terça-feira, 10 de novembro de 2009

Eu tive um sonho, entre muitos !

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* Victor Nogueira (texto e foto)
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Hoje o dia amanhece, frio e cheio de névoa e registo esta alvorada fotograficamente. Do alto da minha janela não se estende o mundo a seus pés, nem é noite, como se em terra estivesse um campo de estrelas cintilantes. Nem o céu está límpido, azul, brilhante e com flocos de algodão. Contudo o sol de «inverno» rompe a neblina, embora não espere qualquer D. Sebastião, que não tinha amadas e terá morrido armado em sonhos de loucura.
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Está pois um dia de neblina, como se esta torre onde moro estivesse no meio das nuvens, no  alto duma montanha ou a bordo dum avião espreitando pela vigia.
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Eu tive um sonho! Qual a novidade. Ter sonhos enquanto se dorme é normal, é sinal de vida embora  sono seja talvez como estar morto. Portanto, como é normal, eu tive (mais) um sonho, que desta feita não foi pesadelo. Acordo e tudo é névoa para lá da janela.
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Tenho relógios por toda a casa mas desde ontem só dois marcam a hora certa - o do computador e o de pulso. Ainda não me apeteceu acertar os outros todos.
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Mas as palavras são como as cerejas, atrás dumas outras aparecem, especialmente para quem seja malabarista do verbo bordejando a chama. E o verbo pode ser um rio (es)correndo para o mar, violento, escavando profundos desfiladeiros ou remansoso como se estivesse deslizando preguiçosamente em meandros, sem pressas, até à foz, seja esta um delta, um estuário ou um caninho! Se for o delta, era uma mais-valia, o travesti nas aulas de economia marxista na escola da Companhia no tempo da palavra vigiada, censurada, cortada ou aprisionada!
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Mas atalhemos.  O sonho de que me lembro não foi pesadelo mas a todo o enredo assisti como se nada me dissesse respeito. Nele se misturavam o passado e o presente e o presente era um holocausto nuclear. Com as pessoas procurando escapar ao maremoto que tudo varia e levava à sua frente, indiferente ao seu desespero. Das pessoas e não eu, pois eu era um mero espectador, registando indiferente o que à minha volta se passava. Ao maremoto sucedia-se a calmaria e a esta um novo maremoto, entremeado de clarões cintilantes como gigantescos gheiser. E no  meio disto tudo encontrei uma mulher com fiz amor (eufemísticamente falando)
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É paradoxal fazer-se amor com uma mulher em pleno fim do mundo, no meio dum cataclismo após o qual a vida deixaria de existir. Conta-senso ou esperança no renascer da Vida?
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A pergunta fica! A resposta, essa fica ao sabor de quem lê!
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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)