sexta-feira, 21 de março de 2008

Setúbal pelo olhar de João Castelo Branco


08 Março 2008

As minhas fotos preferidas

Vela no rio

Foto obtida em 10 de Julho de 1969, no rio Sado.

18 Março 2007

A vivenda de Bernardo Santos

É uma pena que a moradia mandada construir no início da século passado, junto da Avenida 5 de Outubro, bem próximo daquilo que já foi o antigo Matadouro, mais tarde a "Garagem dos Belos" e onde, actualmente, se instalou a Estação da Rodoviária Nacional, esteja naquele estado de degradação!

Situada no gaveto nascente/sul que a rua Alferes Pinto Vidigal faz com a Avenida Dr.Manuel de Arriaga, a "vivenda" apenas espera que um sopro mais forte do vento a faça ruir... destruindo também alguns painéis de azulejo que lhe forram as suas fachadas norte e nascente.

Não sei se terão algum valor artístico... Nem sei sequer quem teria sido o seu autor. Deixaria essa questão para os entendidos da História e da Arte... que a Câmara Municipal de Setúbal, ou o próprio Museu da Cidade, poderiam muito bem convidar para executar um breve estudo.

Há uns anos atrás, num dos frequentes almoços que fazíamos com o bom Amigo Dr. José Soveral Rodrigues, ouvi dele um pouco da história daquela casa e daqueles azulejos. Foi numa altura em que ainda não era tão visível o seu estado de degradação a que a vivenda chegou....

As fotos que apresento foram obtidas há uma semana, no dia 11 de Março e mostram bem o estado de degradação a que os painéis e a própria casa chegaram...



Oh! Meus Amigos... Salvem, ao menos, os painéis!...

Bernardo Santos foi proprietário desta vivenda e foi ele quem mandou executar os painéis de azulejos que ainda ali se encontram embora já muito maltratados.

Tinha uma filha, de nome Rogélia, que mais tarde tomou o nome de Bandeira por ter contraído matrimónio com Gonçalo Bandeira que foi neto do Visconde de Montalvo de quem já aqui falámos.

D.Rogélia Bandeira é uma das figuras que se encontram representadas nos painéis da vivenda agora em ruínas.


Rogélia Bandeira.

Bernardo dos Santos também ali figura noutro painel, tal como uma outra jovem, quem sabe se irmã de Rogélia, lá se encontra retratada.

Bernardo Santos



Outra filha de Bernardo Santos?
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Há painéis que representam motivos ligados à pesca...


Regresso da pesca.


Traineira

Um outro ainda, virado a norte, está situado ao cimo de uma pequena escadaria de acesso ao rés do chão elevado; representa um cavaleiro, trajando uma indumentária à século 19, junto aos portões de um solar e tendo um cão por companhia.


Painel voltado a norte, junto à porta principal

.No cunhal da casa, entra as duas fachadas principais, um apontamento religioso: uma Madona com o Menino ao colo.

16 Março 2007

Setúbal de outros tempos...

Esta é uma fotografia obtida em 15 de Junho de 1970, daquela que viria a denominar-se Avenida Afonso de Albuquerque.

Avenida Afonso de Albuquerque
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Do 3º andar do último dos edifícios situados à nossa direita, na actual Avenida Afonso de Albuquerque, foram tiradas as duas fotos que a seguir se mostram.
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1ª. Voltados para sul, para o rio, notamos lá ao fundo, ao centro, o início da construção dos primeiros edifícios da Praça Olga Morais Sarmento. Um pouco mais próximo de nós, do outro lado da Avenida, o primeiro bloco de casas da Av. Afonso de Albuquerque estavam a ser construídas pelo veterinário Dr. Rocha Santos.


Ligação da futura Av.Afonso de Albuquerque à futura Praça Olga Morais Sarmento

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2º. Olhando agora para norte, podemos ver, já nesta altura, a rotunda agora conhecida por Praça de Portugal. Já naquela época havia rotundas… O que ainda não havia era o acesso à Auto-Estrada que agora ali existe.

A futura Praça de Portugal
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Próximo do prédio onde foram obtidas estas fotos, podem ver-se algumas das muitas habitações miseráveis que havia por toda aquela área e que se estendiam até ao antigo Bairro Carmona, às Azinhagas do Mal Talhado e à Estrada de Santas
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Foto recente mostrando a evolução de toda aquela zona da Cidade de Setúbal

Dragagens no rio

A tubagem do Draga que "fez" a Setenave


Foto obtida no dia 25 de Maio de 1972
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A draga, que "construiu" a plataforma onde se edificou mais tarde a Setenave, iniciou os seus trabalhos uns dias depois de 25 de Maio de 1972, data em que esta foto foi tirada. Esta draga, pilotada por um jovem holandês que deixou "nome" e..."rasto" na cidade de Setúbal, fez um trabalho eficiente e relativamente rápido...
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Setúbal de outros tempos...

