que tive na minha infância, a maioria deles que se estragaram e outros por lá ficaram com o regresso dos meus pais antes da independência de Angola. Brinquedos, livros e banda desenhada, tudo o que era meu o meu pai lá deixou, talvez devido à nossa já velha animosidade política, de décadas.

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O Palácio da Pena é muito «rocócó» para o meu gosto e não me lembro de ter visitado o Palácio da Vila, um autêntico labirinto de acréscimos díspares.

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Sintra tem subidas demasiadas para o meu gosto, para não falar no trânsito, ruído e confusão. Ah! mas umas vez meti-me lá por umas ruelas acima, na encosta para o Castelo, ruelas que pouca gente deve visitar e gostei dessa parte. Velharias, monos e calhaus, como dizia a minha filha quando adolescente, resmungando mal-humorada e carrancuda, nas nossas deambulações por Portugal, que adorava quando mais nova. Mas ela agora já me reconheceu por sua livre iniciativa que deve muito a mim devido às minhas deambulações turísticas e visitas a exposições e museus, embora eu esteja no tempo de «pasmaceira» em que «parei» vai para uns cinco anos. (2008.02.25)

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Queluz, Amadora e Cacém


Um desvio na autoestrada, um largo desafogado. Frente a frente uma igreja e o barroco Palácio de Queluz, estilo rocaille, com o seu jardim e salas sumptuosas.


Esta é uma povoação que ainda não parece uma incaracterística selva de betão em múltiplos andares como sucede no Cacém ou na Amadora, povoações parecidas umas com as outras, que não distinguiremos se formos largados de olhos vendados no meio delas. Uma ou outra casita mais antiga é o que resta dos povoados primitivos.


No Cacém uma casa portuguesa que fazia parte duma quinta em ruínas ostenta múltiplos e variados painéis de azulejos, o que aliás predominam na rua onde se situa, testemunho de esplendores passados.


Face à agressiva selva clandestina de betão em que se transformaram Agualva-Cacém e Amadora, ninguém diria que foram terras de bons ares e de quintas aprazíveis onde durante séculos os lisboetas descansavam em veraneio. (Notas de Viagem, 1997)

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2 comentários:

  1. Acabei agora de ler o que tinha começado e posso agora dizer-te que gostei muito.
    Gosto do que escreves, não gosto da "pasmaceira". Sai disso e por favor continua a esccrever.
    Bj
    Maria

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)