sexta-feira, 24 de julho de 2009

Um dia a dia no antigamente, em Évora

Queridos pais

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Mais um domingo se passou. O tempo está muito instável: ora chove, ora faz sol, ora calor, ora frio. Agora está frio e o aquecedor ainda não conseguiu aquecer o salão. Gozamos os últimos dias nesta casa, pois no fim do mês mudamos para outra, perto da Praça do Giraldo. É uma casa velha mas que foi arranjada. Tem quatro assoalhadas (a mais pequena é do tamanho da maior desta onde estamos), cozinha, casa de banho, dois terraços. As assoalhadas não são todas ao mesmo nível, pelo que há escadinhas dumas para outras. A renda são 4 000 $ 00 mensais. É puxada, mas é melhor isso que estar aqui neste desterro nas condições de convivência que vocês sabem. Nada impede de entretanto irmos procurando outra casa mais em conta.

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Á tarde estive a pintar a cama de ferro e o lavatório com uma mistura de água, cal de pedreiro e soda cáustica, para retirar a tinta de modo a ser pintada de novo. Aquilo até fumegava e tenho a mão direita ardendo um pouco.

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O jardim (?!) está se transformando num matagal e numa estrumeira. Tirei as plantas que coloquei em vasos e latas. O cão vai se entretendo a destruir o resto. Mas é interessante o desabrochar e o florescer dos arbustos e árvores plantados no inverno, que pareciam completamente ressequidos! ...

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As acácias ainda estão na jarra mas já pedram o viço e o esplendor. Na nova casa não há quintal. É um 2º andar, mas como disse tem dois terraços, um ao pé da cozinha e outro por cima, no último piso. Vou fazer uns jardins suspensos, com vasos. Ah!Ah!Ah!

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O pai da Celeste já regressou a Santo Amador. Dizem lhe que ele não tem nada de preocupante.

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Breve mandarei as fotografias e os negativos.

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Um abraço amigo e saudades do VM

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Ora vivam, como vai essa vida?

A nossa decorre normalmente, uns pontapés de vez em quando, seguidos de um beijinho. O "Vitinho" [afinal naseu uma «Vitinha», a Susana] está a crescer de dia para dia. Teremos de fazer uma compras que são indispensáveis para a casa nova: o esquentador, o aspirador, etc.


Por hoje é tudo.

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Um abraço amigo para os três da C.

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Saudades á sra. D.Alice

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Évora, 1976.06.14

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)