Construção em Aranguês

Foto obtida em 23 04 1973


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03 Fevereiro 2008

Carnaval de Setúbal... 2

Carnaval de 1969
Sábado, 15 de Fevereiro

O carro do Liceu com alguns figurantes antes de sair para o desfile

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Um outro grupo representava o "Tríptico de Luciano"

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Carnaval de 1970
3ªfeira, 10 de Fevereiro

O carro do Liceu representava um "forum" romano


Os "palhaços" da Casa Branca tiveram um aura fabulosa por essa altura.

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Foi neste "corso" de 1970 que se processou a maior vergonha do Carnaval de Setúbal. Os promotores do Corso passearam num carro, onde colocaram três jaulas, três pobres homens muito conhecidos naquela época em Setúbal e que eram alvo de actos pouco dignos de quem os praticava, actos esses atentórios da dignidade de cada um deles...

Ao centro, o célebre Kaly dos "patos da Mariana" (dois patos em cima da jaula) e à direita, um homem que "ambicionava" ser "Toureiro" e era conhecido por "El Niño". O terceiro era o Zé Maluco...


Para gáudio das multidões esqueceram-se os Direitos Humanos.

No edifício visível ao fundo, antes do Cine Teatro Luisa Todi e onde hoje funciona a Empresa Navigomes, funcionava então o Banco Nacional Ultramarino.

O Carnaval em Setúbal... 1

Um Corso bem molhado...
em 25 de Fevereiro de 1968
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O foguetão do Liceu... desfila na Avenida.

Mesmo assim, com um mau tempo "impossível" de aguentar, milhares de pessoas deslocaram-se à baixa da cidade para assistirem à passagem dos carros. Deve reparar-se que, lá ao fundo na faixa sul da Avenida, há uma mole imensa de gente curiosa... igual, ou maior do que aquela que vemos em primeiro plano e que se estendia ao longo de todo o percurso.


Outro carro alegórico desfila em frente do Hotel Esperança.

Vemos, a desaparecer à direita, o edifício do Cite Teatro Luisa Todi. O que não vemos ainda, porque não tinha sido ainda construído, é o edifício onde esteve instalado durante muitos anos, o Banco Nacional Ultramarino... Os parques de estacionamento é que já então estavam construídos mas, neste dia, completamente desocupados.


Um carro com uma enorme Ostra e com algumas "pérolas" lá dentro era puxado por um pequeno tractor agrícola...

Ainda não tinha sido arranjado o piso da placa central da Avenida Todi com a "calçada à portuguesa" que lhe conhecemos agora. Notam-se perfeitamenta as "poças de água", autênticos testemunhos da "borrasca" que, horas antes, se havia abatido sobre a cidade.

Será que as obras deste "pífio" Programa Polis que está agora em execução irá manter aquelas "pedrinhas" que hoje já fazem parte da nossa Memória??!!...

E este ano, haverá Corso?!...

27 Janeiro 2008

Setúbal de outros tempos...

O início da Urbissado

Construção dos primeiros prédios junta da estrada da Baixa de Palmela
Foto obtida em 2 de Dezembro de 1973

13 Janeiro 2008

O progresso de Setúbal...

Os Estaleiros da Setenave
em 08 de Agosto de 1972

Ao fundo, a draga que "fez" o aterro onde se construiu a Setenave.

23 Novembro 2007

Habitação Social em Setúbal...

Estávamos em 1970...

A Habitação Social crescia em vários pontos da cidade e, com custos irrisórios, os beneficiários viam melhoradas as suas condições de vida.

Vem a propósito relembrar, a partir de uma publicação dos Serviços Culturais da Câmara Municipal de Setúbal, editada em 19 de Setembro de 1970, as preocupações do Município no que respeita a "O problema Habitacional de Setúbal" e à construção de Habitação Social.

