* Victor Nogueira
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Se isto é, pela tua parte, a expressão de compreensão, amizade, amor e desejo de paz, então, Capuchinho Vermelho, eu vou ali e já não volto.
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Como escrevi atrás, como amigo e apenas nesta qualidade posso tentar perceber e "desculpar" os teus ciúmes descabidos, os teus sentimentos possessivos, o teu mau relacionamento com os meus filhos, a tua "submissão" de mãe galinha para com os teus. Mas nem aos amigos e muito menos á minha companheira desculpo o cinismo, a mentira, a falsidade, o engano premeditado. Porque nada de sólido e perene se fundamenta no lodo destas atitudes.
.Ao contrário do que combinaras, não me telefonaste no dia seguinte, após o teu pretenso "regresso" de Leiria. Por um lado era natural que me falasses da tua "viagem" e por outro deixaste-me preocupado com o teu silêncio, porque foras viajar e com uma pessoa desconhecida e poderia ter acontecido algum precalço ou acidente. Mas entendi também que resolveras cortar comigo (1) e até admiti que te tivesse deixado numa casa e logo tivesses partido para outra. Um facto é certo: nunca procederia contigo como tu procedeste para comigo, porque apesar de tudo, Capuchinho Vermelho, não és para mim uma pessoa qualquer.
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1 - Como atrás disse, esta carta tem sido escrita ao escorrer do tempo e numa conversa entretanto havida confirmaste a primeira destas minhas suposições.
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As pessoas não devem ser possessivas. Cada um de nós tem as suas qualidades e os seus defeitos, que se ajustam ou não. Não podemos é pensar que cada um de nós preenche todas as expectativas e todos os requisitos. Uma panela de pressão sem válvula de segurança é potencialmente explosiva e destrutiva. Uma coisa é as pessoas compartilharem aquilo que é comum, outra é quererem "policiar" tudo, com exigências exclusivistas. Num casal, o exigível, para mim, é a lealdade, a verdade, a confiança, respeito e solidariedade mútuas, a cooperação. E além disso deve deixar-se a cada um a liberdade das suas recordações, da sua memória, dos seus (outros) afectos e simpatias. Há um tempo e um lugar para tudo e para todos na vida, que para mim tu tens matado ao longo destes anos, com os teus ciúmes descabidos, os teus destemperos, as tuas exigências de exclusivismo e posse, os teus "mistérios". Não "ando" com esta e com aquela! Não ando pois a saltitar entre ti e as outras ou "aproveitando" as ocasiões". Estou contigo e com mais ninguém enquanto estiver contigo e não te disser o contrário. Mas tu não entendes isto. Não concluas daí que eu sou o bom e tu a má da fita. O que sucede é que não nos temos ajustado e cada um de nós não tem correspondido ás expectativas que trazia em si relativamente ao outro
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ADENDA
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Toda a Série «Entre Adão e Eva» é puro romance inventado e qualquer semelhança com factos ou personagens reais é pura coincidência.
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Victor Nogueira
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)