domingo, 25 de abril de 2010

Victor Nogueira e o 25 de Abril

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 * Victor Nogueira
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O nosso partido
é o futuro no presente construído
Na praça se demonstra
Na praça se vê
Na praça se ouve
Na praça se diz
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Abril é passado
presente o deserto
esperança o futuro
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fora dele....... deste nosso partido
sem vida é o presente
sem humanidade o futuro
vazios os campos
inóspita a cidade

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1982 | 1992
No comboio para o Barreiro
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De negro vermelho
Em campo aberto mal fechado
              pela paz em construção
              pelo pão que se não faz
               pela  liberdade sem caridade ...
Coisas           belas só de vê-las
         uma criança em contradança
         com imaginação no coração
         esperança e alegria
         pedra a pedra no dia-a-dia
         da cidade em democracia.
Não há criação         sem mim, diz o patrão
                     amigo da servidão
                     de porrete na mão !
Quem assola o sossego de quem teme o povo demente
                 seja ou não terra-tenente
                 com o zé  povão em baraço ?
Mas   poderá haver outra inspiração
                     poderá um homem dizer sim ou não
                     deixando de ser solidário
         com quem tem mau solário
quando lhe pesam a fome
                       a sede e
                       a opressão
              de quem não tem pão no meio da escuridão ?!


1991.06.25 | 1992.03.12|
Setúbal



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 ELEGIA POR UMA CERTA JUVENTUDE
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Eram jovens
..........passeando como fantasmas
com fatos talhados à medida duma roda sem destino.
 .
Sorriam
e o sorriso era
.................uma vereda para lado nenhum
.................uma vida de sonhos amortalhados.
 .
Eram jovens
de gestos calculados
...............com mil olhos e
.......................dez mil bocas em cadeia
 .
 E no entanto
 para lá deste horizonte cinzento
 debruado a cetim
 as gaivotas (não) eram águias inatingíveis!




1991.03.20
Setúbal





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DAS KAPITAL EO MANIFESTO COMUNISTA


Era um homem
Era um livro
bembelo
Era o livro com paredes de vidro
Era o Partido
Quando falavam ou agiam
não eram eles
era o Partdo
contido!
Foram Marx e Engels
Estaline após Lenine
Era o tempo da revolta
do fascismo e da guerra
Era o tempo da Revolução
o tempo escasso
de Abril em Maio
o tempo da alegria e do sonho
do mundo novo a construir.
A esperança era um canto na cidade aberta e
o futuro começava ali numa criança a sorrir
ao virar da esquina
ao alcance da nossa mão
O riso enchia a praça e tão leve o ar! ...
Era o tempo dos slogans
da liberdade da fraternidade da justiça e
da paz
Havia é certo
Maio de 68 e o conflito sino-soviético
o Chile e o Vietname
e o despertar das colónias sob novas cadeias
E também havia
a Universidade em 69
a Hungria e a Checoslováquia
a Polónia e o Afeganistão
E vieram alguns outros
Khruchev e BreJnev
e também Gorbatchev
Havia é certo, lá longe ...
as cortinas
de ferro ou de bambú
Havia barreiras e fronteiras
no tempo da escuridão
da luta pela unidade na Revolução
Havia paredes
de vidro transparente ou translúcido
frágil como o cristal ou
forte se aramado ou martelado
espelho na reflexão
Era um homem
Era um livro
E eles não sabiam
que era o tempo da Revolução.
E os homens ficaram
E os homens partiram
E eles não souberam
estender a sua mão
esquecidos da Revolução
na noite da reacção
E fecharam-se as portas
E cerraram-se as janelas
e eles dividiram-se na maré da inflexão
e não souberam camaradas
dar a sua mão
esquecendo que a revolução
começa com o nosso irmão
E levantaram paredões e lançaram ao chão
o camarada e amigo que tinha outra razão
porque tinham em si o que pretendiam
construir ou destruir
E falavam em coisas belas
falavam da liberdade da fraternidade
da justiça e da paz
para outra criação
Eram homens e mulheres
alguns assassinados
que não queriam a morte
nem a espoliação ou humilhação
e passavam
passavam sempre
azafamados ou com lentidão
simples ou cheios de razão
com as virtudes e defeitos
do lugar e tempo em que estão
Uns e Umas com delicadeza, como é óbvio
e outros com distracção ou brutidão
a franqueza do clarão na escuridão
esclarecido ou não
Era um homem
uma mulher
Era um livro
partido
porque não souberam vencer a solidão e
construir outra fabricação
Eram só homens
Eram só mulheres
Era só um livro
bimbelo
se não houvesse
em gestação
outra reflexão!

Até amanhã camarada ou não





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Ver textos de Victor Nogueira
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1974 - 25 de Abril a 28 de Setembro - Victor Nogueira
Em 25 de Abril de 1974 e outras memórias - texto e fotos de Victor Nogueira
O 25 de Abril - Os Prós e os Contras da Democracia - Victor Nogueira e outros
25 de Abril - Dia da Liberdade - Victor Nogueira e outros

No D'ali e d'Aqui
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No Ao (es)correr da pena e do olhar

No Kanto_XimPi
1974 - 25 de Abril a 28 de Setembro - Victor Nogueira
Em 25 de Abril de 1974 e outras memórias - texto e fotos de Victor Nogueira
O 25 de Abril - Os Prós e os Contras da Democracia - Victor Nogueira e outros
25 de Abril - Dia da Liberdade - Victor Nogueira e outrosUma sessão cultural em Évora - 1972 - Victor Nogueira 
 

Fotos de Victor Nogueira
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1 comentário:

  1. Dei com este blog, enquanto procurava na net fotos de Lisboa. Devo dizer, que adorei o blog. Vou colocar este blog nos meus blogs a seguir.

    Parabéns aos autores.

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Águas passadas não movem moinhos? Bem ... enquanto passaram podem ou não tê-los movido e assim ajudado ou não a produzir a farinha para o pão que alimenta o corpo sem o qual o espírito não existe. (Victor Nogueira)