(...)
"... A Câmara mobilizou todos os terrenos que lhe pertenciam e iniciou uma política de aquisição de vastas zonas, na periferia da cidade, onde os custos não fossem muito elevados.
E como não era possível construir directamente, por falta de meios materiais, resolveu enveredar pelos seguintes caminhos:

1. Cedência de terrenos à Federação das Caixas de Previdência, Junta Central das Casas dos Pescadores e a todas as Instituições dispostas a construir bairros de rendas económicas;

2. Venda directa, maciça, com dispensa de hasta pública, a todos que pudessem beneficiar da Lei Nº2092 e Dec.Lei Nº44645, de lotes com projectos aprovados, tanto para moradias unifamiliares como para prédios em propriedade horizontal;

3. Facilitar a iniciativa particular, promovendo a rápida execução de estudos de urbanização, alargando a área urbanizada e apreciando os respectivos projectos sem a menor demora;

4. Construção de casas pré-fabricadas, para alojamento imediato de famílias deslocadas por obras de urbanização.
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E não há dúvida, que em cinco anos muito se conseguiu com a orientação adoptada."

Quanto ao nº1, os resultados são francamente animadores.

Centro Residencial Marcelo Caetano (1ªfase)

" A Câmara cedeu mais de 5 hectares de terreno, magnificamente enquadrado, onde foi construído um bairro com 391 fogos e 6 estabelecimentos comerciais (1ªfase do Centro Residencial Marcelo Caetano, inaugurado em 19 de Setembro de 1970)

Para a construção da 2ªfase deste Centro Residencial, a Cãmara apresentou já outro terreno com cerca de 5 hectares onde vão ser construídos 410 fogos, cujo estudo está bastante adiantado."
Junta Central da Casa dos Pescadores
Bairro dos Pescadores
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Para construção nos terrenos anteriormente cedidos pela Câmara e onde se encontravam já edificados os 188 fogos do Bairro dos Pescadores, aguardava-se nesta altura (Setembro/1970) a adjudicação de mais 224 fogos que constituem a 2ªfase.

Quanto ao nº2 (venda directa a quem pudesse beneficiar da Lei nº2092 e Dec.Lei nº44645) verificava-se que "havia suscitado o maior interesse por parte dos beneficiários, pois tem a vantagem de proporcionar a obtenção de casa própria, o que representa para além da resolução de um problema de momento, a constituição de uma poupança."

1ª zona de Expansão do Casal das Figueiras - Autoconstrução
O Bairro Novo do Viso

Os terrenos eram vendidos em zonas devidamente enquadradas no Plano de Urbanização da cidade, a preços que variavam entre 3.000$00 (15 euros) e 16.000$00 (80 euros) por fogo [Atenção! Não era por metro quadrado!...], com projectos fornecidos pelos Serviços Técnicos da Câmara, preço este que é relativo ao terreno e parte da urbanização, sendo os custos das redes de água e electricidade suportado pelos proprietários das casas, em prestações que podiam ir até trinta e seis.

Ali mesmo em frente, o miserável bairro do Casal das Figueiras iniciava agora um processo difícil de reconversão... não sei se já terminado.
(Foto obtida em 3 de Junho de 1970).

.No outro extremo da cidade nascia um outro pólo residencial para famílias de parcos recursos, em tudo semelhante àquele que se desenvolveu no Viso. Estava lançado, a meio do ano de 1970, o Bairro do Peixe Frito e. um pouco mais tarde, um outro Bairro com as mesmas características, nascia, um pouco mais adiante, no sítio da Terroa.

O Bairro do Peixe Frito, em plena construção.


Era nos fins de semana que famílias inteiras construiam a sua futura vivenda


Nesta altura, estavam em construção 200 fogos no Peixe Frito...

...e na Terroa começavam as terraplenagens para mais 80 fogos

Construía-se também a Praça Olga Morais Sarmento com 80 fogos, muitos dos quais para residências comprada ao abrigo da lei nº2092 e Dec.Lei nº44645.

Praça Olga Morais Sarmento, apenas com a metade a nascente em construção.

. Um pouco mais à frente construiram-se alguns lotes do aglomerado urbano que foi conhecido por Fundação Salazar, com 200 fogos, alguns deles com frente para a actual Avenida Infante D.Henrique.

Futura Avenida Infante D. Henrique.

(Todas as fotos foram obtidas em Setembro de 1970)

07 Agosto 2007

Setúbal de outros tempos...

Antigas instalações da Sécil
A poluição ambiental...


Foto obtida em 10 de Julho de 1971
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03 Agosto 2007

Setúbal de outros tempos...

Viso e Castelo Velho

Foto obtida em 15 de Junho de 1970
O Bairro dos Pescadores (1ªfase) e Montalvão (em 1ºplano)


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27 Julho 2007

Setúbal de outros tempos...

A Cidade de Setúbal
desde a Avenida Daniel de Sousa à Estrada de Santas...
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Foto obtida em 22 de Fevereiro de 1985

24 Maio 2007

Uma exposição de Fotografias

Em 8 de Maio de 1969, numa quinta-feira, foi inaugurada, pelo Presidente da Câmara de Setúbal, Dr.Manuel José Constantino de Goes, uma Exposição de Fotografia levada a efeito no Ginásio do Liceu pelo Núcleo de Fotografia.

Estiveram representados os melhores fotógrafos amadores da Cidade, à frente dos quais os nomes dos consagrados Fernando Motrena e Joaquim Piedade sobressaíam.


Na 1ªpágina de "O Setubalense"

Já não estão connosco muitos destes nossos Amigos mas permanecem ainda fiéis aos prazeres desta vida terrena, os decanos Domingos Grão e José de Oliveira Pinho
Dos mais novos vejo, com alguma frequência, o António Luis Claro Correia que continua, tanto quanto sei, a "bater umas chapas"... agora, digitalmente!

Estiveram ainda presentes, os amadores fotográficos Alberto Paquete, o capitão Moreira Fernandes e o pai do António Luis, Saúl José Correia.

A foto que se representa esteve exposta na exposição e era um "ex-libris" do Mestre Fernando Motrena que, com ela, obteve alguns prémios internacionais, de entre os muitos que conquistou com outras fotografias. Só é pena que eu a tenha obtido a partir do jornal onde esta Exposição foi anunciada... Perdeu qualidades, como bem se pode verificar!...


Os nossos alunos da Secção de Fotografia esmeraram-se na organização desta Exposição tendo dado um certo brado o fundo musical que arranjaram para acompanhar a passagem dos diapositivos que acompanhou esta mostra fotográfica.

19 Abril 2007

Setúbal de outros tempos...

A Rua General Daniel de Sousa (prolongamente) antes da sua abertura à Avenida Luisa Todi.(foto de Américo Ribeiro)

Ao fundo, à direita, vê-se o acesso, ainda existente, à Fonte Nova. O edifício da Ford, que não se vê nesta foto, fica à nossa esquerda, logo a seguir ao automóvel branco em primeiro plano.


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16 Abril 2007

Um "Guia de Portugal"

De Raúl Proença (1924) e
Fundação Gulbenkian (1983)


O "Guia de Portugal", de Raúl Proença
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“Há-os para todos os gostos, dos Routards aos Vuittons, dos Michelins aos Wallpapers. Mas, para mim, quando viajo, o guia que levo sempre é outro. O meu Guia de Portugal está-se nas tintas para a sua letra minúscula, pouco se importa com o seu peso incomodativo e concede raríssimas fotografias, aliás sempre muito pouco nítidas.


Foto do Portal do Convento de Jesus
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Quanto a traduções para qualquer outra língua que não o português, bem podem procurá-las. O primeiro volume foi editado, imagine-se, em 1924.
(…)
No entanto, graças à Fundação, eles continuam inteiramente disponíveis para gáudio de quem os souber encontrar. Vale a pena, pois este é o melhor de todos os guias e aquele que mais nos ensina não apenas a olhar mas a saber ver Portugal.
(…)
Entre os seus colaboradores contam-se nomes como Raul Brandão, Aquilino Ribeiro, Jaime Cortesão, António Sérgio, Matos Sequeira, Teixeira de Pascoaes, Reynaldo dos Santos, José de Figueiredo, Raul Lino, Orlando Ribeiro, Francisco Keil do Amaral ou Sant"anna Dionísio. Mas o seu primeiro mentor foi mesmo Raul Proença e alguns dos seus textos são prosa de minuciosa originalidade e fulgurante poesia.”

Estas são palavras de Catarina Portas, na sua Coluna de Sábado, no Público, a que deu o título “Ler o céu”.

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Nos finais do ano lectivo de 1945-46, quando foi inaugurado o novo edifício do Liceu Nun’Álvares, em Castelo Branco, eu estava no primeiro ano do Curso liceal.

Instalações magníficas com aquecimento central a lenha, espaços ajardinados, pátios assombrosos, um ginásio enorme e bem apetrechado, anfiteatros, salas de música, cantinas, laboratórios de Química, de Física e de Ciências Naturais “dernier cri” e… uma Biblioteca memorável!

Acabara de tomar posse como Reitor, no início desse ano, o Dr. Sérvulo Correia (uma “fera”) que, em 1950, nos deixou para ir “tomar conta” dos alunos do Liceu Camões, então carentes de uma disciplina que não conheciam…

A disciplina era férrea e “jesuítica”… Andávamos todos na linha! Por vezes era um tanto exagerada toda aquela “ordem”. Mas ao fim de tantos anos sabemos melhor, agora, como foram eficazes aqueles anos de disciplina…

Quase não havia feriados… Os professores não faltavam… É claro que uma vez por outra havia um feriado! E nessa altura, a ordem dada aos Contínuos era conduzir os Alunos para a Biblioteca…

De início aquilo custou!... Mas como não havia qualquer alternativa para além das “aulas de substituição” (que já existiam naquela época!) desde que houvesse algum Professor disponível para as dar, os alunos entravam na biblioteca e, para passar o tempo, viam-se obrigados a pedir livros à D.Antónia, a contínua da Biblioteca, que tinha “pelo na venta” e não admitia quaisquer brincadeiras extra, para além da leitura na enorme sala da “sua” Biblioteca…

Tudo isto para dizer que foi por essa altura que me interessei pela obra original a que se refere Catarina Portas no seu artigo de sábado.

Tinham um aspecto antigo, uma boa impressão, letras de boa leitura, fotos e gráficos e mapas desdobráveis com as plantas das cidades de Portugal que eu só conhecia apenas por ouvir falar…

Algumas cidades eu passei a conhecer apenas pela leitura dos textos agradáveis e muito bem escritos que apresentavam e da análise das suas ruas e praças nas plantas desdobráveis que continham.

Os anos foram passando… Mas a recordação pelo gosto da leitura, em geral, que ganhei naquela Sala, e a memória que me ficou daquele velho Guia de Portugal, de Raul Proença, marcaram muito a minha vida.

Foi por isso que rejubilei quando, em Janeiro de 1983, a Fundação Gulbenkian anunciou a publicação do “texto integral que reproduz fielmente a 1ªedição publicada pela Biblioteca Nacional de Lisboa em 1924”

Exactamente com o mesmo aspecto saiu, em Fevereiro de 1983, uma edição de 7000 exemplares, em tudo semelhante ao original de Raul Proença.

E no decorrer dos anos seguintes, a Fundação Gulbenkian foi publicando todos os outros.

Tenho agora todos os volumes desta Obra que comecei a “consultar” quando tinha apenas 10 ou 11 anos… porque o Reitor, um “tirano”, nos mandava passar os feriados na Biblioteca do Liceu…

A planta de cidade de Setúbal, num desdobrável do Guia


30 Março 2007

O Clube Setubalense

"Dar incremento à Civilização!..."


O Clube Setubalense - Avenida Luisa Todi
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O Clube Setubalense já não é o Clube que eu conheci em tempos…

Não admira que muitos sócios como eu se tenham afastado do interior das suas paredes… sem nunca, no entanto, se alhearam daquilo que por lá de passa… As coisas passaram a ser feitas e realizadas para “prestígio pessoal”, por pessoas que passam a vida a gritar: “Estou aqui!… Estou aqui…”, que gostam de ver o nome em letras “gordas” nas notícias do jornal… O resto pouco lhes interessa…

Correríamos o risco de nos cansar se enumerássemos a série de “disparates” que têm sido cometidos ao nível da Direcção daquela Casa… Desde a tentativa de cobrança de um “ano de cotas”, coercivamente, através de um cobrador, a sócios que já as haviam pago, adiantadamente, há muito tempo… até à “transformação” da cozinha numa “casa de banho” que, durante 7 (sete) semanas manteve o “chuveiro” aberto com a queda contínua de água putrefacta do teto para baixo… Naquele local, o funcionário só se poderia deslocar de guarda-chuva aberto… Podemos imaginar as condições de higiene com que eram servidos os sócios quando utilizavam os serviços do balcão…

Não sei se já teriam começado as obras… mas já não seria sem tempo!...

Para culminar, dei agora conta de uma outra situação que me parece ser também de grande gravidade…

Porque tive a curiosidade de consultar os Estatutos, acedi ao “site” que o Clube Setubalense mantém na Net. E depois de saciada a minha curiosidade primária, percorri o “site” para me inteirar de algumas das realizações que por ali se têm levado a cabo.

Qual não é o meu espanto quando deparo com uma Página dedicada à Secção de Bridge, com notícias já um tanto “requentadas” referentes a 2004, anunciando os próximos torneios… até ao fim daquele ano.

A “página” termina com uma “Reportagem Fotográfica”, de um “artista” que assina com as iniciais LB e que mostra uma “mesa de pano verde” com quatro jogadores e dois “mirones” de pé.

A fotografia não tem legenda. Mas foi-lhe dado o título “X Festival Cidade de Setúbal 20/21 de Setembro de 2003. Reportagem Fotográfica: LB

Ora bem! Aquela fotografia mostra a qualquer pessoa ligada ao Clube Setubalense, por mais ignorante que ela seja, que todas as pessoas envolvidas naquela fotografia são todas elas por demais conhecidas naquela Casa, para que o Clube Setubalense as mantenha todas, vivas e a jogar numa mesa de bridge, na data que se sobrepõe àquela fotografia!!

Todas elas já faleceram… e apenas uma, o Eng. Catela das Neves vivia ainda àquela data!

O Milagre da Ressurreição deixou de ser apenas atribuído a Cristo e… a Lázaro!

Por obra e graça da Direcção do Clube Setubalense, outros nossos Amigos ressuscitaram… para se sentarem a uma mesa de um torneio, no Salão de Festas da Sede do Clube, no dia 20 ou 21 de Setembro de 2003!...

E não me digam que foi uma “gralha” tipográfica… como é hábito dizer-se em situações semelhantes… Aposto que o “artista” que assina a reportagem fotográfica até se “esqueceu” da data daquele torneio em que fotografou o Dr.Moreira e o Coronel Jacinto Frade… Uma falha na sua memória vai impedi-lo de localizar a data… e o negativo da foto que apresenta também não vai aparecer!!!... A gente “desculpa”! Os sócios do Clube são pessoas tolerantes e desculpam “gralhas” destas que acontecem a muito boa gente… e até à Direcção do Clube Setubalense que permite "situações" destas, dentro das suas "paredes" e no site oficial de uma casa centenária e respeitável!...
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Mas há "coisas" que não podem ser toleradas! Voltaremos ao assunto...

17 Fevereiro 2007

Cidade antiga - 1972

Uma vista Geral da Zona Ocidental de Setúbal

Em1972

Em frente do Liceu ainda era a Quinta do sr.Evaristo Anjo e atrás ainda não havia "arranha-céus"...

O Bairro do Liceu tinha só a Avenida Manito e as duas ruas paralelas: a Carlos Alves e a Jean Raymond.


Havia um "bocadinho" da Perestrelo da Conceição e um "bocadinho" da Sampaio e Melo...
Avenida de Angola... "nem viste-la"!... Mas a Escola do Ciclo Preparatório, muito mal nascido naquele "buraco", já devia estar quase pronto.


À roda disto, ainda não havia nada... Era o campo!... Ainda cheirava a flor de laranja... Como eram bonitas as quintas que havia nestas zonas da cidade! Os pinheiros mansos... Enormes!... Hoje há apenas uns cheirinhos aqui ao pé da Quinta de Vanicelos...

Setúbal de outros tempos...

A futura Praça de Portugal

Em 1972?


Ainda não há acesso à Auto Estrada para quem desce da "rotunda da vergonha" para a zona dos Quatro Caminhos. Nem Auto Estrada havia ainda...A antiga Estrada para o Alentejo está muito bem visível, tal como a Fábrica dos Panificadores a que me referi, numa "dica" em 29 de Janeiro...

Um pouco mais acima (mais a sul) a Praça Olga Morais Sarmento estava no seu início.

Não estava totalmente aberta a Avenida Afonso de Albuquerque que liga a Praça de Portugal à Praça Olga Morais Sarmento e não existia ainda a Avenida D.Manuel I que dela desce para o Rio.

São "só" 35 anos que nos separam desta fotografia aérea...


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06 Fevereiro 2007

O Edifício do Liceu 1949 - 1960

Este edifício do Liceu Nacional de Setúbal foi inaugurado em 30 da Abril de 1949.


Esta fotografia deve ter sido tirada em finais de 1948. Ainda não estava feito o muro exterior...

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...e a Avenida nem sequer ainda tinha um piso decente.

.As casas à esquerda, já não as conheci. Apenas me lembro da casa cor de rosa do Sr.Evaristo Anjo, dono da Quinta que ia até ao Rio da Figueira, e tinha uns belos laranjais.

Parece-me tratar-se já da vivenda do Dr.Fialho, a que se vê mais ao fundo envolvida por um aglomerado de árvores que deviam ser também laranjeiras.

Em primeiro plano, à esquerda, vê-se um muro que deve corresponder à cêrca da Escola Primária que um "erro estatístico" ali fez surgir...
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Pelo tamanho das árvores nesta foto do Liceu, presumo que deve ter sido obtida em 1959 ou mesmo um ano antes! Isto porque a foto da Avenida Manito que se mostra a seguir foi tirada já em Maio de 1960 e nela se vêem as mesmas árvores já um pouco mais crescidas...

A Avenida Manito em 1959

É curioso verificar como o lancil, que ali esteve colocado em tempos, acompanhava a frontaria da Escola Primária.Já naquela altura se modificavam os planos...


Um pouco mais abaixo e do outro lado da avenida, já existia o piso relvado do futuro Estádio do Vitória. Mas não havia ainda sido construído qualquer metro de bancada... Um renque de ciprestes situado ao longo da avenida, isolavam a via pública do campo de jogos, onde o Vitória só treinava quando tinha de deslocar-se aos poucos campos relvados que existiam então.

O Liceu e a Avenida Dr.António Rodrigues Manito
em 1 de Maio de 1960
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O local onde actualmente estão as quatro vivendas, a norte do edifício do Liceu, em frente da vivenda do Dr.Fialho, era ocupado por uma nora que, na altura, já estava entulhada e para nada servia... Ainda se vê, um pouco de perfil. o portão de acesso à propriedade do Dr.Manito Torres que ficava a nordeste do edifício do Liceu, nas imediações do local onde, mais tarde, foi erguida a ala norte que contem o Laboratório de Ciências Naturais e, mais recentemente, a Estufa do "Jardim Botânico"...

1
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02 Fevereiro 2007

Setúbal de outros tempos

O VW sai da Portela e sobe para a Tebaida

Av.Portela - Tebaida - Estrada dos Ciprestes,
Foto obtida em 15 de Junho de 1970


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Setúbal de outros tempos

Quem adivinha onde é isto?
O que é que agora está aqui?
Uma dica: à esquerda vê-se parte do edifício da panificação...


Setúbal, em 15 de Junho de 1970

28 Janeiro 2007

Arcos da Velha...

Setúbal, Vanicelos - 23 01 2007 - 07:55

Curvas concêntricas...

26 Janeiro 2007

Setúbal de outros tempos

Abertura da Avenida Miguel Bastos, actual Av.Bento Gonçalves

Em 15 de Junho de 1970
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35 anos depois... Olhem no que deu!...

Foto obtida em 24 de Janeiro de 2007

19 Janeiro 2007

Setúbal de outros tempos

A travessa da Alfandega
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Em 3 de Junho de 1970

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08 Janeiro 2007

Uma noite de luar

Fotografia obtida na noite de 4 de Abrl de 1980
com o Edifício de São Bernardo em destaque

Setúbal, 04.04.1980

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23 Novembro 2006

As Estátuas do Arlindo Rocha - 12.Jun.1971

Do jornal "Setubalense" :

"Foram hoje colocadas na fonte Luminosa, as três estátuas de decoração"

Aspecto geral do local onde decorreram os trabalhos

"Os srs. Drs. Manuel José Constantino de Goes e João José Matos respectivamente Presidente e Vice-Presidente da Câmara Municipal de Setúbal. bem como o Vereador sr.José Maria da Silva Belo e o sr.Manuel Batista Guerreiro Ataz, Vice-Presidente da Câmara de Palmela assistiram esta manhã à colocação de três estátuas na Fonte Luminosa."

Vendo a colocação das estátuas identificamos, da esquerda para a direita, as seguintes pessoas: Arquitecto José Luís Nascimento, Eng.António Augusto da Cruz, Manuel Guerreiro Ataz, Eduardo Fidalgo, Dr.Manuel José Constantino de Goes, Domingos Tavares Roque, jjmatos e Alberto Silva


"Trata-se de um magnífico trabalho do escultor Arlindo Rocha, do Porto, belamente executado pelo canteiro sr.Fernando Mendes Esteves, de Pero Pinheiro.
As estátuas representam a Terra, o Mar e a Poesia."

As Estátuas de Arlindo Rocha:

A Poesia

O Mar

A Terra
=
Arlindo Rocha, 1921 - 1999

Natural do Porto, formou-se em Escultura, no ESBAP, em 1945.

Em 1953, obteve uma bolsa do Instituto de Alta Cultura, para Itália e, em 1959, uma bolsa da BCG para o Egipto e a Grécia e visita os principais Museus da Europa.

Foi um dos membros do Grupo portuense "Independentes" (anos 40).


Foi premiado com uma medalha de prata na Exposição Universal de Bruxelas (1958), com o Prémio do Salão dos Novíssimos, de 1959.


Tem obras em espaços públicos - quartéis, escolas, palácios de justiça, jardins, etc., como por exemplo em Setúbal, Viseu e Porto.

Arlindo Rocha é considerado um pioneiro da escultura abstracta em Portugal, podendo considerar-se ao lado de Jorge Vieira e Fernando Fernandes no movimento que emancipou a escultura da sua vocaçãi estatuária. As peças "Mulher e Árvore", de 1948 e "Ciência", de 1961, esta de um abstraccionismo radical, são marcos fundamentais na escultura portuguesa do século passado.

A sua obra tendeu irremediavelmente para a geometrização absoluta. No entanto, nos últimos anos regressou a um figurativismo rígido, correspondendo a encomendas para locais públicos.

18 Novembro 2006

Um Soneto com 85 anos...

“Eu sei que fiz um Amigo...

Se fosse vivo,o Dr.José Soveral Rodrigues faria hoje 101 anos.



Dr.José Soveral Rodrigues


Como homenagem, e comemorando o seu aniversário, deixo aqui esta Evocação que o Dr.Soveral Rodrigues fez durante um almoço, na Lagoínha, em 14 de Março de 1996, sobre factos ocorridos na sua Juventude.


Branca Rosalina Cordeiro, filha de Francisco Cordeiro (Professor de Geografia e Ex-Director interino da Escola Municipal Secundária), era em 1920, uma menina de 17 anos que frequentava, com muita galhardia, a primeira e única turma do 7ºano do Liceu de Setúbal.

Era a melhor aluna do seu ano... a única que, naquele longínquo ano, conseguiria atingir a magnífica média de 14 valores!

O Zé Soveral teria 17 anos por essa altura e era um dos seis rapazes daquele pequeno grupo de finalistas...

Um dia, quem sabe se movida por uma onda de juvenil ternura, a Branca Rosalina fez um Soneto que ofereceu ao então jovem José do Soveral Rodrigues.


O Soneto


Oh! Quem me dera ser gentil criança,
Assim tão sedutora... uma alvorada...
Na minha idade, a vida mata e cansa
Buscando o bem...e nunca achando nada...

Ser pequenina, alegre e inocente
O ideal da minha triste vida
Que tem sido amarga, tão diferente
Sem amor, sem um beijo, entristecida...

Vejo-me agora cheia de alegria
Junto de alguém, e tanto lhe queria...
Com quanto amor batia o coraçäo

Mas tudo é sonho... Pudesse eu fitar
Suave e tristemente o teu olhar
E murmurar baixinho... Meu irmão...

É lindo este Soneto saído do coração de uma jovem apaixonada... mas foi muito bonito também, e enternecedor, ouvir um "jovem com 90 anos" retirar, aos poucos, do fundo da sua memória, estas palavras em verso que, um dia, já lá iam setenta cinco anos, uma menina enamorada lhe fez chegar ao fundo do coração...





Esta fotografia, tirada em 1922, mostra um grupo de alunos onde sobressaiem a jovem poetiza Branca Cordeiro, à esquerda em primeiro plano, o José Soveral Rodrigues, ao centro recuado, à direita do Professor que é o Dr. Cipriano Mendes Dordio que chegou a ser Vice Reitor em 1947 e Reitor do Liceu Nacional de Setúbal em 1919 e 1950. A figura feminina que se mostra à direita deve ser a aluna Isabel Leonarda Marques que foi a Directora Técnica da Farmácia Marques, na rua Arronches Junqueiro, até à data do seu falecimento ocorrido há alguns anos atrás.


11 Outubro 2006

Blog criado em 10 de Outubro de 2006

Este blog foi criado no dia 10 de Outubro de 2006, por ideia surgida na Sala dos Professores do Liceu de Setúbal, na manhã desta minha segunda 3ªfeira do ano lectivo de 2006-07, a partir das "facilidades" que me foram mostradas pelas colegas Teresa Loução e Dulce Leão, ambas já detentoras dos seus respectivos blogs.


Neste momento aprendo a introduzir fotografias do meu arquivo particular e só depois poderei dar um melhor andamento a este projecto.
2006.10.10 - 11:30

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Memória antiga e recente

Memoria recente e antiga

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4 comentários:

  1. A casa de Bernardo Santos tem a mesma arquuitetura da de Ribeiro de Carvalho. Parece-me uma arquitetura romântica, certamente existente na época. As duas, longe uma da outra são semelhantes.
    Bj
    Maria

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  2. Falou-se na casa em ruinas de Bernardo Santos e já agora gostaria de adquirir informação sobre o mirante que se encontra inserido numa quinta abandonada na Estrada dos Ciprestes

    Ana

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  3. Dr. Soveral Rodrigues...um Senhor!
    Cheio de bom humor e sabedoria.

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  4. Excelente blog! Por acaso tem informações sobre a Tetra, quando começou a ser construida e a sua história, como fotografias? Uma biografia desse local...preciso imenso de informações, ate se me indicar algum local onde possa obter informações. Obrigado.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)